Orinsuke - Capítulo 06: Um Novo Caminho

Orinsuke estava no meio de um bosque sombrio e nevoento. Olhava para todos os lados e não via ninguém. Estava assustado, com frio e perdido, até que avistou um objeto brilhando ao longe. Andou apressadamente em sua direção e o objeto foi tomando a forma de uma bela katana. A lâmina possuía um brilho límpido e em seu cabo havia algo pendurado, uma espécie de papel dobrado, amarrado num barbante.

Movido pela curiosidade, Orinsuke se aproximou e abriu o papel. Nele estava escrita uma pequena mensagem. Antes que pudesse compreender direito o significado daquelas palavras, ouviu uma voz no ar chamando pelo seu nome. Começou como um sussurro e logo em seguida ficou mais nítida.

- Sr. Onoke? - reconheceu de quem era a voz - Aqui, estou aqui - Orinsuke olhava para todos os lados mas não via ninguém. A névoa que permeava o ambiente dificultava a visão. O ar estava bastante frio e as árvores tinham um aspecto antigo e sombrio. Orinsuke foi avançando apressadamente bosque adentro, seguindo a voz do Sr. Onoke, preocupado em encontrá-lo logo.

A vegetação composta de plantas altas e emaranhados de raízes dificultava a caminhada, fazendo-o pensar várias vezes em retornar e pegar a espada para abrir caminho. Uma figura masculina, vestindo roupas de camponês, surgiu alguns metros à sua frente.

- Sr. Onoke, é você? Sou eu, Orinsuke - o garoto caminhou na direção do velho e ficou assustado ao ver que o mesmo estava muito diferente do normal, pálido e com um olhar distante.

- Orinsuke! Que bom que você veio. Venha, me ajude a sair daqui - O Sr. Onoke tentou caminhar mas fraquejou, quase caindo.

- Calma, Sr. Onoke - Orinsuke segurou o velho pelo braço para equilibrá-lo - Que lugar é este? Onde estamos?

- Não importa, só precisamos encontrar a saída. Vamos! Rápido! Eles estão chegando! - Sr. Onoke ficou apreensivo de repente, olhando para trás com expressão nervosa.

- Sr. Onoke, algum problema? Vamos, precisamos continuar.

- Não. Já é tarde demais. Eles estão aqui.

A névoa foi se dissipando aos poucos e dando maior visibilidade do terreno. Orinsuke percebeu vultos de pessoas que os observavam. Não dava para ver direito quem eram, pois pareciam sombras em meio a neblina, mas a medida que a visão se tornou um pouco melhor, Orinsuke viu que estava cercado por vários samurais. Estavam vestidos com armaduras e usavam máscaras.

Estranhamente não avançaram, ficaram apenas parados, observando, e Orinsuke não se sentia amedrontado, muito pelo contrário, se viu fascinado por aquelas figuras silenciosas. Começou a caminhar na direção dos samurais e um deles deu dois passos a frente, esticando a espada para ele, ofertando-a. A arma estava guardada numa bainha ornada com belíssimos entalhes. Resolveu se aproximar mais, para ver de perto aquela bela arma, mas uma voz o tirou do transe.

- Orinsuke, não me deixe aqui sozinho. Não os deixe seduzir. - disse o Sr. Onoke, chamando a atenção do garoto.

- Mas…são samurais. Eles não oferecem perigo.

- Não, eles não fazem isso - o Sr. Onoke cambaleou e levou a mão ao pescoço para conter jorros de sangue que saiam de um profundo corte. O velho perdeu as forças e caiu no chão.

- Sr. Onoke! Não! - Orinsuke saiu correndo e se ajoelhou ao lado do corpo pálido e trêmulo do velho. Segurou sua mão com força enquanto tentava impedir o sangramento abundante.

- Fique comigo, garoto. Não me deixe só nesta hora. Q..quem cuidará da propriedade? Q..quem..cuidará..d..de….mim? - Orinsuke começou a sentir a pele do Sr. Onoke ficar gelada.

- Não! Por favor, fique aqui! Vamos dar um jeito nesse ferimento! - Orinsuke viu quando o sangue formou uma enorme poça.

- Prometa que não irá com eles. Prometa que tudo será como antes - assim que falou essas palavras, o corpo do velho começou a fundar na poça de sangue. Orinsuke tentava impedir mas era inútil. Parecia que uma força o puxava para baixo até que afundou de vez.

- Sr. Onoke! - gritou desesperado.

- Prometa…

Foram as últimas palavras que escutou antes de despertar.

- Não! - Orinsuke gritou de novo, desta vez no mundo real. Percebeu que estava num pequeno quarto com paredes e piso de madeira, acomodado numa esteira coberta com um confortável cobertor. Uma janela na parede oposta deixava passar os raios solares, mas não chegava a iluminar o ponto onde estava sua cama. Sentou-se e imediatamente sentiu uma leve pontada de dor na lateral da testa. Levou a mão ao local e percebeu uma espécie de curativo.

