Canções de Guerra - Capítulo 9

Capítulo 9

Era uma tarde florida e ensolarada, com as flores sendo levadas pela brisa quente do verão. Era um dia como outro qualquer, mas Henrique percebera que algo estranho viria a acontecer. Seu irmão de criação estava chegando de uma invasão na Normandia com uma insígnia de bronze grafada em seu peito. Sabia ele que era uma boa notícia. Ao abraçá-lo em um reencontro emocionante, perguntara o que tinha acontecido na batalha. Emmanuel disse-lhe que a invasão foi fracassada e que o império Britânico havia vencido em todos os quesitos. Isso era muito bom, mas parecia bom demais para ser verdade.

– O nosso rei, notando a importância da nossa vitória, me elevou à Lorde e com isso, terei que viver na província cuidando de assuntos reais – Emmanuel disse.

Em silêncio, Henrique não sabia se ficava feliz pelo sucesso de seu querido irmão, ou se ficava triste pelo fato de estar “sozinho” novamente. Ele ainda tinha com quem conversar, sua esposa, mas ela sempre foi muito doente, o que impossibilitava de ele estar sempre junto a ela. Ele a amava tanto, e se sentia culpado por não poder ajudá-la. Sua pequena filha ainda era muito pequena para compreender as histórias épicas de seu pai.

Mesmo em um dia agitado, Henrique não esquecera que sua querida filha fazia 5 anos naquele dia. Era um dia muito especial, pois de acordo com a tradição de sua família, o pingente de ouro que pertencia a ele seria passado à sua filha. Depois de dizer comoventes palavras a ela, entregou-a o pingente de ouro representando uma orquídea, deu um beijo em sua face e foi dormir. Não conseguira dormir muito. Acordou com barulhos vindos dos cômodos servis abaixo de seu castelo, chamou seu intendente e foi ver o que havia acontecido.

Havia ali, um jovem robusto, de barba longa e com uma expressão raivosa em seu rosto com uma fina navalha apontada no pescoço de uma criança encapuzada. Sem poder fazer nada, Henrique, desesperado, voltou ao quarto de sua filha para ter certeza se não fora ela a sequestrada. Estava lá suas roupas e sua pequena boneca de pano virada ao chão com marcas de sangue em suas costas. Não havia um sentimento pior. Lágrimas febris caíam de seu rosto triste e melancólico e saberia ali que nunca mais seria feliz novamente.

– Raptaram minha filha, vão matá-la, vão torturá-la. Droga! Eu sou um inútil, que raios de guerreiro eu sou, que não posso ajudar uma inocente criança! – praguejou.

E naquela noite de verão, com uma leve brisa passando por todo o castelo, o céu começava a chorar lágrimas de compaixão e tristeza e Henrique sabia apenas de uma coisa:

– Eu nunca vou te esquecer. Caçarei esse bárbaro aos confins dos sete mares e te trarei de volta.

Havia passado apenas algumas horas e Henrique acordou com um chamado súbito que ele conhecia. Estava sozinho deitado em um chão com um guerreiro imponente à sua frente. Era ele. Sim, ele sabia. Estava salvo. Emmanuel disse, em tom alto:

– Nós estamos aqui. Nós vamos vencê-los.

– A minha… – Henrique tentou dizer, quando – Não se preocupe, apenas vamos – o Lorde retrucou.

Ela estava bem, ele sabia, mas agora era a hora. Partiram juntos para o campo de batalha.

Leonardo Nali
Enviado por Leonardo Nali em 03/03/2017
Reeditado em 06/03/2017
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