Seven Devis - Ao acordar

Quando acordei do meu coma não estava completamente curada, mas meus demônios precisavam de mim. Um homem com grandes poderes conseguiu levá-los pra longe, meu dever agora além de trazê-los de volta era também ensinar-lhe que não se deve mexer com nenhum dos meus sete. Esse Doutor Destino não tem ideia do que lhe aguarda.

No instante em que coloquei o pé fora da casa de Freya um portal se abriu, com curiosidade e contra os conselhos dos meus demônios decidi entrar para vê aonde me levaria. Ao passar por esse portal eu vi um homem de cavanhaque com uma capa vermelha flutuando, parecia meditar.

-Você pode sentar. – Após proferir essas palavras uma cadeira surgiu perto de mim.

-Obrigada. – Sentei-me confortavelmente.

Ele terminou sua meditação, veio até mim e sentou-se na minha frente. Era um homem muito bonito, parecia bem inteligente. Pegou uns papéis e buscou por meu nome.

-Cristie de Centurion, não é?

-Sim, essa sou eu… Stephen.

Ele me olhou imediatamente.

-Dr. Estranho e você poderia, por favor, parar de vasculhar a minha mente?

-Não. Estou sentada na frente de um homem que sabe quem sou, após um portal surgir do nada. Tenho o direito de saber quem você é, não acha?

-Poderia apenas me perguntar.

-Pessoas mentem. As profundezas de suas mentes não.

Ele parecia me analisar.

-Você é interessante.

-Eu sei.

-Posso arrancá-la da minha mente quando eu quiser. – Ele disse tentando parecer tranquilo, voltando a olhar os papéis.

-Não, não pode.

-Como tem tanta certeza?

-Se pudesse já teria feito… Stephen. O que quer, de verdade?

-Sei que está indo em uma missão suicida. Encontrar o Dr. Von Doom para reaver alguns… – Ele fez uma careta. – Demônios?

Eu sorri.

-Sim, apesar de não considerar uma missão suicida. Enquanto eu dormia, ele se apoderou de três dos meus sete demônios. – Passei a andar pela sala. – Ele irá pagar por isso.

-Acho que o está subestimando, ele é um homem muito forte e pode tomar os seus poderes pra si.

-Agora é você quem está me subestimando. Você sabe que não tenho tempo a perder, fale logo.

-Estou mantendo esse mundo a salvo e soube que você quem esteve por trás da vinda do Loki naquela devastação de NY. Tem bons poderes e não é inteiramente uma pessoa ruim, salvou uma criança no atentado em questão. Quero a sua ajuda para colocar Dr. Von Doom nos eixos, pois estou sem tempo para fazer isso pessoalmente.

-Não sou inteiramente uma pessoa ruim? Gostei dessa.

-Minha rainha…

-Silêncio! – Minha exclamação repentina fez o Dr. Estranho franzir o cenho.

-Seus demônios estão aqui?

-É claro! Os que restaram, mas me diga: o que ganho ajudando você?

-Terá seus outros demônios de volta…

-Isso terei de qualquer forma.

-Pelo que sei seus pais eram da realeza. Cuidavam dos dez reinos que hoje são nove, tem muitos poderes, mas nunca tentou tomá-los pra si, apesar de ter causado um grande… Caos.

Acabei sorrindo orgulhosa.

-Então, qual sua proposta?

-Diversão! Irá manipular o Dr. Von Doom e depois destruí-lo. Tenho certeza de que achará isso interessante.

Voltei a sentar-me.

-Diga-me Dr. Estranho, o que devo fazer?

Ele estava satisfeito por pensar que havia conseguido me convencer, mas as coisas não são tão simples. Vou ter meus demônios de volta e acabar com Von Doom, mas não por seu pedido. Porém esse Stephen é um homem cheio de conhecimento, ao vasculhar sua mente vi várias portas trancadas pelas quais não consegui passar, não dessa vez. Novamente ele me pegou pela curiosidade, vou querer vê-lo de novo. Para isso terei de entrar no seu jogo. Abriu outro portal e fui parar perto de um castelo na Latvéria. Logo mudei minha imagem para ficar mais parecida com os habitantes dali.

-Qual o plano, minha rainha?

-Por enquanto, apenas observar. Vocês irão vasculhar o lugar para saber dos outros três, eu vou servir o Dr. Destino.

-Melhor não ficar sozinha.

-Não discutam comigo! Eu não estou com humor pra isso. Andem, vão logo.

Mostraram-se contrariados, mas obedeceram. Segui umas mulheres até o castelo, em um salão com uma mesa farta acontecia uma banquete, era feriado do dia do destino. No topo da mesa estava sentado um homem com um tipo de armadura. Todos o tratavam com muita cortesia, mas ele parecia entediado. Peguei uma das bandejas e comecei a trabalhar.

Passei algumas semanas dessa forma, afinal é na cozinha que se pode descobrir muito sobre os senhores do castelo. Ali soube de toda a ambição do Dr. Von Doom, de já ter namorado uma garota chamada Valéria e de ter vendido sua alma para três demônios em troca de um aumento de seus poderes místicos.

