Vinte e Sete Zubos - Capítulo um: que porra foi essa?

Ao acordar, Bil sentiu uma sensação estranha. Medo. Nem sabia de quê. Olhava pro teto, pras paredes, instintamente, sem saber o porquê. O tempo estava frio, o vento fazia barulho, entrando pela brecha da janela. O garoto não calculava o que estava fazendo, só sentia um tal medo no seu coração e nos pelos dos seus braços.

Foi aí, depois de vários segundos, que aconteceu. Bil virou pro lado, e foi abaixando os pés, em câmera lenta. Quando seus pés, frios, tocaram o chão... BUM!

- Ahh!... (pausa)... Aaaaaaaah!

Uma onda gigante, um meteoro imenso de imagens invadiu a mente do menino. Várias cenas começaram a passar, uma por uma, numa fração de segundos, na cabeça de Bil.

- O quê...

Frenético.

- O que porra foi isso?!

Ele pôs a mão na cabeça e respirou, ofegou forte e intensamente, daquela respiração que vai até o cerne do pulmão, e puxa tudo o que pode.

Bil Angel, vinte anos, humano. Alto, um metro e noventa. Magrinho. Olhos escuros como carvão. Pele escura como a noite. Cabelo crespo e curto. Mãos estranhamente pequenas. Menino fortemente assustado.

Ding, dong!

- Ahh!!

Bem assustado.

- Ah, tá. A campainha.

Bil Angel morava só, mas não tão longe de seu pai. Sua mãe já era falecida, e não tinha irmãos.

Foi à porta, e atendeu.

Ao abrir, na sua frente apenas um senhor, velho, aparentava ter 70 anos. Barba looonga, mas não branca, preta, como carvão também.

- É... posso ajudar?

- Bil Angel?

- Sim. Quem é você?

- Vuldo. Pegue.

O senhor o entregava um cordão com um pingente vermelho.

- O quê...? Não, deve ser engano, eu não comprei nad...

E nisso o senhor já estava dando as costas e indo embora.

- Senhor... É...

E Vuldo já estava caminhando, longe.

- Senhor!

Bil olhou para o cordão, depois focou no pingente, e, sem olhar pra porta, a fechou.

- Que porra foi essa?...