A ponte de Vahar - II

O veículo seguia a toda velocidade pela escuridão da rodovia.

Em alguns momentos cruzava com outros veículos que nada mais eram que luzes ofuscantes e borrões negros que logo desapareciam. Passavam por placas iluminadas dos mais diversos anúncios. Pequenos casebres imersos num mar de escuridão.

Dentro do ônibus as luzes estavam apagadas e maior parte dos passageiros parecia dormir. Havia um clima de calmaria interrompido momento ou outro pelos solavancos do veículo.

No colo de Weber, dentro da bolsa o globo vibrava com mais força agora, parecia prestes a saltar dali. É agora. O líder dos irmãos levantou a mão e tocou atrás da orelha. Os outros sentiram imediatamente o chamado e aguardaram ansiosos.

‘O globo está pronto. Quantos são no total?’ perguntou Weber telepaticamente.

‘vinte e dois’ Respondeu William ‘Doze homens e dez mulheres. Somente três tem menos de vinte anos e há um com mais de oitenta. Ele servirá?’

‘veremos. ’ concluiu. Em sua cabeça Walter gargalhou doentiamente e não falou nada. Walter como todo irmão mais novo - mesmo que só cinco minutos mais novo – tinha sérios problemas em seguir ordens e padrões de comportamento exigidos. Ele precisava de uma punição. O que ainda mantinha-o nas missões era a ligação entre os três que era poderosíssima e isso o tornava indispensável. Quantos mais em Vahar possuem tal força? Debochava ele. Ainda assim ele precisava de uma punição ou corretivo como alguns diziam ali na Terra. E iria citar isso em seu relatório.

‘Dentro de alguns minutos adentraremos a zona limite, o globo estará em funcionamento total e a camada de separação entre Terra e Vahar será nula. Teremos de ser rápidos. Algum problema ou poderemos agir sem interrupções?’

‘Bem’ disse William ‘e quero estar de volta o quanto antes’.

‘Toda vez tem que perguntar isso?’ replicou Walter ‘estamos bem! fodidamente bem Hermano!’ outra explosão de risos.

‘Walter! Isso é um procedimento padrão, sabe bem! Qualquer problema biológico, mal estar, ou sei lá o que pode quebrar a ligação. E se quebrar, adeusinho carne fresca, força mental, vida em Vahar... Quer voltar de mãos vazias? Acho que não. Então me obedeça entendeu bem Walter?’ Silêncio “Walter!”

‘entendi’ respondeu por fim ‘sempre tão sérios’. Havia em sua voz um fiapo de riso, Weber sentiu. Telepaticamente, distante de um soco, de uns chutes no saco ou mesmo dos oficiais, a quem eram subordinados, Walter agia como um sujeito corajoso.

Weber calmamente foi retirando o globo de dentro da mochila. Balançava de maneira mais acentuada agora e ele temeu que lhe caísse das mãos. Não era pesado. Lembrava uma bola esportiva humana, porém menor e de vidro. No seu centro um minúsculo ponto de luz piscava acompanhando o ritmo da vibração. Chamou os irmãos telepaticamente e eles responderam do mesmo modo. As mentes fundiram-se na sua, os três tornaram-se um.

Em alguns segundos sentiu a energia fluir do globo numa explosão de luz.

Continua...

Wenderson M
Enviado por Wenderson M em 24/02/2017
Reeditado em 30/06/2017
Código do texto: T5922476
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