PARÁBOLA DA PLUMA, ESPADA OU FERRO

PARÁBOLA DA PLUMA, ESPADA OU FERRO

-Existem três opções para quem quer viver pra lá de onde o sol toca.- Disse-me um cavaleiro que me acompanhava até as terras de ninguém. -Pluma, Espada ou Ferro, escolhes qual?

Não me pergunte o que pensei na hora. Vou para lá de onde o sol toca, devo precisar de uma espada, mas ele era cavaleiro e não andava com uma espada, o que então eu usaria?

Estou indo para um lugar que dizem ser frio, precisarei me agasalhar, se eu andar com ferro,posso vendê-lo, mas por que um cavaleiro experiente não andava com ferro?

Ora, me resta a pluma. Mas uma pluma não há de me servir, o que farei?

- Por que pensas tanto em algo tão óbvio? Vais a uma Terra que não conheces sem espada? É uma tola! Mas quer andar sem ter nada para trocar por ferramentas necessárias? É uma tola! E pior, aposto que acha que uma pluma não serve de nada. Tola!

- Então o que levas? Ferro? Não o vejo. Espada? Não a vejo. Pluma? Não a vejo. Então,também és um tolo?

-Sou um tolo assumido. Mas sei reconhecer minhas fraquezas. Por que não me pergunta neste momento o que estou levando?

- Porque vejo que não levas nada.

- Tola. Só acreditas no que vê?

- Então me mostre o que levas? Deve estar escondido em algum lugar.

- Cansei de chamá-lá de tola. Então acreditas no que falo?

-Então em que devo acreditar?

-Olhe para onde aponta o Norte. Sabes o que é a terra depois de onde o sol toca? É um lugar desconhecido, mas se é desconhecido como acreditas que conheço? Não se fere um desconhecido com uma ponta de uma espada, quem com que ela fere, com ela mesma definhará. Se tu achas que num lugar desconhecido ferro é moeda de troca, morrerás de fome. Se achas que uma pluma não serves de nada, avise aos pássaros que a utilizam, que parem de utilizá-la. O que usarás na terra de ninguém? Nada do que conheces. O que você precisa é deixar que todo esse teu modo de vida se desengatem de teu corpo.- E olhando fixamente em meus olhos, ele perguntou-me- Tens aí dentro uma gota de bondade?

-Tenho.- Eu respondi.

-Então não a troque por ferro, não a substime como subestimou a pluma, e não a faça de arma de guerra como fez com a espada.

Depois disso, nós seguimos para o rumo de onde nada do que penso, realmente se torna tão ideal.

-Dona Isabele