BAILADO
Foi mais ou menos assim:
Liguei o rádio, me acomodei na varanda e me preparei para abrir o livro, mas desisti: Outra coisa chamou minha atenção.
Do nada ela começou a dançar pra mim. As vezes desajeitada, saindo do ritmo; outras vezes bem entrosada com a melodia vazada do rádio. Mas, de uma forma ou outra, linda na sua inocente espontaneidade.
Deliciei-me naqueles segundos em que durou sua exibição.
No fim, encantado com todo seu carinho, agradeci: "Obrigado, minha amiga. Sei que outros diriam que você estava sacudindo ao sabor do vento, mas eu sei que você dançava pra mim. Obrigado mesmo! ".
A amoreira pareceu entender. Seus galhos e folhas emitiram um som que me lembrou um riso. E então ela voltou a fazer o que estava fazendo antes: brincando e bailando nos braços do vento. E eu finalmente abri o livro.
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