A fábula mágica

Os tempos passaram, e eu cresci. Quer dizer, tentei crescer. Ainda me lembro do meu último natal em que eu ganhei presente do Papai Noel... Foram aos meus 12 anos, e eu ganhei uma bicicleta. Eu sempre quis pegar o bom velhinho bem no flagra quando ele ia deixar o meu presente, mas eu nunca consegui pegar. Eis que desde aí, eu não acreditei mais no velhinho dos presentes e da barba branca... E nem no natal. Eu comecei a ser uma jovem que achava um saco passar essa noite com a família, que preferia mil vezes o ano novo ou o carnaval só por conta da folia... E por anos, a magia do natal se tornou totalmente brega para mim.

Agora eu tenho 21 anos, e sou mãe. É o primeiro natal de Natan, meu filho. E apesar dele ser pequenino demais, quando saímos pela rua os olhinhos dele brilham olhando para os pisca-pisca das árvores, e a cidades toda enfeitada... Se fosse para eu relatar a minha experiência como mãe, diria que é muito difícil. O Natan não consegue dormir a noite, troca a noite pelo dia e eu não sei mais o que fazer... Já tentei vários métodos que eu assistir no youtube, já tentei de tudo... Mas ele não dorme. E eu? Totalmente desgastada.

Foi neste instante, que eu apelei para as historinhas... Eu não acredito que irá funcionar, ele não entende ainda... Ainda é muito pequeno para se concentrar em uma narração, mas de todos os métodos que eu já tentei... Esse é o que falta. Comprei um livro pequeno, de sete páginas, sobre o natal. Uma pequena fábula de natal, um livro tipicamente infantil. Peguei e guardei em minha bolsa.

Chega a noite, e eu o retiro, Natan deitado no berço com o seu brinquedo de morder... Seus olhinhos espertos quase refletindo os meus olhos cansados e exaustos... Sentei ao lado, e comecei a ler... Logo após o término, ele dormiu.

Eu nem acreditei quando avistei a cena, sai devagar do quarto, fechei a porta e pensei: “algo que eu fiz deu certo, o que será?” comecei a calcular cada passo meu, e eu encontrei algo verdadeiramente novo: deixei as luzes do quarto um pouco apagadas, e a falta de muita iluminação fez o meu filho dormir... Claro! Com certeza! Pude descansar. E no outro dia fiz o mesmo...

No outro, no outro, e em todos os dias ele começou a regularizar o sono.

Hoje é véspera de natal, e eu preciso de Natan dormindo cedo para amanhã podemos almoçar na casa da minha mãe, mas ele decidiu voltar ao sono desregularizado...

Já fiz de tudo, e nada. Por um momento, nem a iluminação um pouco apagada deu certo...

E foi nesse momento que eu pude entender o que estava o fazendo dormir tranquilo:

A fábula de natal.

Quando descobri, pensei em levar ele ao médico... Estranho uma criança de meses prestar tanto atenção em uma história e adormecer só por conta dela... Mas logo depois eu fui invadida por um sentimento inexplicável:

Sentimento natalino.

E eu só pensei em pedir perdão. Perdão por ignorar e recusar o natal por tantos anos... E foi preciso eu ser mãe, e aprender o quanto o espírito natalino é mágico.

O meu filho me ensina muitas coisas, e a magia desta fábula me ensinou a sentir o natal novamente.

É muito mais que presentes, que saudações, e que tudo... É sentimento, é amor.