A PRIMEIRA VEZ A GENTE NUNCA ESQUECE.

Quando ela começou a tomar banho, naquela noite, sabia que não era apenas um banho, era um ritual... Preparava-se para fazer algo que vinha pensando há muito tempo, mas ainda não encontrara coragem nem estímulo suficiente para ir adiante.

Enquanto a água escorria pelo seu corpo, ela revivia os acontecimentos que a levaram até ali. Pensou em seu casamento, em como amava seu marido, como fora feliz e como tudo mudara com a traição dele... Jamais o perdoaria por tanta falta de respeito. Ser traída dentro de casa tinha sido mais do que poderia suportar. Negou-se a chorar, prometera a si mesma que nunca mais choraria por esse motivo. Terminado o banho, passou óleo no corpo - sabia que ele gostava -, escolheu a roupa, um vestido vermelho, maquiou-se discretamente e saiu. Marcara às 22h, mas queria chegar um pouco antes para observá-lo antes do primeiro encontro. Ligou o rádio do carro e foi ouvindo uma música suave.

Enquanto subia a serra, que a separava de seu tão sonhado encontro, procurou não pensar no que estava indo fazer, não queria perder a coragem... Dirigia velozmente, adorava a sensação de liberdade que a velocidade proporcionava.

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Enquanto isso, ele pensava em como tudo começara; não sabia ao certo. Aliás, sabia. Sabia, mas custava a acreditar que tudo começara apenas com a visualização de uma foto. Não era desses homens acostumados às conquistas, onde qualquer pretexto ia dar na cama. Não. Sempre gostara de um comprometimento onde as relações fossem sendo construídas, aos poucos, sem ter pressa em se relacionar carnalmente com as mulheres. Não sentia prazer assim. Era metódico. Gostava de conhecer, ouvir delas seus segredos, partilharem emoções escondidas, fantasias, sonhos, até chegar aos “finalmente” da conquista. Mas, ela não. Com ela tinha sido relâmpago. Quando a viu, pensou: ela terá que ser minha! Não descansou depois disso.

Ele a via sempre em seus sonhos, com os olhos a lhe olhar, pedindo beijos, carícias, afagos, colo. Tinha que conquistá-la. E conquistou-a. Ambos queriam isso. Ficou fácil. Agora, estava se preparando para ir ao encontro dela. A noite prometia e o céu se encontrava brilhante com suas estrelas, todas elas, vivas no alto de sua cabeça, a guiá-lo para os braços dela. Entrou no carro e guiou, calmamente, para aquele lugar que seria o seu ninho de amor. Sentiu um leve tremor em suas pernas e percebeu que sua excitação aumentava na medida em que avançava para o local do encontro. Estava no horário, até um pouco adiantado. Olhou para cima e viu a varanda do hotel, displicentemente vazia, como uma senha para que ele a esperasse sem medo de serem vistos.

Estacionou o carro e ficou, em pé, à espera daqueles olhos que sabiam olhar lá dentro da alma e que arrancavam dele, a nítida sensação do prazer.

De repente a viu chegando. Estava deliciosamente bonita, vestida de vermelho, um sorriso nos lábios e um quê de investigação no olhar. Por certo o estava avaliando. Ele também a avaliou.

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Chegando ao lugar marcado, ela percebeu que ele já estava lá, exatamente como ela o imaginava. Bonito, elegante, discreto, tudo que ela precisava naquele momento. Desceu do carro e foi ao seu encontro. Cumprimentaram-se com um beijo no rosto, a mão dele pousou em suas costas um pouco mais que o necessário. Ela sentiu-se perturbada com o toque de seus lábios em seu rosto. Gostou. Sentaram-se no bar do elegante hotel. Suas mãos se buscaram. Ele sentiu o cheiro que aquele corpo trazia e que denotava a frescura de sua pele massageada, que estava, por um óleo de amêndoas, coisa que ele adorava numa mulher. Era afrodisíaco. Ele tocou sua perna e ela sentiu-se desperta. Chegaram-se. A sua mão o tocou e ele sentiu um estremecer em suas carnes. Ela gostara. Sorria como quem estava antecipando o prazer que teria dali para frente.

Conversaram, mas o que eles queriam era saírem dali e irem para um lugar onde pudessem por para fora tudo que sentiam e o que estavam desejando. Ele voltou a tocar sua perna e subiu com o dedo por sobre sua coxa e a viu respirar mais rapidamente, soltando gemidos de frenesi, não deixando dúvidas quanto aos pensamentos que eles tinham naquele momento.

De repente, um incômodo: o celular tocou, ele precisava ir embora. Uma urgência pedia sua presença no hospital.

Imprevistos...

Ela sentiu-se decepcionada... Sonhara tanto com aquele momento! Quisera tanto! Quando voltariam a se encontrar? Ele fez uma ligação. Pediu que um amigo o substituísse, era preciso despachar logo aquele dissabor, pois não ia deixar escapar aquele momento, aquela oportunidade. Não sabia se voltariam a se terem. Era ali ou nunca. Acabou convencendo-se que era ali, o nunca não fazia parte daquele contexto.

