Fora alcançado

Fora alcançado. Com o ombro ferido fora vencido pelo cansaço. Deixou a pesada mochila cair sobre um pequeno arbusto e retirou vagarosamente Asgald das costas. Um vento tranqüilizador varreu a colina diante de seus olhos. Sentiu alívio. Aquela calma quase entorpecente diante do inevitável. Não havia volta. Homens não sabem perdoar. “Foda-se”. Abriu o bolso lateral da mochila e pegou seu cachimbo de Olulle. Sentiu saudades do velho pai. Aquele maldito baixista de olhar gentil fazia falta. Amassou as últimas folhas de Gaya na palma da mão e encheu o fornilho. Camada por camada. Calma e cuidado! Como cabe a um homem de verdade. A mesma brisa novamente varreu o vale à sua volta. Desta vez pode sentir odores peculiares e conhecidos. O perfume das vidálias que cresciam entre as pedras com seu característico adocicado. O cheiro característico das montanhas onde nasceu.

Abriu a caixa de fósforos. 3 palitos. Teriam que dar. O vento constante não seria seu aliado naquele momento. Colocou a piteira na boca com a elegância costumeira. Em poucos segundos um deleite incontestável estampou sua face. Sorriu voluntário diante da delicada fumaça. Agitou a mão com firmeza. Rygar valorizava coisas simples. A fé, a música, o amor e a coragem. A fumaça custou dissipar como se partilhasse o momento. A satisfação de um homem consciente. A sabedoria de lidar bem com o tempo que lhe fora dado. As escolhas que poderiam mudar seu mundo. O prazer que um homem concede a si mesmo ao fumar o seu cachimbo. A inexorável satisfação do curso percorrido.

O lago vermelho com margens brancas e brilhantes no vale abaixo chamou sua atenção. Puxou novamente o sabor do fumo para dentro da boca e o segurou por uns instantes. As tropas da orquestra da Frundsberg contornavam o lago. Em poucos minutos enfrentaria seu destino. “Que estes cães venham logo ladrar diante do meu machado!”

Contemplou calado o cenário à sua volta. Revirou as folhas dentro do fornilho para avivar a chama. Puxou a fumaça novamente. Um lobo fez ouvir seu uivado lamentoso. Identificou a direção do som e saudou a fúria de seu totem levantando o punho fechado. Não havia despedida. Ninguém transformaria aquela luta em poema. Nenhum verso seria escrito em memória àquele dia.

“Venha maldita. Já puxei a cadeira para você sentar! Não sou cavalheiro. Homem simples. Aprendi a ser leve. Odeio despedidas. Beba esta última taça comigo. A lâmina do juramentado me aguarda. Não me esnobe garota. Você sabe dançar como ninguém. Esta é a hora. A lâmina do juramentado me aguarda. Minha dama. Não morrerei sozinho. Meu pai, meu irmão e amigos conhecem canções esquecidas. Um homem de respeito sabe morrer em paz! Meu último suspiro será uma canção!” – tamborilou os dedos na perna e sussurrou um trecho de Não Sou Cavalheiro. Gostava da música dos Corvos Mortos. Ficou á vontade para sentir saudades do filho. Tinha orgulho do garoto.

O primeiro ataque veio de forma exploratória. Três infantes tomados de empolgação e loucos por fama subiram a encosta rapidamente. Um último trago sorriu-lhe o rosto. Apoiou o cachimbo sobre um galho entre os arbustos e bateu os pés no chão. Trocou o pano molhado de sangue do ferimento por um retalho novo. Tomou Askald nas mãos e conferiu as cordas secas de tripa torcida. Não estavam perfeitas. Retesou duas delas um pouco para alcançar a afinação desejada. Era uma velha arma, não uma arma velha. Os cravelhames de marfim de mastodonte eram muito pesados e firmes. Poucas pessoas entre os cimbros conseguem usar um gandar. Askald não era um gandar qualquer e sentia-se muito a vontade nas mãos firmes de Rygar. Girou levemente para que alcançar notas de combate agudas e rápidas como o momento exigia. Voltou as cordas graves meio ponto e tamborilou sobre a caixa de ressonância. O chão à sua volta fez um leve tremor.

