Canoa

Ao entrar em contato com água do mar, límpida, extremamente cristalina, serena e plácida. Uma tranquilidade prazerosa percorreu-lhe a alma, uma inspiração magnífica saltava-lhe o espírito, de maneira que começara a cantar um espécie de mantra. E, na medida que cantava, as águas movimentavam-se ritmicamente com o mantra entoado. Dessa forma, numa perfeita sintonia, as águas e o mantra interagiram num único ritmo, das águas, então, catedrais e palácios se erguiam límpidos, permeáveis, perfeitos, cristalinos, logo após se desmontavam com a mesma rapidez que apareciam. Mundos eram criados e desfeitos aos milhões com os relâmpagos em leque de raios para todos os lados, depois, desapareciam serenamente como um virar de página de um grande livro. Imediatamente, só o vento embalava seu espírito como embala as velas dum veleiro navegando no azul profundo do oceano. Tudo isso acontecia diante de si, num expirar e inspirar de uma meditação profunda.

Assim, completamente absorto em pensamentos transcendentais.

Num dado momento, um turbilhão em rodamoinho se formou a sua frente, e, de dentro, surgiu, em meio raios, relâmpagos, uma profusão de luzes cujo vórtice revelava emergindo dentro de si uma Deusa, resplandecente em sua tez, com olhos profundos de sois de Andrômeda, cabelos de espuma dos oceanos e com a beleza estonteante do cosmo infinito. Flutuando sobre uma gigantesca Lotus, pairava sob seus olhos atônitos e em êxtase, quase sem acreditar ao certo na visão que os mesmos lhe mostravam, conseguia, ao redor, vislumbrar ainda índios devotos, que remavam em conjunto uma enorme canoa invisível que navegava cortando firmamento, num ritmo constante, frenético e incansável da batida de seus próprios corações. Algo como: rhum, rhum, rhum, rhum, rhum...

E assim a canoa flutuava guardada por Garuda, em cujo céu que voava também dançavam as Gopis. Pelo firmamento, sob tudo, cruzava, qual um cometa, uma lágrima de felicidade da suprema personalidade de Deus advinda da contemplação de sua própria criação.