Mona 26
Mona respirou fundo e contou até cinco de olhos fechados. Ao abri-los, percebeu que estava em um lugar no qual nunca havia estado: uma sala com uma estante cheia de livros, um divã ao lado e um tapete felpudo e macio, que ela resolveu acariciar por curiosidade.
Próxima a ela, havia uma escada que a levaria para um andar abaixo, mas Mona preferiu seguir para o corredor a sua direita. Assim, ela se deparou com várias portas: um quarto de casal, outro quarto, um banheiro e um cômodo desconhecido devido à porta estar fechada.
“Eu não estou chegando a lugar nenhum.”
Antes de girar a maçaneta, Mona pensou ter ouvido alguém, mas as palavras lhe eram tão familiares que ela mesma poderia tê-las proferido em sua mente. Ela com certeza estava onde não deveria. A confusão momentânea se foi ao passo que a curiosidade cresceu novamente, e assim a porta estava aberta.
“Se essa não foi uma das mais geniais ideias, com certeza foi a mais imensamente estúpida.”
Outra vez o pensamento duvidoso. Mona pôs uma de suas mãos na cabeça, como quem tenta impedir que as ideias saiam de si e ecoem na existência.
“Mas o que é a existência para você? O mesmo que é para mim?”
- De novo?
Ela ainda estava com uma mão na maçaneta, mas soltou assim que caminhou para frente e pode notar que entrara em outro quarto. Havia duas camas – aliás, tudo estava em dobro: escrivaninhas, guarda-roupas etc. Foi então que Mona percebeu. A sua frente, estava alguém debruçado em cima de uma das camas. Essa pessoa tinha um estojo e dois cadernos, sendo que usava um de capa vermelha para documentar sabe-se lá o que.
“Me diz, Mona, o que eu sou?”
Mona abraçou o silêncio, fez um breve sinal de compreensão e fechou a porta.