A EGUINHA VERDE

A EGUINHA VERDE

E a estória começa assim...

...Era uma vez uma potranca chamada Lili, namoradeira que só ela, não gostava de ficar muito tempo na baia ou no potreiro, o que ela gostava mesmo era de ficar correndo pelos campos ou de trololó com os outros animais da fazenda, por exemplo, com o seu porco Neco, o pato Pateta, o peru Gugú, a dona Maroca e o seu Patalheão, casal de galináceos muitos queridos por ela; Sem contar os namoros escondidos atrás do celeiro, atrás do galpão... Com o Bento, potranco muito do safado, outras vezes com o novilho Zinho, filho do seu bem Feito e da dona Mimosa, não escapava nem o cabrito Brito que era o xodó do capataz.

Constantes eram as brigas dela com seus pais, o cavalo Epaminondas e a Égua dona Zita, eles até já estavam pensando em levá-la para o jóquei clube, uma espécie de internato para cavalos rebeldes, mas que adiantaria? Lá também com certeza seria a mesma coisa.

Seguidamente Lili era pega de converse com o papagaio Lourival, seu conselheiro, que vivia nos pinheiros perto do lago, lá nos fundos e que preguiçosamente passava as tardes no poleiro improvisado, perto do mangueirão. Boca suja aquele sujeito, os pais de Lili tinham horror daquela amizade.

E o tempo foi passando... Passando, o fazendeiro certo dia vendeu o cabrito Brito, Lili chorou... Chorou, e foi se consolar nos braços, digo, nas patas do potro Bento, até que um dia o viu partir para a cidade, disseram alguns, outra vez se desmanchou em lagrimas, mas para o consolo da saudosa eguinha, nada melhor que o consolo do novilho Zinho, até que numa manhã, triste para ela e provavelmente para o Novilho, um estranho caminhão o levou da fazenda.

Num repente a melancolia tomou conta daquele coraçãozinho ardente, sedento de paixão, ficava cabisbaixa pelos cantos da fazenda, preocupando seus amigos, a cadelinha dona Filó a aconselhava a tocar o barco pra frente, sair do baixo astral, até que ela resolveu seguir os conselhos da dona Filó e começou a dar longas caminhadas nos fins de tarde, pela fazenda, saia por ai a divagar bem rapidamente, até que repentinamente começou a voltar mais alegre e cheia de animo, para a alegria de seus pais, irmãos e amigos que já estavam preocupados com a tristeza da potranquinha.

Os dias seguiram devagar sua jornada rumo a um sem fim, quando a bomba explodiu, Lili estava grávida, de quem? Do potro Bento? Do novilho Zinho, do cabrito Brito?Claro que não podia ser de um deles, há muito tempo haviam partido da fazenda, perguntaram, perguntaram, e nada dela falar quem era a vil criatura que tinha violado aquele corpo tão inocente mente.

O tempo foi passando, continuando sua morosa caminhada rumo ao sem fim, quando chegou finalmente o grande dia do nascimento daquele ser gerado na obscuridade da fazenda, filho de pai incerto; todos os amigos estão à redor da baia onde a parturiente geme esta dor tão santa, que é a dor de dar a luz, todos? Todos não, pois o papagaio Lourival teve que viajar apressadamente, sem data certa para voltar, surgiu , disse ele um imprevisto no Paraguai, problemas particulares assim falou.

Chega a hora do nascimento, graças ao conhecimento de dona coruja, o parto transcorreu bem, nascendo assim uma eguinha, leve e serelepe, mas para o espanto geral dos animais da fazenda e até do fazendeiro, a potranquinha namoradeira dá a luz a uma eguinha verde.

*J.L.BORGES