Rygar sentiu a proximidade dos três primeiros atacantes. As cordas vibraram como que por encanto. A magia das músicas de combate dos nativos de Cymbria são de difícil controle. Eram alimentadas por sentimentos de fúria “controlada.

A coisa toda deve ter durado no máximo uns cinco minutos. Instantes carregados de universos inteiros. Cada qual com suas próprias histórias e interpretações a respeito da vida. Todos os amores pessoais, todas as angústias. Todas as mazelas e suas singelezas. Toda selvageria e suas compulsões.

O primeiro ataque veio da esquerda. O corista pulou com uma lança apontada para o rosto de Rygar. Ele girou o gandar em um rápido movimento e partiu o atacante em dois. A lâmina afiada assoviou com o sangue expirado. Uma mera distração para os dois que o flanqueavam agora. Estavam muito próximos e estocaram as pernas do cimbro com suas lâminas curtas. Deu as costas para o da esquerda e o atacou puxando a arma para trás. O queixo quebrado adormeceu o atacante, mas abriu a guarda frontal. A ponta da espada estava a poucos centímetros de atingir o alvo. O movimento de Rygar foi muito bem coordenado. Ao mesmo tempo que atingiu o atacante às suas costas, tocou a corda que fez disparar os encantos de propulsão sonora. Um raio fino atravessou o peito do combatente à sua frente. Um som grave reverberou explodindo a coluna ao sair pelas costas. Os outros haviam chegado. Rygar estava totalmente cercado no topo do monte. Ele sorriu e levou às mãos as cordas. A canção iria começar. Era hora de solar.

Dedilhou um encantamento de sugestão preliminar simples e causou confusão nos primeiros atacantes. Timbres curtos, pesados. Marcados por uma profundidade escura e densa. Uma estranha sensação de medo a percorrer a mente dos mais inexperientes. Dois deles largaram suas armas e recuaram tomados de pavor. Gostava de se divertir mesmo diante de um combate desigual. Novamente o silêncio tomou conta das mãos de Rygar. Contou mentalmente 10 guerreiros a sua volta. Outros se aproximavam rápido. Começou um riff de proteção arcana contra. Timbres suaves, algumas marcações curtas e uma outra média. “Dãããn, dããããããn, dãããn“. Um halo de luz azul brilhante se formou nas suas costas. Não queria ser pego desprevenido por algum covarde. O halo tinha o aspecto de um pequeno escudo orbitando sua retaguarda.

Quatro atacantes saíram da formação em círculo e avançaram rapidamente. O primeiro deles avançou com a espada apontada em direção a garganta de Rygar. Este avançou mais rápido do que o atacante pode pensar. Foi enlaçado em um círculo, e desarmado, ficou preso pela garganta entre o gandar e o peito do guerreiro místico como um refém a proteger a dianteira de ataques a longa distância. Os companheiros ficaram sem ação. Apontavam suas lâminas sem encontrar brecha na defesa que não trouxesse perigo eminente ao escudo humano que protegia Rygar.

Desacordou seu oponente com um apertão rápido no pescoço. Este caiu pesado. Os oponentes avançaram sem ordem. Desviou do ataque do primeiro com uma esquiva lateral e deu uma forte pisada no pé do atacante. O mesmo curvou de dor. O segundo aproveitou a chance e golpeou sua lateral direita. A defesa foi um golpe com o mínimo o dobro da velocidade. O golpe coma lâmina com o gandar acertou primeiro a lateral direita do oponente. A lâmina na altura do quadril partindo ossos e músculos. Aproveitando o mesmo movimento do primeiro corte, levantou a arma e aparou um golpe descendente que visava sua cabeça. Avançou por dentro dos braços levantados e bateu forte com a cabeça no nariz do inimigo. Nariz e maxilar quebraram em várias partes deixando o inimigo sem vida, afogado com sangue e dor. O quarto não teve chance de atacar. Após concluir a cabeçada, Rygar desceu a lâmina. A lâmina entrou no ombro e só parou junto da cintura. A arma pareceu ficar presa. Um belo chamariz para outros inimigos avançarem. Colocou o pé direito no peito e com um empurrão soltou a arma. Alguns virotes foram lançados e o teriam acertado pelas costas se o pequeno escudo flutuante não defendesse todos eles. Flutuava à sua volta com rápidos avanços e recuos a desviar seta após seta. Em cada giro, um assovio agudo como um grito.

