Juunishi God (Deus do Doze Signos Chineses)
"Há muito tempo, num lugar muito distante... morava certa pessoa... desde certo tempo atrás... esta pessoa vivia em solidão.
Se descesse a montanha... sabia que encontraria muitas e muitas pessoas.
Mas, mesmo assim, ela vivia em solidão.
Portadora de mil poderes, de mil almas... e mil memórias... esta pessoa sabia que era diferente das outras. E por essa razão... ela as temia.
Temia a rejeição... e temia a si mesma... porque possuía tantos poderes... e era tão diferente das outras pessoas.
Até que um dia... um gato solitário veio visitá-la. Ela ficou espantada com a visita inesperada.
O gato cumprimento-a respeitosamente e disse: "Há muito tempo venho observando-a. És uma pessoa misteriosa e incrível. Não pude evitar de me encantar por ti. Sou apenas um humilde gato sem dono. Mas, por favor, conceda-me a honra de ficar ao teu lado. Eu lhe rogo, 'Senhor Deus'".
Desde então... assim como havia prometido... o gato permaneceu ao lado de Deus... e nunca se afastou dele.
Deus sentiu-se tão feliz com a companhia... que então teve uma ideia.
"Talvez eu possa me tornar amigo... de outros seres que não sejam humanos. Com aqueles que conhecem a solidão que conheço... hei de realizar uma agradável festa."
Então, Deus Escreveu vários e vários convites. E ordenou que o vento os espalhasse por todos os cantos.
Doze animais atenderam ao seu chamado... e compareceram a sua moradia.
A partir de então... toda a noite que a lua cintilava, Deus e os treze animais se reuniam para realizar divertidas festas. E todos cantavam, dançavam... pela primeira vez, Deus também conseguiu rir em voz alta.
E apenas a lua era testemunha... da festa realizada por não-humanos.
Porém, numa noite sem lua... o gato desmaiou. Estava chegando sua hora de partir... e tal destino não poderia ser mudado.
Todos choraram juntos... pois todos já sabiam... um dia, todos partiriam... e a festa terminaria... não importando o quanto eram alegres... ou quanto era preciosa sua amizade. Um dia, tudo chegaria ao fim.
Mas Deus... com voz trêmula... proferiu palavras de magia. Descreveu um círculo sobre uma tigela... e fez o gato dar uma sorvida no líquido. E então falou a todos: "Esta noite... esta noite será nosso enlace eterno. Mesmo que todos nós venhamos a perecer... estaremos sempre ligados por esse enlace. Todas as vezes que a morte vier a nós... iremos reencarnar... e juntos... faremos nossa festa... para sempre. Nossa festa... será eterna... e imutável.".
Todos concordaram com as palavras de Deus. E o primeiro a beber da tigela foi o rato... depois veio o boi... e então o tigre... o coelho... e, um por um... todos compactuaram com sua promessa.
Mas quando, no final o javali bebeu da tigela... o gato desabou em lágrimas.
"Ó Deus... meu Senhor... por quê? Por que me fez beber dessa tigela? Meu senhor... eu não desejava a eternidade! Eu não desejava o imutável.".
Aquelas palavras... foram inesperadas. Para Deus e para os outros doze animais... eram palavras de rejeição.
Todos caíram em tristeza. Criticaram e tentaram convencer o gato a retirar o que disse... porém, ele continuou:
"Deus, meu Senhor, apesar do medo... temos de aceitar a morte... mesmo que seja doloroso... temos de compreender que todos partiremos um dia. Meu Senhor... não sabe como fui feliz enquanto estive ao seu lado. E se, um dia... nos for concedida a dádiva do reencontro... em uma outra vida que não seja esta... desejarei vê-lo rindo... não só sob o luar, mas sob o azul do céu. Desejarei vê-lo não apenas conosco... mas também rodeado pelos humanos... e vislumbrar o seu sorriso de felicidade.".
O gato balançou seu rabo pela última vez e a chama de sua vida se apagou.
Porém, ninguém mais acudiu o pequeno gato. Todos sofriam, acreditando que foram traídos por seu amigo felino.
O tempo passou, e, um por um... os animais foram partindo. Por último, a suspirar, foi-se o dragão.
E novamente Deus estava sozinho.
Mais anos se passaram... e, enfim, chegou o dia do Deus também partir. Porém, ele não temia a morte. Pois mantinha esperança na promessa.
"Um dia... faremos novamente nossa grande festa... não só uma, mas várias e várias... por toda a eternidade... imutavelmente... mesmo que hoje a solidão me consuma... todos estarão me esperando no amanhã."."