Quatro paredes
Móveis nenhum; paredes brancas; poeira no chão...
Destinos únicos; corpos carentes; pensamentos à mil...
Confidentes; com seus limites porém determinados. Assuntos sem nexo; conversas vagas iguais àqueles cômodos. Paisagem de concreto; olhar convidando... de repente, janelas abertas para o céu das bocas, muito loucas, vermelhos lábios febris. Silêncio pausado, respiração involuntária em sala decorada com pinturas de sonhos, tão aguardados pelo tempo, pelo vento vindo de entre os prédios. Tão providencial a suave brisa, atenuando o calor daquelas ardentes corpos a dançar sem música mas no ritmo da emoção. Inicia-se a luta sequencial de uma retomada, não concluída, não resolvida. O velho tecido do destino, remediado, consertado, cezido pelos diálogos da compreensão e da harmonia. Retalhos de cores nítidas e mantidas, foram rejuntados pela agulha da identificação com as linhas das diferenças. E, aquelas inertes paredes, sem ouvido, testemunharam a felicidade em essência, o melhor e o supra sumo daquelas metades a se misturarem na mais perfeita medida da razão e do desejo, dos avanços sem medos, do equilíbrio proporcional às barreiras sociais. Do nada programado para tornar-se inesquecível... As velhas lágrimas da costumeira saudade foram substituídas pelas filhas do presente com a esperança, da cumplicidade com o sorriso. É, finalmente, o parcialmente aconteceu! Benditas sejam as sementes e as suas sequenciais etapas. Nuvens passaram abrindo as cortinas das estrelas brilhantes a decorar o espetáculo da continuidade da vida, através do milagre do amor.