- Parece melhor. Como foi a noite? - Orinsuke se assustou ao ouvir aquela voz masculina potente. Reconheceu a figura do samurai grandalhão que combatera o grupo de bandidos. Katayama era seu nome. Imaginou como alguém daquele tamanho poderia ser tão silencioso. Nem tinha percebido ele entrar no quarto.

- Estou bem, eu acho - respondeu Orinsuke. Apesar do incomodo na testa, se sentia realmente bem. Só não lembrava como tinha se ferido daquela forma.

- Ótimo. Agora me acompanhe, precisamos conversar.

- Espere um momento por favor, senhor. Que lugar é este? Onde está o Sr. Onoke? O que aconteceu?

- Você está numa hospedaria em Damari, sob nossos cuidados. O comboio de carroças em que estava foi atacado por assaltantes. Graças aos deuses já estávamos no encalço desse bando e conseguimos chegar a tempo de evitar o pior. Mas não sem luta, pois eles resistiram. No final todos foram salvos. Não se preocupe, seu avô está bem, apesar da perda de sangue.

- O Sr. Onoke é meu pai adotivo. Onde ele está? Eu preciso vê-lo. Não posso deixá-lo sozinho.

- Eu já disse para não se preocupar, garoto. Ele está acompanhado. Vamos, eles estão no andar de baixo - Katayama saiu andando pelo corredor estreito e Orinsuke o seguia logo atrás. A figura daquele guerreiro a sua frente o impressionava. Não só pela estatura, mas por tudo que os samurais representavam. Ouviu muitas histórias e lendas sobre os feitos impressionantes e batalhas épicas travadas por esses guerreiros habilidosos.

A hospedaria tinha dois andares e vários quartos. O Sr. Onoke estava num deles, acompanhado por Kiha. A mesma estava olhando pela janela para o lado de fora enquanto que o velho estava acomodado numa cama, aparentemente inconsciente.

Seu pescoço estava bastante enfaixado. Ver o tamanho daquele curativo fez Orinsuke relembrar o momento em que o líder dos assaltantes ameaçou o pai com uma lâmina afiada. Sua vontade era perguntar como estava se sentindo, se precisava de alguma coisa. Mas claramente, como disse Katayama, ele estava sendo bem cuidado e resolveu ficar em silêncio. Jamais teria como pagar por aqueles serviços. Os samurais estavam sendo muito generosos e isso só aumentou sua admiração por aquela dupla de guerreiros.

- A dor no local do ferimento atrapalhou seu descanso, mas finalmente conseguiu dormir. Tive que ministrar uma porção de erva do sono. Mas o pior já passou e agora é só aguardar o corpo responder. Ele é um ancião forte - disse Kiha.

- Muito obrigado à senhora e ao senhor. Somos camponeses humildes e não temos como retribuir - Orinsuke baixou a cabeça e não encarava os samurais.

- Não nos ofenda, garoto. Não fizemos isso esperando algo em troca - falou Katayama, que tinha sentado no chão com as pernas cruzadas.

- Desculpe senhor, não quis…

- O que ele quis dizer foi que isso tudo foi necessário para garantir a vida do seu pai --- interrompeu Kiha - Ele precisa de boas condições de repouso para refletir em paz sobre os fatos recentes.

- Antes da erva do sono fazer seu efeito natural – continuou Kiha - eu expliquei para seu pai que tínhamos encontrado algo que mudou totalmente o propósito de nossa missão. Na verdade algo que achávamos que jamais seria visto outra vez, perdido para sempre no passado. E esse algo é você.

- Eu? Não entendo - Orinsuke estava confuso. O que havia de especial nele? Ele, um pequeno garoto de uma vila distante e sem expressão.

- Você lembra exatamente do que aconteceu com você lá no bosque? - foi a vez de Katayama indagá-lo.

- Eu… eu não sei ao certo. Lembro apenas de ter visto o Sr. Onoke bastante ferido e de ficar com muito medo e depois muita raiva. Não sei, acho que fui agredido e desmaiei, pois não lembro do que ocorreu. Quando abri os olhos já estava no quarto com esse ferimento na cabeça. Me desculpe.

- Você desmaiou, sim - Kiha começou a explicar - mas não por causa de ferimentos. Você perdeu a consciência por pura exaustão. Sua mente não suportou a descarga de energia liberada. Isso aí na sua testa foi gerado quando desmaiou e bateu a cabeça.

- Descarga de energia? Como assim? Desculpe, senhora, eu não entendo do que está falando - Orinsuke procurava ser respeitoso com a samurai, mas sua cabeça estava cheia de indagações.

