O encantador de pássaros (continuação)
A real essência
O relógio do tempo era lento dentro daquela gaiola luxuosa. A águia entristecia a cada dia e já não parecia ser mais tão bela para o encantador. Ele, agora assoviava para ela, demonstrando não mais admiração e sim pena por uma ave tão incrível ter se esquecido de como realmente era.
Pela primeira vez, o homem teve uma atitude sensata e decidiu abrir a gaiola. A deixaria entrar quando quisesse, certo de que ela já estava encantada por ele e não fugiria.
E assim aconteceu. Ela saía para voar, ele assoviava e ela voltava cada vez mais bonita. Um dia, a águia saiu, olhou para o céu e voou mais alto e mais alto... Tão alto que não pode ouvir o assovio de seu carrasco.
Inconformado, o velho encantador ocupou o lugar da ave para entender o que ela sentia, afinal, era uma gaiola dourada e confortável. Não havia motivo para ela não querer voltar.
O homem coube perfeitamente lá dentro. Admirou-se da beleza daquelas grades brilhantes. Esqueceu-se da águia! Descobriu que era ele quem pertencia a gaiola.