Diário de uma camponesa

Ando a margem do rio de minha infância

Límpida como o pensamento de uma boa criança

Águas claras e mansas afagam minha alma

O sol brilha como se beijasse meus fios de cabelo e pêlos que me protegem da suplica alagoanas

Nas nuvens, vejo uma menina que acreditava que era capaz de voar e pegar os roedores que repousavam felizes e depois saltavam para o próximo algodão

Ela era capaz de sentir o cheiro de cada cor, o sabor de cada palavra entoada pelos lábios de tua mãe, de ver os corpos ao redor dos corpos.

Naquele tempo as crianças eram crianças, menos ela que achava que tinha tamanha esperteza que tudo podia prever

Esqueceu-se de olhar o futuro e assim como Prometheus, prometeu amor eterno a si e acabou por decepcionar uma boa memória

Esta por sua vez, vingou-se de sua fase mulher, apagando os vestígios de força, coragem e brilhantismo,

Como lembrança de que havia sofrido, deixou o medo e a covardia no maior espaço da alma a fim de fazer ser notada como todo pequeno ser em busca de atenção

Certo dia a alma adulta olha o rio e vê a criança do outro lado da margem corre para alcançá-la, porém havia se esquecido que não sabia nadar

Dias após camponeses encontram o corpo da mulher e na mesma margem uma criança que chora pedindo colo.

Michela Buck
Enviado por Michela Buck em 20/06/2018
Reeditado em 11/02/2023
Código do texto: T6368780
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