Vivências(Segunda Parte)
Sandra olha para o desconhecido de soslaio e fica deslumbrada com aqueles olhos castanhos, profundos e inteligentes, eram a primeira coisa a reparar, logo seguidos pela boca carnuda e apetitosa, que revelava dentes brancos perfeitos.
Roberto é um homem de perder a cabeça. Olha fixamente para Sandra, acabando por sentar-se ao seu lado.
A viagem é longa !
Têm muito tempo para conversar , pensa Sandra, fantasiando o que poderá nascer daquele encontro casual . Durante a viagem, a conversa entre eles é de futilidades. Nenhum deles quer falar de assuntos pessoais, o que a deixa mais à vontade para ingressar numa deliciosa aventura. A empatia nasce entre eles. O descobrirem que ficavam no mesmo resort deixa-os completamente eufóricos.
A viagem correu bem e chegaram depressa ao destino. O resort dispõe de três piscinas, court de ténis, ginásio, massagem, golfe e até discoteca privativa. Era um espaço novo, cheio de palmeiras, em frente ao mar, com uma praia privativa. Na recepção, esperava-os um rapaz muito simpático. Seguem para os seus quartos; o de Sandra tem uma fantástica vista sobre o mar, enquanto o de Roberto tem vista sobre um campo de golfe, atrás.
Estão a jantar num dos restaurantes do hotel (porque havia vários) que dava para a praia. Das janelas via-se o mar inteiro, muito azul e belo. Sandra traz um belo vestido azul-foncé e um colar de pérolas muito pequenas.”Elegantemente simples”, pensa Roberto ao vê-la tão sedutora. O jantar decorre calmamente. Os olhos de Roberto não largam os de Sandra. Ela sente um calor muito forte que vem dos olhos dele. Estão fascinados um pelo outro. Ele não perde nenhuma oportunidade para a tocar suavemente, para lhe dizer como ela é bonita e encantadora. A música ambiente, naquele momento, toca algo romântico, dos anos setenta. Desafiou-a para ir dançar. Ela aceita. Os braços dele, muito fortes e amplos, abraçaram-na por completo. Num momento, as bocas cruzaram-se e voltaram a tocar-se. Suavemente, suavemente, ela pega na mão dele e sobem pelo elevador. No seu quarto, as janelas abertas fazem entrar o vento do mar. O desejo é a lei entre os seus corpos. Quando acorda, o corpo moreno e musculado de Roberto está ao seu lado.”Não foi um sonho”, pensou consigo própria. O romance está instalado. Os dias passam a correr, as férias estão a ser fantásticas entre a paixão e aquele local paradisíaco. Dentro de poucas horas eles retornam para as suas vidas. Ela está perdidamente apaixonada por Roberto. Será que ele sente o mesmo em relação a ela? Sacode a cabeça, não quer pensar no assunto seriamente, apenas aproveitar o máximo do tempo que lhe resta. Mas a ideia de ficar sem ele apavorava-a.
Na hora da partida, Sandra deixa o resort cheia de esperança em relação ao Roberto. A viagem de regresso corre normalmente. Quando a hospedeira avisa que vão aterrar, Roberto fica calado, ela não imagina o motivo do silêncio. Está com a impressão de que existe um abismo entre eles. Roberto, trava consigo uma guerra de emoções e sentimentos, o dever ou o amor?
Na saída do aeroporto, as lágrimas afloram nos olhos de Sandra. Ela sabe que tem que partir. Despedem-se como bons amigos silenciando o amor que nutrem um pelo outro.
"A renúncia é um acto sublime"