Girou o olhar buscando a origens dos virotes. Viu alguns inimigos escondidos atrás de um amontoado de rochas na retaguarda à sua esquerda. Deu um pulo a frente e caiu em um rolamento. Os dedos avançaram sobre as cordas e mão esquerda arrastou sobre as mesmas. Ficou de pé ao terminar o rolamento já de frente para o grupo de rochas. Bateu com o gandar no chão que fez fender a terra. Uma fenda foi rasgando o chão até acertar o grupo em cheio. As pedras voaram em uma barulhenta explosão seca. O grupo fora abatido.

Abaixou-se a tempo de sentir uma pesada lâmina girando sobre sua cabeça. Sem se virar, voltou a cabeça do gandar para trás por cima do ombro e bateu e bateu com a mão direita sobre as cortas. O som curto e meio surdo fez um brilho azul deixar a cabeça da arma e entrar pelo pescoço do adversário que caiu reto sobre as pernas no mesmo lugar.

Na mesma hora a estocada de um lanceiro atingiu sua coxa direita. Um corte sem profundidade, porém dolorido. Quebrou o cabo da arma com a lâmina segurando o gandar e no mesmo movimento girou a arma sobre a cabeça em um círculo mortal que decapitou o lanceiro em um só golpe. O sangue espirrado sobre seu rosto o encheu de fúria.

Mais e mais inimigos subiam o monte agora. Estava completamente cercado. Um a um avançavam. Rygar recuava e avançava. Girava a arma formando um círculo de corpos à sua volta. Percebeu que enquanto não matasse o líder do batalhão não teria descanso.

Desta vez um riff de peso partiu do Askald. Firmou a bota em uma pedra e começou a balançar a cabeça. Os cabelos grandes do guerreiro esvoaçavam indo e vindo. O riff estava acompanhado de um solo sinuoso e sinistro. Cheio de pesar e segredos. Os atacantes estacaram de medo diante de um poderoso e eminente encantamento.

- Avancem malditos. Antes que ele complete as notas mágicas. Andem idiotas. – a voz vinha por trás dos arbustos.

Um esguio guerreiro trazendo um gandar menor e mais refinado fez o halo de proteção desaparecer em meio a um trinado fino. Um feitiço de anulação.

- Agora! – uma voz desconhecida ordenou e várias flechas zuniram em direção a Rygar que tinha acabo de concluir o encantamento. As setas mortais encontraram apenas o vazio. Em um lampejo de luz forte que praticamente cegou os atacantes, Rygar desaparecera como que em um piscar de olhos e voltou a aparecer no mesmo lugar. Todos os atacantes com arcos e bestas tiveram as cabeças arrancadas ao mesmo tempo.

- Impressionante!

- Maldito. Grande é a sua ganância!

- Me perdoe, mas não sou homem dado a acreditar em boatos, não é nada pessoal. Depois de tantos anos não imaginei ...

- Ainda me odeia? Mesmo depois de tantos anos?

- Claro. Ordenei a execução de cem escravos em louvor aos Antigos para que os boatos fossem verdade. Para que você realmente estivesse vivo. Ódio não é um sentimento que se despreza. Sinto-me renovado. Andava meio triste sabe! – balançou a cabeça com desdém.

- Blá, blá, blá. Sua voz me cansa! Podemos começar?

