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                          TROV DA CAVERNA 07


     A fogueira já estava com muitas brasas, ele atravessou um arbusto verde que trouxera de lado a lado do taó e usando duas pedras como apoio colocou o peixe para assar. Do seu bornal de couro, tirou sementes de fuzí “urucum” e moeu com o cabo da faca o transformando em pó que espalhou sobre todo o peixe. Saiu de novo, desta vez com o bornal vazio e após mergulhar e espremê-lo várias vezes a guisa de limpeza encheu de água e retornou á caverna, levando também algumas folhas de inhame.


     O peixe estava tomando a cor vermelha do urucum e o cheiro estava ótimo, foi virando o assado até que ficou como ele gostava. Comeu até se fartar, depois bebeu água, apagou o fogo deixando um tronco de bom tamanho se queimando, assim ele teria fogo sem necessidade de usar a pederneira, enrolou o restante do peixe nas folhas de inhame.
     
     Depois de ajustar a porta da sua nova morada, saiu para conhecer os arredores e viu muitas frutas, cortou um cacho de sis... “bananas” já amadurecendo, pegou frutas de magar, *conde* e quando a tarde estava já para escurecer, retornou à caverna tapou a entrada, reavivou o fogo e naquela noite dormiu sem receio e sonhou com a mãe lhe fazendo cafuné.

     Nos dias que se seguiam, caçou vários tipos de animais pequenos para variar a alimentação e melhorou as condições da sua morada fazendo uma cama macia com capim. Improvisou uma vasilha com varetas de pau trançada com cipó e depois calafetada com barro amassado para dar boa liga. Depois de secar ao sol ele a queimou com cuidado até formar uma crosta vítrea e nela armazenava a água que ficava sempre fresca e ele não precisava descer ao rio quando tinha sede. Aos poucos foi aumentando a distância das suas excursões e às vezes dormia nas árvores, por uma e até duas noites e regressava novamente para a caverna.

     Numa destas jornadas que ele já estava para completar três noites dormindo nas árvores, ele avistou o encontro das duas águas o rio agora tinha ficado ainda maior e curioso ele o seguiu. Ia atento olhando tudo com interesse e feliz por saber que tinha alcançado à meta estabelecida pelo pajé e de repente ele parou, escutara o som da conversa de pessoas, eram vozes finas como de crianças e mulheres.

     Foi se aproximando pelo meio do mato até avistar as pessoas, eram muitas mulheres e crianças e ele ficou com a boca aberta quando viu que todos eram feios e parecidos com ele. Brancos com cabelos cor de sis madura, ficou ali sem saber o que fazer, não entendia o que eles falavam, mas entendia quando gesticulavam. Tinha medo de se aproximar, mas, não conseguia se afastar, em dado momento soou uma buzina e todos saíram da água.

     Surgiram vários homens altos e parecidos com as mulheres, depois de falarem com elas todos formaram um fila e subiram pela margem do rio. Trov curioso foi atrás deles, se escondendo e tomando cuidado para não ser visto. O grupo deixou as margens do rio e se dirigiu para uma pedreira caminhando até chegarem ao sopé onde havia uma grande caverna. A tarde já estava no fim e trov se afastou até que avistou uma árvore com boa altura e bem copada, fez as necessidades e subiu para os galhos altos onde trançou alguns ramos e passou a noite, custou a dormir pensando no povo que ele vira.

     No outro dia, acordou antes dos pássaros, ansioso esperou o dia ficar claro para que ele pudesse descer da árvore. Após os cuidados de sempre desceu e foi para o rio. Lá fisgou um peixe com sua lança e comeu a carne crua até saciar a fome, depois de tomar água jogou o resto do peixe no rio e tomando os mesmos cuidados voltou às fraldas da pedra grande para espiar a tribo de gente feia. Passou três noites naquela observação da tribo, cada vez ficava mais curioso vendo os garotos brincando, as mulheres nos seus afazeres diários e os homens saindo e voltando com alimentação. Decidiu retornar a sua morada, por que estava armando chuva e na caverna estaria mais confortável.

     Choveu quase de uma a outra lua grande, entre uma estia e outra ele foi melhorando as acomodações da furna, fez uma esteira grande de folhas de palmeiras e improvisou uma espécie de quarto onde ficava mais aquecido. A noite mantinha uma boa quantidade de brasas que dava certo conforto. As cores do carvão aceso mudando de tonalidade o alegravam e era uma companhia agradável, pois de vez em quando um estalo entre o braseiro fazia voar mil fagulhas que ele comparava com o brilho dos olhos dos bichos do céu da noite. Poucas vezes agora se lembrava da sua tribo e até a figura da sua mãe estava distante do seu mundo atual, suas marcas na caverna indicavam que já tinha se passado três luas grandes e mais uma se aproximava, sentia-se dono do seu destino, não tinha medo, era um guerreiro.


 
20/11/2018 20:27


ESTÁ CERTO.

Nada é para sempre na vida
Nem o choro dos versos teus,
Serão apenas rimas perdidas
No instante que disser adeus

Se ele durou e foi sentido
Existiu amor em teu coração,
E o amor não é tempo perdido
Mesmo causando uma desilusão

Sempre vai ficar a recordação
Bons momentos da vida a dois,
O que agora é final de paixão
Poderá ser um lenitivo depois.

Só um lenitivo, não exste a cura
Quando houve ardor e sentimento,
Toda a força desta louca mistura
Nunca mais deixa o pensamento.

Mas sim, a razão sempre será tua,
Que cumpra os que são desejos teus,
Quando o amor nesta dúvida flutua
É que passou da hora de dizer adeus.

Boa noite menina poetisa, versos lindos apesar de tristes não resisti e fiz uma interação, mas não quiser postar tudo bem. Bjs linda.

Para o texto: 
A HORA DO ADEUS (T6506615)
De: 
Lilian Vargas

 
Trovador das Alterosas
Enviado por Trovador das Alterosas em 20/11/2018
Reeditado em 21/11/2018
Código do texto: T6507723
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