- Muito bem, Orinsuke, morador da aldeia de Kimoto --- continuou Kiha, com expressão mais séria - Eu salvei o velho Onoke, mas foi você que deu o golpe final que tirou a vida do líder dos bandidos. E isso só foi possível porque despertou uma Mahoujutsu considerada extinta a muitos anos. Essa técnica mágica chama-se Mahouki, e dá àquele que a possui a capacidade de se conectar com as formas vegetais. Acredito que a explosão de raiva que sentiu foi o estopim para a manifestação, e a intensidade com que foi liberada fez sua mente apagar, e você desmaiou.

Orinsuke estava com os olhos arregalados, surpreso com a revelação trazida por Kiha. Então tinha sido ele que matou o líder do bando de assaltantes, e ainda mais utilizando uma magia rara que mexe com as plantas. Jamais teria a intenção de tirar a vida de ninguém. Ou uma parte de si queria fazer o que fez?

Mas alguma coisa estava errada. Sempre soube, por histórias contadas na aldeia que somente os samurais conseguem utilizar essas mágicas especiais. Certa vez o Sr. Onoke tinha dito que já presenciou samurais realizando coisas incríveis e perigosas com a água e o fogo. Por isso dizia que era sempre bom manter distância dos samurais e suas contendas. Mas porque ele, logo ele, um simples garoto do campo, tinha acabado de manifestar essa tal de Mahouki?

Orinsuke ficou calado sem saber o que dizer, e só foi trazido à realidade quando Kiha voltou a falar.

- Há muito tempo houve uma guerra que envolveu a maioria dos clãs de Endo. Esse conflito deixou um rastro de mortes e destruição. Eu e o Katayama, como todos os jovens aprendizes naquela época, ficamos encarregados de proteger as crianças, os velhos e os doentes na aldeia-capital. Soubemos pouco do que aconteceu nas linhas de frente, mas o certo é que muitos samurais pereceram, inclusive clãs inteiros deixaram de existir.

- Clãs inteiros? - Orinsuke achou o fato bastante chocante.

- Sim. Mesmo depois do fim do conflito, esses clãs foram caçados pela aliança vencedora na guerra. E o motivo era um só: não permitir que suas técnicas, consideradas perigosas demais, continuassem existindo, pois seu poder era temido.

- O que é Mahoujutsu? - a medida que escutava a história contada por Kiha, a curiosidade de Orinsuke aguçava, afinal, estava tendo acesso a informações do mundo samurai. Percebia que Kiha não se furtava em falar a respeito para um garoto ignorante como ele.

- São as técnicas mágicas usadas pelos samurais. Se manifestam de muitos tipos e formas. Como havia dito, algumas ficaram marcadas pela sua raridade e poder. E por isso mesmo despertaram a inveja de muitos, a ponto de não permitirem que ninguém as possuísse. Assim, ficaram conhecidas na história como Mahoudame, as técnicas proibidas. Não sei a respeito de todas elas, mas segundo ouvi dizer eram sete ao todo, e a mahouki é uma delas.

Orinsuke tentava entender o que aquilo tudo significava. Nunca tinha ficado frente a frente com um samurai, muito menos conversado com um. E agora estava diante de Kiha e Katayama ouvindo histórias que nem de longe sonharia em saber. Sentia seu coração apertado.

- Confesso que estou confuso sobre tudo isso. Essa coisa dentro de mim se manifestou sozinha e eu acabei machucando uma pessoa seriamente. Tenho medo que isso se repita. Tenho medo de machucar as pessoas ao meu lado - Orinsuke disse essas palavras enquanto olhava para o Sr. Onoke, que ainda dormia calmamente.

- Só há um jeito de evitar que aconteça de novo - falou Kiha - Só um treinamento adequado fará você controlar melhor a mahouki.

- Treinamento? Como assim? - Orinsuke se encheu de temores. Por ele, pelo Sr. Onoke, pela vida que levavam juntos em Kimoto. Algo nas palavras de Kiha trouxe angústia ao seu coração, como se fosse posto no meio de uma encruzilhada.

- Muito bem garoto, chega de rodeios - disse Katayama, de maneira mais firme. - O que aconteceu com você foi algo que a maioria dos samurais não imaginava encontrar jamais. Você despertou uma técnica considerada perdida e isso acabou de trazer uma mudança, não só para você como também para o mundo samurai. Precisa vir conosco para a aldeia-capital.

- Ir com vocês? Mas e o Sr. Onoke? Ele depende de minha ajuda em sua propriedade. Não posso simplesmente sair assim, abandonando-o. O que ele pensaria de mim?