- Sim, sim, claro, claro. Pelos Antigos, como você é impaciente. Sou grato a você! Quantos homens têm a chance de matar duas vezes a mesma pessoa? Ainda mais quando esta pessoa é Rygar, Lobo de Anrull, o lendário decapitador de Cimbrya, possivelmente o único sobrevivente dos Juramentados de Borgir.

- Você sabe o que um Juramentado faz de melhor? – disse Rygar. Balançou os braços e esticou os dedos. – Cumpre com sua palavra! – as mãos se posicionaram no gandar.

- Ah claro, claro. Isso será excitante! Finalmente irei provar minhas teorias.

A luz do sol perdia força! As vastas nuvens no céu fechavam sua cortina. A noite se aproximaria em poucos minutos.

- Sua boca só conhece mentira Ringel! Você não pode mentir numa luta. O final da luta sempre diz a verdade!*

Ambos avançaram com grande velocidade. Não havia mais tempo para sutilezas. Ringel buscou um riff simples. Um tom agudo partiu de sua caixa acústica. Um vento rápido e sinuoso, cheio de engano e subterfúgios soprou sobre Rygar. Por um momento vacilou sua concentração e perdeu o controle de seu riff de proteção. Ao encontraram Hingel já havia emendado uma sequência de acordes rápidos que fez o chão tremer ao seu redor. Rygar esperava algo parecido. Mesmo com a falha seu encantamento conseguiu um salto médio para evitar o pequeno terremoto que o procurou derrubar ao passo que rodou a lâmina do seu gandar não sem antes bater a mão direita sobre todas as cordas e buscar uma posição específica com sua mão esquerda. Uma extensão da lâmina em forma sobra escura e mortal desceu sobre Hingel. Esquivou com um giro sobre seu próprio corpo. Ao mesmo tempo desferiu um chute giratório com sua perna direita visando as costas do adversário. Entretanto, encontrou as costas do gandar que Rygar deslocou para aparar o golpe. Ambos terminaram o avanço, de costas um para o outro, a uns cinco metros de distância. Respirando confiança e admiração em suas próprias habilidades. Não eram iniciantes.

Hingel fechou os olhos e começou um solo avançado e complexo. Notas claras e cheias de desafios. Fez o adversário se virar. Rygar percebeu que não era a primeira vez que escutava aquele trinado. Correu e no meio do caminho correu os dedos por cima das cordas do gandar. (Escute – The Great Unknown - Iron Maiden). Uma luz tremeluzente cortou o ar e não encontrou o alvo. Conduziu a cabeça do gandar em um arco. A luz fez um arco mortal em busca da vítima. Sentiu-se preso ao chão sem concluir o giro. Ao olhar para o chão viu mãos de ossos segurando seus pés. Não encontrou dificuldades em se desvencilhar. Não tinha tempo para perder. Com incrível velocidade Hingel tinha pulado bem alto e agora descia a lâmina do seu gandar em um golpe total de cima para baixo. Balançou o gandar coordenando o riff das cordas com o balançar da caixa. Um lampejo, um piscar de olhos. Rygear fez um recuo muito curto e tempo de sentir a lâmina passando rente de sua cabeça e ficou-se no chão. Trouxe o corpo de volta e com uma cabeçada acertou em cheio o rosto de Hingel que recuou desequilibrado com um corte na maçã do rosto.

O lobo de Anrull não perdeu tempo. Fez um pequeno solo e avançou antes que o adversário recobrasse totalmente o equilíbrio. Girou a arma acima da cabeça para distrair e abaixou visando o joelho do inimigo. Este recuou a perna para evitar o golpe. Estavam agora muito próximos e trocam olhares cheios de fúria.

