Adão, o pecador.
Do fruto proibido Eva cedeu-me um naco, desnecessário.
Pobre cobra, agora rastejante, pagaste inocentemente por meu pecado.
Soubesse eu, ver assim tão bela, minha costela, teria doado ao menos duas. Todavia, Eva era única e deliciava-me ao ver ela a caminhar completamente nua. Escondido, observava nela os seios fartos e a penugem escura, recobrindo a vulva. Eu a cobiçava e enrijecia.
_ Que cobra, que nada... Coitada! A maçã foi apenas um pretexto. Sempre fui canalha a observar os bichos no cio; copularem. Onças, jaguatiricas, girafas, por muitas vezes era engraçado _ imagine um casal de ouriços _ em outras, excitava-me. Por isso a idéia... Eva era necessária.
Quando me ouviu, o todo poderoso ficou furioso, minha intenção era grotesca, fugia as regras impostas por Ele, por fim; deu-me Eva. Sem duvida a primeira maravilha sobre a terra. Tolos mortais, nomeiam agora apenas sete. Ah! Se tivessem admirado Eva como eu admirei. Ela era simplesmente magnífica, na sutileza da forma e generosidade dos traços _ Di Cavalcanti, teria enlouquecido. Ave, natureza!
A macacada ficava alvoroçada, era tanta inveja, que vejam bem; rapidamente evoluirão. Então esqueçam toda aquela teoria ensinada e apregoada por Darwin.
Eva era somente minha e eu a possuía sobre a relva, enquanto olhos curiosos nos observavam de cima das arvores; vulgaridade? Não sei, o fato é que o tesão aumentava.
Os pássaros entusiasmados com a cena agitavam-se e nos agradeciam com uma bela cantoria. Pura luxúria nos envolvia.
Depois do ato, vinha o honroso descanso e vagabundeávamos pelo Éden em gostosa preguiça e comíamos com extrema gula.
Os papagaios em sua tagarelice cotidiana, anunciavam aos quatros cantos: “Adão anda pelado, Adão anda pelado”. Eva irritava-se com aquilo, ciumenta como só ela, logo arrumou algumas folhas com as quais nos cobrimos.
Bons tempos. Não havia preocupação com futuro, não existia dinheiro, um verdadeiro paraíso, a lei do mais forte contemplava apenas a cadeia alimentar... E tinha Eva, linda, exuberante, fascinante... Quantos predicados, tantos pecados; todos meus.
Leia também: O pequeno diário de Eva.