Mona 27

Havia tantas pessoas junto a Mona naquele momento que a única coisa que lhe passava pela cabeça era o alívio por não ser ela a atração principal da noite. Todas as cadeiras acolchoadas do estabelecimento eram bem confortáveis e estavam ocupadas. O show, afinal, estava sendo um sucesso.

O público olhava para frente e às vezes parecia perder o fôlego, que logo retornava por meio de leves respirações, ocasionando, para os mais atentos ouvidos, uma sinfonia de respiração. Porém, a verdadeira sinfonia a qual Mona e tantos outros assistiam era aquela vinda do palco, na performance de uma orquestra.

Os olhos de Mona acompanharam com rapidez os ávidos movimentos do maestro. Suas mãos eram precisas e seus braços voavam com leveza e ao mesmo tempo seriedade. Era de se admirar como uma porção de produtores sonoros seguia atentamente dois membros se movendo graciosamente no ar.

Foi então que aconteceu. Em um piscar de olhos, sabe-se lá por que, Mona estava de pé no palco, encarando os músicos. A luz dos holofotes a cegou por instantes e ela se sentiu desnorteada ao olhar para trás e encarar milhares de olhos que pareciam devorá-la. Suas pernas tremiam e suas mãos suavam. Ela tinha de fazer alguma coisa. Ela era o maestro.

Enquanto brigava consigo mesma para agir, Mona não percebera a presença forte de um dos artistas tocando violino. Ele começou a tocar olhando intensamente para ela, como se a hipnotizasse. Suas mãos deslizavam no instrumento, fazendo a nova maestra soltar a voz numa espécie de canto lírico. O mesmo aconteceu com o clarinete, o violoncelo, o piano... As notas musicais apenas saltavam de sua garganta.

A maestra Mona cantava à medida que sua orquestra lhe guiava com maestria.

Zizibs
Enviado por Zizibs em 27/01/2018
Código do texto: T6237903
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