A labuta de Maria!
Todos os dias milhares de pessoas saem para trabalhar. Ninguém vive sem trabalhar. Seu Antônio acorda muito cedo. Por volta das três horas, seu despertar não falha. Dona Joana todas as manhãs, ao cair do orvalho sai de sua casa para o sustento da família buscar. Toda a cidade é assim. Homens, mulheres e jovens correm atrás do trabalho para sobreviverem, e assim é de geração para geração.
Havia naquela rua, a rua de seu Antônio, da dona Joana e de tantos outros que saem de suas casas todos os dias para irem à labuta, uma mulher chamada Maria, que vivia sentada a frente da janela de sua casa. Passava ali quase todo seu tempo durante todo o dia. As pessoas se indagavam sobre como aquela mulher conseguia ficar ali sentada sem nada a fazer.
Certo dia, seu Antônio na volta de seu trabalho, viu a mulher sentada a frente da janela e perguntou-lhe se ela não gostaria de ter algum ofício. Aquela não era uma cena incomum, todos se intrigavam com a situação cotidiana da mulher misteriosa, entretanto ela agradeceu e lhe disse que ela trabalha nos sonhos dela. Dona Joana, ficava intrigada com a situação: como alguém poderia sobreviver apenas sentada e sonhando?
Um dia, no final da tarde, quando todos estavam à volta para suas casas, um carro enorme parou a frente da casa daquela mulher. Percebera-se, que era um carro muito luxuoso. Dele, saiu um homem muito garboso, muito elegante e fino. Todos ficaram admirados e curiosos para saberem o que aquele homem queria ali. Dona Joana sussurrou com alguém se aquele garboso homem estava a procura dela, afinal, ela era um costureira muito eficaz. Seu Antônio perguntou-lhe se estava ali para comprar de seus deliciosos pães, uma vez que ele era um excelente padeiro. Porém, ele não queria nada daquilo que lhe perguntavam.
Foi quando ele mesmo perguntou a todos: Por favor, onde mora a senhora Maria? Todos espantados se entreolharam como quem diz: o que quer um homem elegante desses com dona Maria que vive sentada a frente da janela todos os dias com a cabeça em seus sonhos? Apontaram em direção a casa dela.
O homem se dirigiu a porta, bateu e dona Maria abriu-a. Ficou lá dentro por volta de meia hora. Era um falatório enorme do lado de fora. Quando de repente, sai o homem todo feliz de dentro da casa, com um punhado de papeis nas mãos. Dona Maria veio logo atrás. Ela segurava um embrulho e nesse embrulho havia muito dinheiro. O homem foi embora.
Todos muito intrigados com a situação, perguntaram a dona Maria o que havia naqueles papeis para o homem trocá-los por tanto dinheiro. Foi quando então ela respondeu: naqueles papeis, caros senhores, havia fadas, bruxas, príncipes e princesas. Havia florestas, castelos encantados, reis e rainhas. Naqueles papeis, caros senhores, havia minha imaginação, minha história, havia meus sonhos!