O encantador de pássaros
Sombrio! Assim ouso descrevê-lo com seu casaco preto e assovio horripilante. Cultivava um jardim, não por gostar de plantas, e sim para fazer o lar de seus pássaros.
Criava as aves das mais diversas espécies todas soltas. Tinha um certo apreço por elas. Todavia, se entediava e saía para capturar alguma ave nova. Seu fascínio era por águias, entretanto sabia que seria difícil conseguir uma.
Um dia, o homem saiu em direção a mata levando sua armadilha. Aprontou-a e foi descansar à beira do lago. Para sua surpresa, uma águia bebia água a poucos metros dele. Acreditando que sua presa fugiria, esticou-lhe o braço e assoviou.
A águia observava cada movimento dele, até que decidiu pousar em seu braço. Assustado, continuava a assoviar enquanto caminhava cuidadosamente para seu jardim.
Ao chegarem, a águia voou de seu braço para um galho seco acima de um laguinho artificial. Parecia ter gostado de onde chegara.
O sinistro homem estava satisfeito! Passaram-se dias e ela não foi embora. Ainda assim, ele apareceu com uma bela gaiola dourada, pendurou no galho em que a águia costumava ficar. Curiosa, ela entrou e ele a trancou.
O encantador, agora mais confiante e com ego elevado, não corria mais o risco de perder seu pássaro preferido. A águia era bem alimentada e admirada, porém, nunca mais seria a mesma.