No meio de tudo isso não parava de me perguntar sobre o Loki, certo dia em um quarto, conseguido ao fazer amizades com a criadagem, decidi projetar-me em Asgard. Andei pelo castelo por um tempo e o vi sentado no trono, mostrava-se feliz, mas na verdade eu sabia que não era bem verdade. Passado algum tempo ele saiu dali e foi até o jardim, o mesmo em que um dia caí de joelhos quase sem ar de tanto ódio.

Minha vontade era de correr, abraçá-lo e beijá-lo, mas não seria possível. Ele estava pensativo andando pela grama, perguntei-me se seus pensamentos estavam em mim, ia vasculhar sua mente e deixá-lo me vê, no entanto uma mulher apareceu. De alguma forma não conseguia ouvi-los, estavam próximos, mas pareciam falar do castelo. Quando dei por mim havia voltado para aquele quarto no castelo do Destino. Um dos meus demônios estava ali a olhar-me.

-Não fez bem em usar seu poder assim, minha criança.

-Eu sei, ainda estou fraca, mas precisava vê-lo.

-Não parece ter gostado do que viu.

-Tem uma mulher junto do Loki.

-E você está com ciúmes.

-Não seja estúpido. Loki pode ter milhões de mulheres, mas é a mim que ele ama. Negócios são negócio e se pode tudo nesse ramo.

-Assim como fez Thanos quase apaixonar-se por você.

-Qualquer apaixonado é um tolo, fácil de lidar. Melhor forma de conseguir aliados e obter o resultado desejado.

-O que pretende com o Dr. Estranho?

-Apenas matar minha curiosidade. Apesar de não conseguir me expulsar de sua mente, pôde me manter distante de boa parte dela. Eu quero saber o que havia por trás de cada porta trancada… Mas, isso é para outro momento, agora me diga o que descobriram?

-Dr. Von Doom nos invocou para vender a própria alma. Três de nós vieram, mas após a negociação não conseguiram voltar. Eles não estão aqui.

-Onde estão?

-Em uma dimensão demoníaca.

-Como trazê-los de volta?

-Apenas com uma grande energia da qual não está pronta para usar, se mandar o Dr. Von Dom para essa dimensão irá abrir um caminho no qual eles podem atravessar.

-Pode-se abrir um portal diretamente para jogá-lo lá?

-Sim, minha criança.

-Ótimo! Mande os outros voltarem, quero todos comigo de agora em diante, pois o jogo vai começar a ficar perigoso.

No castelo havia várias grafias que impediriam o Dr. Estranho de simplesmente abrir um portal e aparecer ali. Era um tipo de mágica muito forte; muito poderosa. Decidi pelo caminho mais divertido, Von Doom tinha uma grande mente, era esperto, quase magnífico, porém era apenas um humano em toda a sua fraqueza. Apaixonou-se uma vez, isso poderia acontecer de novo.

Passei a cuidar das coisas pessoais dele, não conseguia vasculhar sua ideias por conta da armadura e dos poderes. Certo dia ele passou a me notar, dei uma opinião mesmo sem ter pedido nada. No início pareceu não ter gostado da intromissão, mas depois me perguntava sobre tudo, contava-me histórias do que já vez e do que pretende fazer. Vangloriava-se por horas e eu o fazia sentir-se ainda mais especial do que já se achava.

Projetei-me até o Dr. Estranho e contei-lhe meu plano, não falei sobre meus demônios, apenas sobre jogar o Von Doom na tal dimensão. Ele ficou extremante empolgado, marcamos o lugar onde deveria levar o Dr. Destino. Tudo correu da melhor forma, após passar um tempo pedindo para levar-me a um passeio, Von Doom cedeu e assim selou-se seu destino (desculpe, mas não resisti).

Dr. Estranho abriu um portal e o atiramos ali dentro, consegui mantê-lo aberto até todos os meus sete estarem novamente ao meu lado. Totalmente enfraquecida pelo esforço, Stephen ofereceu-me descanso no Sanctum de NY.

-Você foi mais eficiente do que imaginei. – Disse ele sentado ao lado da minha cama.

-Pensou que o trairia?

-Na verdade, sim.

-Minha raiva e desejo de ter meus sete ao meu lado foram maior que qualquer outra coisa.

-Um dia irei ouvir toda a sua história, mas precisa descasar.

-Por que está fazendo isso? Quando nos encontramos a primeira vez tinha em mente me atacar após ajudá-lo com o Dr. Von Dom, no entanto me ofereceu abrigo; descanso.

-Eu vi algo em você, Cristie. Está machucada… Foi torturada uma vida inteira, vingou-se de forma cruel, é claro, mas não acredito nessa maldade toda. Durma em paz, está protegida. Ninguém irá feri-la aqui. Eu não deixarei.

Ele se retirou deixando-me ainda mais intrigada. Estaria ele falando a verdade? Alguém nesse mundo não tentaria tirar alguma vantagem de mim? Ou seria apenas uma estratégia para um plano maior? Realmente não tinha as respostas naquele instante e meus sete pareciam gostar dele. Por via das dúvidas os deixei de plantão e dormi. Sonhei com o Loki, nós dois na grama do castelo felizes como nunca fomos.

ALANY ROSE
Enviado por ALANY ROSE em 06/01/2017
Código do texto: T5873915
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