Canções de Guerra - Último Capítulo (+ prólogo de bônus)

Capítulo 10 – Guilherme Laquini

Henrique saiu da tenda e foi ao encontro das tropas com Emmanuel, partiu para o campo de batalha, estava obstinado a encontrar sua filha e nada no mundo o faria parar, mataria quantos bárbaros fosse necessário para que a tivesse de volta.

Foi ao palco da batalha junto à cavalaria, estava montado em um belo alazão, o cavalo tinha uma incrível crina branca, assim como suas patas, não era o cavalo mais belo, nem o mais forte, mas era o cavalo de um líder.

Quando adentrou o grande campo aberto viu que o confronto já começara, suas tropas estavam a lutar contra a primeira frota inimiga, os bárbaros sempre estiveram mais equipados e treinados, porém não parecia ser páreo para as forças do rei, estavam com grande vantagem numérica, Henrique investiu contra seus inimigos tendo a cavalaria ao seu lado, por mais que seu animal fosse veloz para ele parecia que nada era rápido o bastante, queria apenas acabar logo com aqueles guerreiros que o atrapalhavam a ter sua primogênita novamente em teus braços, sentir seu calor e podê-la abraçar como já não fazia há muitos anos.

Já no centro do campo Henrique cruzava espadas com bárbaros que apareciam em seu caminho, já matara mais de uma dezena mas parecia insaciável, seu sangue fervia e ninguém conseguia parar aquele homem, era feroz e bestial, a espada era uma extensão de seu corpo e fazia o sangue de seus inimigos jorrar.

Henrique percebeu que ao fundo da batalha Dagmar fugia com sua guarda principal, o grande líder bárbaro se acovardara, percebeu que a derrota era iminente e fugia com o rabo entre as pernas feito uma menina. Porém, houve algo mais interessante que prendeu a atenção de Henrique, viu ao longe os três soldados que capturaram sua filha no fim do campo, fugindo a oeste da batalha e levando sua primogênita embora. Partiu em um rápido galope, atravessando o campo de guerra sem se importar com aqueles que tentavam golpear-lhe. Tudo que importava era ela.

Conseguiu alcançá-los por estarem a pé, desferiu um golpe de espada nas costas no primeiro, derrubando-o, os outros dois o viram e pararam para lutar, sua filha permanecia amarrada, Henrique logo deu conta dos dois, atravessando o peito de um com sua espada e cortando o pescoço do outro.

Desamarrou sua filha e finalmente a teve em seus braços, trocaram palavras de afeto e deram um longo abraço, já não conseguiam abrir os olhos e lágrimas neles brotavam, até que Henrique ouviu uma lâmina cortando carne, tudo o que sentiu foi o corpo de Marie caindo, abriu os olhos e viu a cabeça dela rolar, o soldado que ferira nas costas não morrera e, agonizando, deu seu último golpe na traidora de seu líder antes de cair sem forças no chão.

Já não entendia o que se passava, Henrique sentiu o chão abaixo de seus pés desaparecer, ensandeceu, a razão lhe deixou, já não sabia mais quem era ou onde estava, começou a rir histericamente em meio as lágrimas que corriam por seu rosto, até que se aquietou, seus olhos não tinham mais foco, apenas o vazio o preenchia naquele momento.

Sem saber o que fazer ou para onde ir, apenas fez o que lhe parecia mais sensato, já não via mais sentido em seu viver e portanto queria se juntar as pessoas que amou e o abandonaram.

Decidiu pôr fim a sua vida, apenas levantou, pegou a espada das mãos do assassino de sua filha e a atravessou contra seu próprio peito, caindo morto sobre o corpo inerte de sua filha. Não sentira dor alguma, apenas permitiu que a vida deixasse seu corpo e foi de encontro ao que lhe aguardasse adiante.

PRÓLOGO DO CONTO

(Sim, é o prólogo galera. Eu sei que o prólogo deveria vir antes do início do conto, mas não consegui achá-lo para colocá-lo junto ao Capítulo 1)

Milena era uma jovem e linda moça vassala à família adotiva de Henrique quando ele a escolheu para se tornar sua esposa. Toda sua família fora surpreendida quando o nobre rapaz mandara o pedido à aldeia da família Finn, pedindo a mão de sua mais bela moça em casamento. Henrique já havia completado 16 anos e havia passado muito tempo da exigência de casamento da corte real. De acordo com os costumes da época, normalmente era escolhida uma moça de uma casa importante, para que a família real aumentasse seu poder em relação aos outros feudos. Mas não foi isso que aconteceu. Henrique escolheu a moça pela sua humildade e confiança que passava durante os dias que ele a visitou, o que desagradou muito à família real, que não tinha influência sobre a escolha do rapaz.

O casal se uniu no dia 18 de dezembro e o título da casa Finn foi presenteada à Henrique como gesto de agradecimento. Milena e Henrique formaram uma vida muito feliz até o dia que a moça foi acometida com uma grave doença, dois meses depois que sua gravidez foi anunciada. Henrique se sentia muito triste e preocupado com o estado de sua esposa e com seu bebê, que corria risco de vida.

Como jurado no dia do casamento, Henrique cuidou de sua amada por todo o tempo que podia, e nos momentos de melhora que Milena conseguia se manter lúcida, conseguia ajudar Henrique a cuidar de sua filha, que nasceu com uma saúde muito boa. Durante alguns poucos anos Milena conseguiu se manter estável, até que sua situação piorou novamente. Henrique a amava, e fez tudo que era possível para salvá-la. Recorreu a bruxos e feiticeiros e depois de anos e anos, Milena foi curada. Henrique nunca fora tão feliz desde que tinha se casado com ela. Mas não durou muito tempo. No verão de 1263, uma invasão bárbara em suas terras ceifara a vida de sua esposa. Henrique nunca mais foi o mesmo...

Leonardo Nali e Guilherme Laquini
Enviado por Leonardo Nali em 09/03/2017
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