A Rodoviaria

Eu lembro muito bem.

A “Rodoviária” ficava bem próximo do prédio do antigo Fórum.

Na mesma rua.

O prédio tomava meio quarteirão.

Era um prédio antigo.

Com alguns salões de comércio local com algumas mercearias ou vendinhas.

Uma entrada para estacionar as “jardineiras”.

E os guichês que vendiam as passagens.

Além, do trem, naquele tempo a Cidade era servida pelas linhas de “jardineiras” que serviam as cidades de Dracena, Pacaembu, Adamantina, Tupã, Marilia, Bauru Campinas e São Paulo.

Havia também as linhas que serviam os bairros.

Um conhecido nossa conta justamente um causo que aconteceu em uma destas viagens para os bairros.

“Segundo ele, lá pelos anos de 50 e 60, haviam umas linhas de jardineiras que serviam os bairros distante da cidade Paturi, Lambari, Santa Maria, Sete, Capim Fino, etc.

Eram jardineiras fabricadas na década de 40.

Aquelas que tinham a traseira arredondada com duas escadas na traseira e um grande bagageiro sobre o teto.

O pessoal que viajava, era em sua maioria moradores dos sítios. Carregavam consigo, cabrito, galinha, porco, bode, cachorro, e até potro ou bezerro.

Algumas vezes as jardineiras lotavam tanto que o motorista pedia para que os homens subissem a escada e viajassem no teto.

Quando falecia alguém num bairro onde passava a jardineira de manhã para a cidade, o responsável pelo morto ia até a estrada e entregava para o motorista as medidas para encomendar um caixão para o defunto.

Seu Zezim marceneiro, fazia bem rápido e a tarde quando a jardineira voltava para os bairros, levava o caixão no bagageiro de teto.

Certa vez a jardineira voltava para o sítio levando um caixão.

A jardineira lotou e um homem teve que subir para o andar de cima. Como era de costume, ele subiu, viu o caixão, ficou meio cismado, mas numa boa.

Daí a pouco começou uma chuva fininha e gelada, o homem não perdeu tempo, abriu o caixão e vendo que estava vazio, deitou e fechou a tampa.

Tirou aquele cochilo.

A viagem continuou e o bagageiro foi lotando de homens lá em cima.

De repente o homem acordou assustado no caixão e com medo que tivesse passado o lugar que ia descer, abriu rapidamente a tampa e gritou: - "Já passou a chuva”? Foi um pânico geral e saltou homem pra tudo quanto foi lado...”

Benedito José Rodrigues e Samogim Waldemar
Enviado por Benedito José Rodrigues em 27/05/2018
Reeditado em 17/10/2018
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