O encantador de pássaros

Sombrio! Assim ouso descrevê-lo com seu casaco preto e assovio horripilante. Cultivava um jardim, não por gostar de plantas, e sim para fazer o lar de seus pássaros.

Criava as aves das mais diversas espécies todas soltas. Tinha um certo apreço por elas. Todavia, se entediava e saía para capturar alguma ave nova. Seu fascínio era por águias, entretanto sabia que seria difícil conseguir uma.

Um dia, o homem saiu em direção a mata levando sua armadilha. Aprontou-a e foi descansar à beira do lago. Para sua surpresa, uma águia bebia água a poucos metros dele. Acreditando que sua presa fugiria, esticou-lhe o braço e assoviou.

A águia observava cada movimento dele, até que decidiu pousar em seu braço. Assustado, continuava a assoviar enquanto caminhava cuidadosamente para seu jardim.

Ao chegarem, a águia voou de seu braço para um galho seco acima de um laguinho artificial. Parecia ter gostado de onde chegara.

O sinistro homem estava satisfeito! Passaram-se dias e ela não foi embora. Ainda assim, ele apareceu com uma bela gaiola dourada, pendurou no galho em que a águia costumava ficar. Curiosa, ela entrou e ele a trancou.

O encantador, agora mais confiante e com ego elevado, não corria mais o risco de perder seu pássaro preferido. A águia era bem alimentada e admirada, porém, nunca mais seria a mesma.

Michele Valverde
Enviado por Michele Valverde em 21/03/2018
Reeditado em 23/03/2018
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