Buscaram riffs rápidos. Cada tentativa encontrava o bloqueio correto. Cada riff que começa era interceptado pelo golpe rápido visando articulações do adversário, atrapalhando a conclusão do respectivo encantamento. Hingel iniciara um solo curto ao se desviar de uma cotovelada giratória. Tomou um encontrão que interrompeu novamente a conclusão. Finalizando o giro, Raygar trouxe a lâmina junto do seu corpo evitando um contra ataque com o chocar das lâminas. Hingel aproveitou o peso no movimento em arco do gandar e na sequência golpeou a lateral da cabeça do adversário com a cabeça do instrumento. Os cravelhames de ossos de mamute modelado rasgaram parte da orelha direita de Rygar. Levou as mãos no ferimento tentando avaliar a extensão do dano. Deixou escapar um sorriso ao esfregar o sangue recolhido em uma das cordas da arma. Hingel podia jurar que sentiu o gandar do adversário rosnar baixinho com o eminente início de um algum tipo de encantamento.

Rygar avançou em grande velocidade. Desceu a lâmina visando o crânio do inimigo. Hingel recuou facilmente do ataque com um pequeno passo para trás. Uma mera distração. Rygar não parou seu avanço. Usando o ombro, abalroou seu alvo com grande força e peso. A pancada acertou em cheio. Hingel foi jogado longe e bateu contra um dos cadáveres decapitados. Atordoado, por um momento perdeu a noção espacial. Sentiu os pêlos arrepiados e percebeu a freqüência clara de um pesado deslocamento de ar vindo de cima. Girou de lado e puxou um acorde em Fogo, mirando a cabeça do gandar para o céu. Uma chama quente foi lançada como uma lança de fogo. Atravessou o ombro de Rygar e o fez soltar Askald. Levou a mão ao ferimento. Sentiu o fedor de carne queimada e uma dor imensa.

Percebeu que Hingel estava entre ele e Askald. Mesmo sem o gandar em mãos, Rygar estava longe de ser inofensivo.

Continua...

Glossário

Juramentados:

Guerreiros divinos criados para missões suicidas específicas e lendárias. Existem registros de pelo menos duas packs de juramentados na história de Cymbria. Elas são: Kaukinen e Borgir, e uma em Tausug, conhecida como Lapu Lapuan. Muitos os chamam de santos e em algumas ilhas da Costa de Sal são venerados como tal. A primeira formação da Kaukinen contou com Fafnar Barbull, o corvo de Barbumarung no gandar, Thomas Harred, o gigante de Varabar no barang e Virkan Morntybeorth, o assassino de Nallal, nos tambores de batalha. Eles foram os juramentados que mataram o rei Niels Van Var III, o demônio de Kirvan. Os seus sacrifícios e canções colocaram fim a primeira invasão das hordas de demônios de Van Var. A segunda formação teve Has-Mardu, o de Fé Inabalável, no gandar, subtituindo Farnar Barbull e Hiordis Hakon, a vingadora de Parang, nos tambores de batalha. Borgir contava com Rygar, o Lobo de Anrull, o lendário decapitador de Cimbrya no gandar, Has-Mardu, o profeta mudo, no barang e Vandra Asgeir, o eskrimista de Dirmu, nos tambores de batalha. Estes colocaram fim no Conselho de Inferus e aos sacerdotes de Ishtari e destruíram além de estarem na principal frente de combate contra a frota de Vora Nallal nas primeiras guerras mercantes. Seus feitos serão contados em momento oportuno. Sobre Lapu Lapuan conta-se que foram os pioneiros que treinaram os primeiros monges guerreiros de Tausug. Suas canções manipulam forças primordiais da natureza. As crônicas trazem apenas 3 membros e uma formação: Xi Shuan, o vento indomável de Tausug, no gandar leve, Bali Bali, o troll de Bulbarang, no barang e Pausig, o bruxo de Palau, nos tambores de batalha. Todos eles devotados na crença de matar e ser morto no caminho profetizado.