- Ele já sabe, Orinsuke. Eu conversei com ele antes de o colocar para adormecer - respondeu Kiha. Orinsuke a encarou surpreso. - Katayama tem razão. Não pode mais ficar aqui. A notícia a respeito do que aconteceu no bosque já deve ter se espalhado entre os aldeões. E você sabe, essas notícias correm longe e de forma rápida.

- Não me importo das pessoas saberem, contanto que eu possa voltar para minha aldeia sem mais problemas.

- Se ficar sozinho naquela aldeia distante, com essas notícias circulando por ai, você e o seu pai correm perigo. Lembra da história sobre os clãs que foram caçados no passado? Se alguém descobrir que uma mahoudame despertou no território Wanabi, não sei se os outros clãs ficariam inertes diante disso. Uma outra caçada poderia ser promovida, o que colocaria a segurança de todos nós em xeque. Sinto muito, mas a partir do momento que despertou esse poder, sua vida não é mais um problema seu.

Orinsuke fechou os olhos e baixou a cabeça ao ouvir as palavras de Kiha, e assim ficou por um tempo. Ele viu a preocupação na expressão da samurai, constatando a seriedade do momento. Estava vivendo uma situação surreal para um garoto camponês. Num momento estava se deslocando para uma simples feira livre, como tantas que já fora outras vezes, e agora recebia um convite, na verdade uma intimação, a deixar tudo para trás e seguir uma dupla de samurais para iniciar um treinamento, seja lá o que isso signifique.

Orinsuke lembrou das palavras do Sr. Onoke sobre a vida dos samurais, onde a dor, o sangue e a morte acompanhavam o caminho desses guerreiros. Mesmo assim, Orinsuke não deixava de ter uma admiração profunda por eles, e desde criança, nas brincadeiras despretensiosas ao lado de Godi, Han e Yume, nos bosques envolta de Kimoto, sonhava brandindo katanas e usando armaduras de batalha.

A incômoda sensação de estar no meio de uma encruzilhada veio mais uma vez à mente do garoto. Os deuses tinham colocado um grande desafio em seu caminho. Neste momento a lembrança do sonho que teve na última noite retornou com força, e a imagem da mensagem amarrada ao cabo da katana lhe veio à memória.

“O caminho da terra ou o caminho da espada.

O presente ou o futuro.

Chegou a hora da escolha.

Seja qual for, o destino a seguirá”

No momento que viu a mensagem no sonho, Orinsuke teve dificuldade de entendê-la. Mas agora, depois de tudo que lhe fora dito por Kiha e Katayama, reconhecia maior clareza de raciocínio. Ou seria de sentimentos?

Lágrimas desciam pelo rosto de Orinsuke. Não conseguia contê-las, mesmo envergonhado em demonstrar aquela emoção diante de Kiha e Katayama. Era uma emoção diferente, libertadora, como se algo represado e ao mesmo tempo desejado tivesse a oportunidade de sair.

- Você está bem, garoto? - perguntou Katayama.

- Sim, estou. É que decidir é muito difícil.

- É, eu sei.

Enquanto o Sr. Onoke se recuperava do ferimento, os dois samurais do clã Wanabi permaneceram em Damari. Assim que o velho pai adotivo de Orinsuke estivesse bem para retornar à sua aldeia de origem, eles seguiriam viagem.

Orinsuke aproveitou esse tempo para conhecer um pouco melhor a famosa aldeia de pescadores. Conversou com as pessoas, dando preferência para os garotos de sua idade, e aproveitou para visitar o pequeno templo da aldeia e fazer algo que a algum tempo não fazia: meditar.

Já na porta do templo, fez uma reverência, curvando-se para frente, e retirou as sandálias. O local era singelo mas aconchegante, com as paredes e o chão de madeira polida e alguns tapetes espalhados para os visitantes poderem sentar e meditar. No fundo estavam as estátuas das três principais divindades conhecidas: a Senhora Amaterasu, deusa do sol; o Senhor Tsukuyomi, deus da lua; e o Senhor Susanoo, deus das águas. Existiam outros deuses no panteão de Endo, mas esses três eram os mais cultuados, considerados os mais poderosos.

Orinsuke, como de costume para todos aqueles que adentram os templos, sentou-se num tapete e fez uma reverência inicial tocando testa no chão. Logo em seguida ficou na posição de lótus e começou a orar. Agradeceu pela vida do Sr. Onoke, pois ela não lhe foi tirada; pela presença de Kiha e Katayama, os bravos samurais que foram instrumentos do céu para salvar tantas pessoas; e de forma mais enfática, pediu ajuda no caminho em que os próprios deuses estavam lhe conduzindo, que soubesse trilhá-lo da melhor forma possível. Por fim, agradeceu pela oportunidade de realizar o desejo mais secreto do seu coração: se tornar um samurai.

MiloSantos
Enviado por MiloSantos em 09/02/2019
Código do texto: T6570879
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