As Crônicas de Helluríam
Capítulo 4
Valentin e Victor sentaram um ao lado do outro, em tronos com visão privilegiada da arena. Os habitantes de Helluríam faziam fila para conseguir adentrar o recinto. Lisel e Aurora se preparavam para a batalha, ambas com armaduras acinzentadas e um pouco pesadas.
-Uma rainha não deveria usar isto. - Reclamou Lisel.
Aurora estava concentrada, seu olhar fez com que um calafrio passasse por Victor, afinal, ele acabara de subestimar suas capacidades, e Lisel poderia pagar caro por isto.
-Ansioso? - Perguntou Valentin.
-Não.
-Espero que tenha lido os feitiços ao redor da arena, se o plano era de Lisel utilizar sua magia para vencer, isso não será possível.
-Uma arena selada de magia?
-Exatamente, aqui queremos apenas demonstrações de força física.
-Interessante.
Lisel defendia-se bem dos golpes de Aurora, contudo pouco conseguia contra-atacar. Ambas começavam a se desgastar rápido.
-Pensei que você fosse lutar de verdade. Saia daqui, volte para o seu trono, covarde. - Gritou Aurora para o delírio da multidão.
Lisel demonstrava sua fraqueza e as tentativas de Aurora em tirar sua atenção lhe fizeram tremer.
-Pelo visto teremos uma vencedora logo. - Se gabou Valentin.
-Você pode ter razão.
-Já chega! - Gritou Valentin. - Entrem todos! - Ordenou.
Duas dezenas de guerreiros apareceram pela porta oeste, logo atrás de Aurora.
-A senhorita só sabe se defender? Então vamos ver quanto tempo aguenta. - A multidão voltou a gritar.
-Magia é proibida, mas usar vinte guerreiros não? - Indagou Victor.
-Cale-se.
-Agora! - Victor estalou os dedos e a armadura acinzentada de Lisel tornou-se uma capa roxa.
-O que está fazendo? - Valentin correu até a grade.
-Mostrando quem é a verdadeira rainha.
Lisel bateu palmas e o cajado de Tirian surgiu em suas mãos.
-Tirian? O Arcano? - Aurora ajoelhou-se.
-Exatamente.
-Como o conseguiu?
-Victor o derrotou em Valufhria. Levante-se.
Lisel apontou o cajado para Aurora, conjurando um feitiço que a concedeu um enorme vestido dourado.
-Creio que o trono, seja o seu lugar, não o meu. - Lisel a fez flutuar, atravessando a grade e caindo ao lado de Valentin.
Toda a multidão permanecia em silêncio, apesar de alguns risos acabarem escapando, Victor caminhou até a borda da arena e estalou seus dedos, fazendo com que Lisel fosse parar em seu lado.
-Criar um inimigo pode ser mais perigoso do que enfrentá-lo. Você é um nobre, mas não faz ideia do que ainda lhe falta para ser um de nós.