SER CRIANÇA!

Ser criança para muitos é ser feliz, é brincar, é rir, se divertir e ver a vida passar.

Essa era a vida daquele menino que todos diziam: “Como é levado”.

Todos queriam estar ao seu lado, fazer o que ele fazia, arriscar-se e nunca ser pego por ninguém.

Mas, o medo os paralisava, e os enfraquecia. Deixando-os muitas vezes sem saída, eles não eram como aquele menino, que se divertia fazendo arte.

Suas cicatrizes não o permitiam ser diferente, quando as olhava não pensava na dor que sofrera, mas na história que escrevera.

Aquele menino lembrava que todos os dias era liberado por sua mãe para brincar, não para curar uma depressão, uma angústia, ou para suprir uma falta de conforto. Ele sabia que ela o liberava, porque ele era uma criança.

Do portão ela seguia todos os seus passos. Dali ela via tudo o que estava acontecendo, com um olhar, às vezes, ele sabia o que sua mãe queria e logo parava.

Mas...o tempo passou e ele percebeu que aquele mundo passara, que a vida mudara, que todos cresceram, e que ele já não podia ser quem ele era.

Agora o amor era uma realidade, por isso sentiu que deveria ir mais devagar, e ser mais compreensivo. Machucar-se já não era igual a como ser criança, e que a idade nos impõe limites, ou seja, todos precisavam agora ser mais cauteloso. As aventuras agora exigiam que o autor delas fosse mais responsável, e prudente.

Que palavras chatas, RES-PON-SÁ-VEL, e PRU-DEN-TE!

Foi quando, então, desejou voltar a ser aquele menino para poder resolver todos os problemas brincando, afinal o que é a vida senão uma brincadeira, onde somos os bonecos que são deslocados pra lá e pra cá. Marionetes nas mãos de quem age como senão houvesse o amanhã.

Desejou pisar na lama novamente, tomar banho de chuva, correr atrás das pipas avoadas, e a andar de patinete. Ele queria novamente se ver brincando sem se preocupar com o amanhã.

Contudo se lembrou que a vida é feita de fases, e que gostemos ou não, todas elas irão passar, e que o importante é viver cada momento sem reclamar, e murmurar.

Aprendeu que precisava ter um coração forte, e que sua alma todos os dias deveria estar renovada para o amanhã, e que seu corpo deveria estar restaurado para viver mais um dia, de forma que as cicatrizes de ontem, não abrissem hoje novamente.

Todos até poderiam o machucar hoje, mas aquele menino aprendeu que não pode mais deixar que as feridas cresçam se transformando em um tumor - "Quando eu era menino, pensava como menino, sentia e falava como menino. Quando cheguei à idade adulta deixei para trás as atitudes próprias de menino" - I Cor 13.11