Precisava sair dali. Convidou-a. Ela aceitou com uma carinha de quem já estava quase desmaiando de prazer.

Ela estava nervosa, aflita talvez, mas queria ir até o fim. Queria sentir seu gosto. Precisava entregar-se a ele. Já o fizera tantas vezes em pensamento!... No caminho que os levava ao recanto do amor, eles mal conversaram. Tudo parecia elétrico, suas descargas estavam magnetizadas e até o respirar de ambos era motivo de excitação.

Chegaram ao motel. Escolheram uma suíte discreta e, quando lá chegou, ele a beijou pela primeira vez. Ambos pareciam nervosos. Ele estava. Ela também. Mas, ela parecia melhor que ele.

Sentiu o desejo transpirando por todo corpo dela e não mediu esforços para recompensá-la por tudo que estava passando e querendo. Beijaram-se e foi como se a vida toda ela esperasse aquele beijo. Beijou-o longamente. Abraçou-se a ele como se abraçasse a própria esperança de ser feliz. Queria ser dele. Precisava viver esta paixão.

Entraram no quarto e começaram a explorar-se. Ela ainda nervosa e envergonhada. Ele procurando deixá-la à vontade com suas carícias e beijos. Ela adorou sentir seus dedos percorrendo seu corpo, invadindo sua intimidade; sua língua despertando prazer, fazendo-a sentir-se viva, desejada. Entregou-se àquele momento e desejou estar mais relaxada para também dar-lhe muito prazer. Seu corpo palpitava a cada toque, a cada passada de dedo por sobre sua grutinha e o líquido viscoso do seu prazer vinha acompanhando a massagem. Estava excitadíssima!

Ele pensava, por por outro lado: Que mulher!

E ele usou e abusou daquele corpo gostoso de fazer amor. Não foi uma relação normal, dessas que esperam tudo acontecer no seu devido tempo. Tinham pressa. Pressa de sair dali. Pressa de se conhecerem. Pressa de sentirem prazer. Pressa de buscar o clímax.

Fizeram amor pela primeira vez e ela sentiu como se fosse esta, realmente, a sua primeira vez, o que não era de todo mentira. Ali ela vivia outra primeira vez... E sentia-se feliz por ser ele, não havia explicação lógica para isso, apenas sabia que queria que fosse ele e foi. Adorou ouvi-lo alcançar o clímax... Sentir a explosão de seu prazer dentro de seu corpo e sentiu-se fêmea, acariciou o rosto de seu amado e ficou feliz por sentir que ele estava saciado e que fora ela a provocar esta sensação de abandono, entrega e prazer. Colou seu corpo ao dele e deixou-se ficar ao seu lado...

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Ele pensava em como ela fora divina. Doou-se. Deu-se de uma forma linda, prazerosa. Sentiram tudo. E quando ele chegou ao orgasmo, seu urro foi tão grande que parecia o uivar de um macho que tinha acabado de conquistar seu terreno e a ele estava demarcando. Um êxtase profundo, prolongado, apaziguador.

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Ela sabia que queria mais, que precisava estar com ele uma vez mais, mas também sabia que estava correndo muitos riscos.

Tinham suas vidas e não podiam esquecer isso, mas também queria e sabia que precisava sentir outra vez aquele corpo junto ao seu, aquelas mãos percorrendo seu corpo, aquela língua explorando sua intimidade, desvendando seus segredos.

Como precisava, de novo, daquela boca gostosa sobre a sua, daqueles dedos longos em seu corpo fazendo-a vibrar de prazer... Daquela voz sussurrando seu nome, seus olhos denunciando todo seu querer! Sim, queria-o novamente.

Despediram-se, mas ambos sabiam que voltariam a se encontrar. Contra toda prudência, eles voltariam a se entregar a esta paixão, este desejo avassalador que tomara conta de seus corpos.

De volta à granja onde morava, ela percebeu que não estava arrependida... E assustada viu que ele deixara uma marca em suas costas. Trocou de roupa e escondeu a marca que seria para sempre a "marca de seu ritual de passagem". Foi para o computador (não gostava, mas no momento era o único jeito de entrar em contato com ele): havia uma mensagem dele. Leu-a tantas vezes quanto pode. Respondeu. E ele desapareceu. Nenhuma mensagem. Nenhum e-mail. Nenhuma ligação. Sem querer, sentiu-se decepcionada. Sabia que era mais sensato assim, mas esperava o contrário.

Até que um dia ele reapareceu... Marcaram um novo encontro e ela ficou radiante diante da possibilidade de voltar a encontrá-lo.

Queria mostrar a ele o quanto o desejava. Como era gostoso fazer amor com ele! Sabia que era perigoso o que estava fazendo, mas também sabia que era maravilhoso e ia em frente, queria viver esta paixão em sua plenitude. Que se danasse a prudência!


 




Obs. Imagem da internet

Raimundo Antonio de Souza Lopes
Enviado por Raimundo Antonio de Souza Lopes em 13/08/2007
Reeditado em 03/02/2012
Código do texto: T605611
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