CONVERSANDO COM AS ESTRELAS - Conto
Certa noite ao contemplar o firmamento, como de costume, deparei-me com um cenário encantador que nem me dei conta que pisava o chão do planeta Terra. Vislumbrando na abóbora celeste um pontinho de luz aqui outro acolá entre miríades de estrelas, imensuráveis agrupamentos, detive-me durante meia hora, acho, tentando, sem resultado, identificar algum planeta do nosso sistema solar. Desiludido, desisti da busca com esse objetivo. Daquele momento em diante decidi observar o céu não mais por simples curiosidade. Queria olhar de maneira a me parecer mais interessante, ou seja, o que está por trás das descobertas de novos planetas além da conquista da Ciência por meio do desvelado interesse dos astrofísicos. O pensamento me encaminhou a ver o Cosmos com os olhos da alma. Então direcionei a atenção para uma pequeníssima estrela, um tanto isolada das outras. Encantei-me no primeiro momento, em seguida batizando-a com o nome de Afrodite, deusa do amor. Em meio ao turbilhão de tantas, estava lá, a pequena, porém a mais linda forma planetária que consegui identificar durante essa busca. Brilhante. Cintilando cores tão belas a ponto deixar extasiado o mais bruto dos seres habitantes da Terra. Aos poucos fui saindo da órbita do pensamento comum dos mortais para mergulhar no profundo sentimento de paz.
A estrela que via, gradualmente, ia se transformando tal qual uma borboleta saindo da crisálida. Em alguns momentos transmutava-se em forma humana. Assim, pelo olhar do observador – conceituado na física das possibilidades – pude vê-la, ora luz, ora corpo celeste, situação explicável com base nos estudos da física quântica. Espetáculo assim só percebido por mentes que mesmo envoltas em matéria densa buscam desvendar os mistérios do Universo. Coloquei-me em estado meditativo a fim de que pudesse, dali em diante, estabelecer comunicação. Diálogo por meio do qual, por minutos, falamos a respeito das grandes questões da vida - do amor sem barreiras ao papel do homem na sociedade. Ao final, prometi que, em outro momento, voltaria a postar-me em meditação para aprender como maturar a ideia de aceitar de que tudo está ligado a tudo.
Depois de alguns segundos, finalmente, consegui desligar a sintonia e voltar ao mundo das formas materiais, irradiado, ainda, das vibrações extrafísicas.
valano