Melody e a Chave do Vitral - 1.7 Primeiro contato

Primeiro contato

- Vamos apareçam – Disse Henrick – Sei que estão aí.

Melody e Ônix faziam silêncio atrás do arbusto, ela fitou o gato com o dedo em riste na frente dos lábios, pedindo silêncio, mas parecia que de alguma forma ele sentia a presença deles. O viajante olhava para o arbusto com uma placa de vidro na mão e do outro lado os dois continuavam agachados, imóveis. O único som vinha do vento movendo os galhos quebrados pela aterrissagem do veiculo de vidro, até que um grito alto saindo do vestido de Melody delatou sua posição assustando os três.

- MELODY!! MELODY!! Preciso falar com você!! Mas é urgente!! Me responde AGORA!!

A surpresa foi grande a ponto de fazer Henrick tropeçar e tombar ao chão, levantando-se com dificuldade, viu a bruxa em pé, de costas, seu chapéu pendia para o lado e sua ponta com formato de cone era curvado com uma bolinha vermelha na ponta. Ele se aproximava dela e viu que ela parecia falar com alguém por uma tela flutuante. Avançou mais uns passos para ver melhor o aparelho e percebeu que a pessoa do outro lado o encarou e se assustou depois apontou para ele fazendo Melody se virar.

- É ele Melody!!! Ele é perigoso, tem pessoas que o querem capturar a todo custo!!

A bruxinha viu o rapaz sem entender absolutamente nada, coçou a nuca por baixo do chapéu pensativa.

- Lust, do que você está falando? Ele acabou de cair do céu numa... – Tentava achar uma palavra – numa coisa gigante a qual tive de desviar pra não destruir toda floresta, mas que história é esse de perigoso? Que pessoas?

Era uma confusão de informações na cabeça de todos e o tempo não ajudava, o rapaz também ficou interessado na história.

- É mesmo! Que historia é esse de pessoal querer me pegar?

Lust olhava através da orbe e não gostou do tom de voz usado.

- Não estou falando com você docinho! – virou para bruxa - Melody, estarei te esperando em sua casa para te explicar tudo, é muito importante que você não fale com ninguém sobre ele, não use mais orbes e acima de tudo, não deixe ninguém saber que ele está aqui!!

- Mas Lust, me explique o que está acontecendo – ela estava com uma expressão aflita – Onde está o Silver?

- Não temos tempo agora – abaixou os olhos e o som saiu baixo e reticente – Ele foi falar com Tiamat...

- Tudo bem...

Levando a mão ao peito, ela se virou para Henrick sorrindo e ajeitando o chapéu

- Olá ... Bem, vamos começar de novo, sou a Melody muito prazer.

O sorriso dela fez o rapaz travar, e via ela se aproximar dele com a mão estendida afim de cumprimentá-lo, ele evitou olhando para a mão dela calçada em uma luva preta de punho curto.

- Eu sou Henrick... – parecia bem menos corajoso agora, e as palavras saiam engasgadas – Capi.. Capitão Henrick Lahela, prazer... mas fique aí.

Abriu a mão como quem pede distância. Melody parou, espantada com a atitude dele.

- Calma, parece que você não é tão perigoso assim não é? – Ela voltou a abrir um sorriso espontâneo no rosto – Esse é meu gato Ônix, diga oi para ele – Ela abaixou para pegá-lo, porém, o gato não estava ali e voltou com uma expressão encabulada – Ele estava aqui até agora desculpe vamos procurá-lo?

Chamou com a mão para ele acompanha-la e saiu atrás do gato por entre os arbustos e árvores chamando seu nome, afastando as folhas e cipós pelo caminho com o novo amigo no encalço até pararem com um movimento rápido de muitas folhas, Ônix saiu delas e não parecia tranquilo.

- Os Gnômos vieram me avisar – começou ele – Temos grandes problemas.

- O que acontece? – Melody respondeu prontamente e o rapaz ficava perplexo em ouvir Onix falar.

- Vassouras! Dofri e mais dois magos de batalha estão vindo pra cá, e rápido.

- É... – pensou ela lembrando das palavras de Lust – É um problema grande – virou a Henrick – Precisamos escondê-lo – Melody estalou os dedos com tanta felicidade que pequenas estrelas douradas saíram deles.

Tirou o chapéu deixando os cabelos ruivos bagunçados soltos, virou de cabeça para baixo olhando para seu interior totalmente escuro e sorriu para Ônix.

- Nem pense nisso!! – protestou o gato com uma pata ao ar – Você sabe como fico depois de guardar coisas vivas dentro de mim.

- Vamos Onix, não temos tempo, precisamos deixar ele seguro. – apertava as bordas do chapéu , imprimindo dramaticidade ao pedido.

Não acreditando em metade do que se passava em frente aos seus olhos, ele observou o gato entrar no chapéu escuro e simplesmente desaparecer, esfregou as vistas e piscou várias vezes em total descrença de seus sentidos, mais surreal ainda foi quando os olhos amarelos de Ônix apareceram na escuridão dentro do chapéu.

Na direção dele, uma parte da sombra do chapéu começou a sair pelo ar como uma espécie de fumaça densa, tomou a forma de um braço e mão que abriu dedos longos do indicador ao mínimo, foi em direção a Henrick, ele não tentou fugir, não gritou, não tinha reação alguma, sua mente recém chegada ao sul, não entendia mais nada. Só teve tempo de ouvir Melody dizer “vai ficar tudo bem”, ou algo assim antes de desmaiar.

Gabriel Torres Lobo
Enviado por Gabriel Torres Lobo em 29/11/2016
Código do texto: T5838624
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