Prosseguindo no caminho da religião e da espiritualidade, através de assassinatos suicidas, que este era o caminho do martírio que lhes permitiria tornar-se merecedor de grande fama entre os homens e deuses. Devido às suas práticas pouco ortodoxas, foram considerados fanáticos e “irresponsáveis” no seu tempo.O estado de mente ao extremo, incorporada pelos Juramentados também pode ser comparado com a literatura Berserker nórdica. Estes guerreiros estavam a serviço de Odin, (o deus principal na mitologia nórdica), e eram seus campeões, lutavam sem qualquer armadura, usavam apenas suas roupas de pele de animais, similar à roupa dos Juramentado. Era contato que eles entravam em transe quando iam furiosamente para as batalhas e manipulavam com maestria seus instrumentos feitos de Runara

Fanático. Excesso de violência. Insano. Selvagem. Algumas pessoas podem associar estas palavras ao suicídio sagrado dos Juramentados. Parece estranho, sabendo que este ato sangrento foi feito em nome de deuses e divindades, mas mesmo assim, os Juramentados não foram as únicas pessoas na história que voluntariamente derramaram tanto sangue, e no caso o sangue de seus inimigos por causa do propósito divino.

Apesar de seus atos se enquadrarem na categoria de "assassinato", estes santos causadores de conflito não utilizavam a estratégia vantajosa da "discrição" durante os ataques. Para os Juramentados, atacar das sombras era maneira dos covardes. Eles eram totalmente prontos para a morte no momento em que envolvidos na sua prática suicida. Ela está profundamente gravada em sua mente, e seu sucesso e acabaria por levá-los ao paraíso. Muitos dos seus ataques são diante de muitas testemunhas, sem o uso de qualquer furtividade e sempre utilizando ataque frontal completo.

Pode-se olhar para as Cruzadas, conhecidas como as "guerras santas", em que ambos os cristãos e Mulçumanos fora levados à morte. Como estes, os Juramentados não só lutam com seu instrumento de confiança, mas também com a sua fé - uma arma que os fez capazes de fazer o impossível e dando-lhes esperança de que todo o sangue que foi derramado iria valer a pena no final.

Gandar:

O gandar é um instrumento místico de grande poder. A primeira vista parece uma “guitarra” de aspecto rústico, com todas as partes que compõem seu semelhante moderno. As semelhanças acabam por aí, pois um gandar não possui captação elétrica e tem propósitos totalmente diferentes. Um gandar é esculpido por meio de intrincados e poderosos rituais mágicomusicais a partir da madeira de uma árvore extinta chamada Runara. Suas 6 cordas são feitas de tripas humanas ou de carneiro seca devidamente tratada, esticadas sobre a caixa acústica até a cabeça da arma e presas em cravelhames de marfim de mamute ou ossos de outros animais. Estas cordas são afinadas semelhantes a uma guitarra moderna e apresentam runas em seu corpo e braço que os deixa impregnados de encantamentos de proteção. O maior diferencial de um gandar está na grande lâmina inserida na parte de baixo de seu corpo, o que o torna literalmente em um grande machado de combate. Hora instrumento ritual, hora arma mortal, é matéria de estudo em várias academias de magia, onde é considerado um artefato de imenso valor. Na era iniciada pós a queda Van Var não existe registro de fabricação de tais artefatos. Ou seja, o último gandar foi fabricado a mais de 100 anos.

O domínio de um gandar é missão de incrível dificuldade. Os guerreiros o utilizam dentro um contexto marcial muito peculiar. Intercalam riffs místicos com ataques físicos e uma sucessão de magias e golpes. Usam encontrões para empurrar o adversário para que tenha tempo hánil para fazer outro riff em contra ataque. Usados como machados, são extremamente mortais, usados como instrumento, tocam músicas primitivas de louvor aos Antigos. Existem relados de Juramentados ou Krivans que conseguiram criar freqüências sonoras capazes de abrir portais dimensionais. Nunca sem conseqüência é claro. Eventualmente criaturas dimensionais e demônios escapam destes portais e causam grande destruição.

Parte do livro Sonora, ainda em andamento.

Deep Space
Enviado por Deep Space em 07/12/2016
Código do texto: T5846349
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