O irmão do caçador
Um dia como qualquer outro, cantos de diversas aves, o som ávido do mar e suas ondas jaziam sobre as areias de uma praia comum. Era para ser um dia relativamente calmo especificamente para um jovem de 15 anos que caminhava na praia, mas tudo estava prestes a mudar nesse dia. Era um atirador profissional desde outrora, não deixava escapar de sua eximia mira nenhuma presa que o pudesse encher de orgulho. Enquanto tentava encontrar uma boa ave para mostrar aos seus familiares que pudera se tornar em breve um grande caçador, deixou seu irmão de 6 anos degustar as paisagens límpidas predominantes da praia. Ao retornar para buscar seus pertences e retornar ao seu lar percebeu que algo lhe faltava nesse momento, a ausência de algum objeto poderia estar lhe perturbando nesse momento, mas logo entrou em um profundo desespero ao perceber que sua maior ausência era algo muito mais importante que qualquer material efêmero que pudesse perder. Não sabia como explicaria aos seus pais posteriormente como deixou que algo fatídico pudesse acontecer em sua vida e de sua família, algo que mesmo com sua indubitável performance durante o dia de caça não foi proeminente a dor da perda de um membro importante de sua família. O garoto perscrutou toda a praia em busca de pistas elucidativas que o levassem ao encontro de seu irmão, porém ele não encontrou nada no local, afinal a praia era imensa possui diversas ilhas, seria quase impossível achar alguém sozinho em tais condições, portanto o garoto pensou em retornar para casa e buscar ajuda da policia para retornar as buscas de seu irmão desaparecido, e foi o que fez. 15 anos se passaram desde o ocorrido, e em uma das ilhas próximas da praia palco do fato fatídico habita um animal que possui aparência similar a de um homem, porém ações de um primata que andava de quatro, conseguia subir com facilidade em arbustos enormes para conseguir alimento para chimpanzés que dividam o espaço físico com tal ser, outra característica peculiar e curiosa desse ser é que ele não emitia sons idênticos aos humanos, mas sim dos animais primatas que conviviam contigo. Um caçador de aproximadamente 30 anos chegou ao local, perscrutou todos os arredores da ilha e ficou atônito ao ver tal ser com características similares de um humano, mas com comportamento primitivo feito animal, logo o caçador mirou sua espingarda para a criatura, convicto de que sua mira eximia o faria mais uma de suas presas naquele átimo. Entretanto ao olhar nos olhos da criatura exótica, o caçador reconheceu a ternura do olhar de tal ser, parecia que em algum momento anacrônico já viu o mesmo olhar olhando em seus olhos daquela maneira e logo um choque de ideias e emoções fizeram o caçador a se desvanecer daquele ambiente e a mergulhar em seu devaneio a outrora em seus pensamentos. Uma lembrança veio a sua mente rapidamente a de um bebe sendo segurado por um casal que o acudia com carinho em um dia nublado e chuvoso e havia um garotinho que observava através da janela do lado externo da casa tomada pela chuva a cena e o olhar do bebe de ternura que olhava para os olhos do garotinho da mesma forma como a criatura fazia com o caçador naquele instante. O caçador ao retornar de sua lembrança limpou a lágrima que escorreu em seus olhos e olhou para a criatura e abaixou sua espingarda por um átimo, porém tinha a certeza de que não haveria de ser complacente com sua caça em nenhuma hipótese durante sua carreira de caçador ao longo de sua vida, então levantou novamente a espingarda enquanto a criatura olhava em seus olhos e reconhecia o caçador que estava em sua frente, porém não conseguia manifestar através de palavras a emoção ao reencontrar aquele caçador e em uma ultima tentativa emitia sons animalescos para chamar de alguma forma a atenção daquele caçador que sem nenhum receio deu o tiro fatal na criatura, que após escutar os últimos cantos das aves que voavam assustadas com o barulho do tiro desabou e se tornou mais uma presa vitima do caçador.