A árvore da vida
Hoje foi mais difícil.
As vozes que a solicitavam o dia todo ainda ecoavam na sua mente.
Ela não esquecera nem por um momento da noite anterior e decidiu tentar de novo.
A rotina, o dia cansativo, estavam agarrados ao seu corpo exausto.
Fechou os olhos, mas tudo o que sentia era a bagunça dos seus pensamentos e emoções.
Estava para desistir, as costas doíam muito, precisava mesmo repousar.
No meio de ideias e preocupações, se deu conta da imagem de uma árvore que ia e voltava.
E num instante... Era real.
A árvore mais bonita que já tinha visto na vida.
Estava, então, sentada no alto de um monte à sua sombra.
Usava um vestido de algodão longo, branco, de mangas compridas e na cintura um cordão.
Tudo o que queria naquele momento, estava ali.
Era dia, o céu de um azul sereno, uma brisa leve passava por ela enquanto contemplava o horizonte.
Paz era a sensação que tinha, o silêncio era o que precisava, o único som era o de uma gaivota que voava alto lhe causando inveja do poder de voar.
Seu peito encheu de gratidão.
Parecia engraçado e insano, até para ela, mas precisava e queria agradecer à aquela árvore.
Levantou-se e abraçou o tronco como se fosse ter o abraço retribuído.
E teve, era como ser abraçada por uma mãe.
Deitou-se naquelas raízes com a impressão de que eram macias, com os olhos fechados, com muito respeito.
Depois contou-lhe todos os seus segredos, e ouviu alguns também.
Foi uma conversa alegre e natural, como se fossem velhas amigas.