TROV. DA CAVERNA. 08




     Quando a chuva se foi e ele sabia que demoraria a voltar, tapou a entrada da caverna disfarçando com alguns pedaços de madeira velha, pois se um guerreiro da tribo que ele vira, viesse para aqueles lados e o avistasse certamente o emboscaria e o mataria. Numa manhã bem cedo partiu para espiar a tribo de gente feia como ele, sua pouca experiência o traíram. Um dia depois de ele ter se afastado, uma malta de guerreiros da tribo feia passou pelo local onde ele estivera espionando, para guerreiros experientes era como se tivesse estado ali uma manada de queixadas, tanto eram os sinais deixados por ele. Foi assim que logo que ele chegou e se aboletou na pedra onde sempre se deitava de bruços para espiar.

     Sentiu mãos fortes o agarrarem e embora lutasse para se livrar, a força dos guerreiros era muita e ele se viu subjugado e amarrado com tiras de couro a uma vara comprida e carregado pedreira abaixo até onde o caminho ficou reto e podia andar Pontas de lanças curtas o obrigaram a andar em direção a caverna da pedra grande. Os guerreiros faziam algazarra, gritando palavras que lhe eram desconhecidas, sentiu que ia morrer, mas não tinha medo a morte era coisa bem aceita, pois tudo morria e ele também se não morresse ali, um dia iria fechar os olhos e não acordar mais. Quando chegaram perto da entrada da caverna, uma centena de pessoas feias saiu ao encontro deles e a gritaria foi ensurdecedora, crianças e mulheres a puxar-lhe os cabelos e beliscavam sua pele com unhas afiadas que o fazia sangrar, uma menina que parecia ter um pouco menos que sua idade, era a pior.

     Enquanto todos beliscavam suas pernas, dorso, rosto e bunda a danada vinha e puxava seu pinto, com tanta força que quando ela soltava fazia um barulho ao voltar e bater contra seu corpo. Fez isto umas três vezes e na quarta, ela agarrou suas bolas e puxou e apertou com tanta força que ele pela primeira vez gritou, foi uma gritaria geral, e ele se arrependeu por ter gritado, imediatamente todos os meninos e meninas passaram a disputar seu pinto para uma puxadinha e o bichinho já estava ardendo e sentiu que logo ele estaria sem pele, por isto mesmo e também por que a dor agora era em todo lugar, ele não gritou mais nem mesmo gemia.

     Nisto chegou um guerreiro com uma ossada de cabeça de queixada enfiada na própria cabeça, com as grandes presas parecendo se projetar da sua boca, vestia uma pele de onça na cintura de forma que suas genitália ficavam protegidas, era alto e forte tinha na mão direita uma abobora seca, cheia de conta de lágrimas em volta e dentro certamente havia pedrinhas estava hasteda num pedaço de osso e quando ele a girava ela amitia o som de chocalho de cobra, quando ele sacudiu o instrumento e gritou algumas palavras todos fizaram silencio, mas a peste da garota de cabelos cor de banana madura e dentes muito brancos ainda deu mais uma esticada no seu pinto todo esfolado, levou um pito do feiticeiro que pelo jeito, não gostava de ser desobedecido, um guerreiro que estava perto dela deu-lhe um tapa na cabeça e ela saiu correndo e xingando até a quinta geração do individuo e todos riram as suas custas.

     Novo silencio e o homem do chocalho, se dirigiu a ele, mas ele não entendia, o homem fazia perguntas ele ficava calado e levava com a abobora na cabeça, até que ele resolveu e mais para desafiar o feiticeiro do que para se comunicar, desfiou um rozário de palavras sem muito sentido na sua língua e o feiticeiro ficou prestando atenção e quando ele terminou, viu o cabeça de porco confabular com outros guerreiros mais velhos e logo um deles entrou na caverna e trouxe uma mulher de meia idade que tinha a aparência do povo da sua tribo.

     O feiticeiro confabulou com ela e depois bateu na sua cabeça com o chocalho, ele percebeu que o outro queria que ele falasse. Desta vez ele falou algumas palavras, mas se referindo a sua tribo, a mulher entendeu e ficou pulando no mesmo lugar e rindo parecendo feliz, o feiticeiro novamente a interrogou e ela depois de responder e ouvi-lo se voltou novamente para ele e disse: - de onde você vem? Ele respondeu que era da tribo do povo bonito, e ela de novo começou a pular e levou com o chocalho na cabeça. O pajé conversou de novo com a mulher e ela lhe perguntou de novo: - por que você estava espionando nossa caverna? Ele resolveu então contar toda sua história, não ia fazer diferença se eles o matassem e assim sem que ninguém o interrompesse, ele narrou tudo o que fez até eles o agarrarem.

     Quando terminou, calou-se e depois de parecer estar analisando o dito por ele, viu a mulher falar na linguagem do pajé e notou que enquanto ele falava os que ouviam ficavam num silencio profundo indicando uma disciplina que não existia na tribo do povo bonito. Quando terminou, os guerreiros mais velhos fizeram uma roda e se sentaram para deliberar o assunto, amarrado numa árvore com os punhos para cima, Trov era presa fácil para as crianças.

     Elas voltaram a atormentá-lo com os beliscões, mas tremeu na base mesmo foi quando avistou a menina loura dos olhos iguais aos seus. Ela estava observando de uma reentrância de pedra a uma distância de uma árvore média, os olhos dela e a boca se remexiam quando olhava para ele. De repente ela disparou numa corrida em sua direção e ele antevendo o que ia acontecer gritou a toda altura, mas a endiabrada garota já se aproximara dele e antes de alguém a impedir ela agarrou suas bolas e puxou com força e no mesmo embalo ela continuou. Quase arrancou fora os seus ovos e o pinto, ele tinha certeza que uma boa parte da pele saiu na mão da peste loura.
Trovador das Alterosas
Enviado por Trovador das Alterosas em 21/11/2018
Reeditado em 22/11/2018
Código do texto: T6508520
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