Melody e a Chave do Vitral - 1.4 Em queda livre

Em queda livre

O inicio da tarde anterior ao torneio foi marcada por um treinamento intenso para Melody, viajou até os campos do sul se aproximando das florestas dos duendes para ter uma liberdade maior em praticar os feitiços em uma escala real no céu. Levava algumas pedras pesadas e as deixava cair, em seguida evoca os feitiços a fim de amortecer suas quedas sem grandes danos.

Agora, faria seu teste final antes de voltar para a vila. Havia pego uma enorme pedra e agora desenhou alguns símbolos nela para marcar sua posição. O plano era fazer levitar aquela imensa pedra a uma grande altura e tentar a aterrissagem dela sem qualquer dano. A rocha era tão grande que poderia se fazer uma casa com ela.

Empunhou a vassoura e chamou ônix para subir e, em seguida, os anéis brilharam e eles começaram a girar no céus em grande velocidade, subindo até onde o ar se tornava rarefeito. Tomou uma gema do ar na mão, evocou as forças para que a pedra levitasse. Os símbolos da marcação iluminaram-se e aos poucos, o chão rachava com a separação da rocha.

- Melody! – Gritou Ônix – Tem algo errado aqui! – O gato olhava para cima, á procura de algo.

- Calma ônix! Estou fazendo um feitiço bem grande e isso mexe com seus sentidos mesmo, mas pode relaxar – piscou para ele, continuando o feitiço.

Ônix não estava satisfeito. Sentia que algo estava errado. Seus sentidos nunca estiveram tão alerta a ponto de fazer seus pêlos se eriçarem dessa maneira. Ele novamente olhou para o céu e não havia nada lá, nem sequer uma nuvem para esconder o sol da tarde, e abaixo não encontrava nada além do descampado e a floresta dos duendes. Um assovio encheu seus ouvidos e ele olhou para cima de novo.

- Melody!! – Ele estava frenético, as pupilas dos olhos passaram de um fio tranquilo para enormes globos negros – Tem alguma coisa vindo!! É grande e é muito rápido!

A expressão dele dizia tudo, ela nem precisava confirmar sua informação.

- De onde ??!!

- De lá! – Apontou o nariz na direção acima rumo ao Norte.

Segurando na aba do chapéu Melody viu ao longe uma pequena luz que se apagou deixando em seu lugar um objeto partindo em queda para o solo.

- Já vi! Vai ser fácil!

Fez o um círculo com uma mão, e com a outra, pegou algumas gemas para um feitiço. Levantou as pálpebras e focou o olhar no objeto que se aproximava, tão grande quanto a pedra que pensava em aparar, antes, porém, em velocidade muito superior. Se aquilo atingisse o solo, poderia ser o fim a da Floresta dos Duendes.

Manteve a vassoura de frente para a trajetória da coisa afim de usar toda a força possível para confrontar aquilo. Aguardava o momento certo enquanto o objeto vinha em sua direção, ficando cada vez maior. Agora podia ver do que era feito e suas características, mas não entendia exatamente ainda o que era aquilo. Na frente era de vidro, e o restate era um misto de metal e outra matéria. O formato lembrava uma ponta de flecha, o que a preocupou muito.

No instante seguinte ela levantou as gemas no ar, manteve uma das mãos no peito e com a outra mão tocou a ponta do objeto no momento exato em que passou por ela. Um pentáculo abriu-se no céu, liberando energia para todos os lados. A força do objeto era tamanha que não seria suficiente apenas bloqueá-lo de frente com um escudo, teria de mandá-lo de volta. Segurava o escudo mágico com uma das mãos estendidas, e então esticou a outra para ajudá-la, mas precisaria de uma terceira naquele momento.

- Ônix! Preciso de uma gema de fogo!!! Nivel 3!! – gritou ao gato que aguardava por qualquer ação.

Puxou uma gema com os dentes e jogou entre as mãos de Melody.

Ela fechou os olhos e os abriu tranquilamente, dizendo as palavras:

“Que se faça fogo tão rápido quanto às palavras, eu invoco!”

Da Floresta os Duendes pôde-se ver uma explosão enorme no ar, seguida de muita fumaça que escureceu uma boa parcela do céu de forma tão densa. Dessa bola de fumaça disforme, saiu um objeto girando sem rumo, devido ao impacto da explosão. A fumaça se dissipou num fio tênue assim que Melody saiu dela em sua vassoura e o trajeto foi tão perfeito que parecia que ela era movida a jato. Ficou paralela à coisa, disputando o espaço aéreo para não ser atingida pelo giro sem sentido. Começou a criar colchões de nuvens para diminuir a velocidade da coisa, e aos poucos estava funcionando. O vento da descida vertical deixou sua visão embaçada, dificultando a localização da queda do objeto, enquanto sua magia funcionava com sucesso, mas o que faria quando aqui chegasse ao solo? Mesmo com pouca velocidade traria muitos danos e muito animais e seres místicos viviam ali. Só as nuvens não seriam suficientes para protegê-los.

A aproximação com as árvores era iminente e o plano precisava mudar. A bruxa teve uma ideia e tratou de pô-la em pratica no mesmo segundo. Invocou a Bolha de Vácuo cobrindo todo o objeto com uma malha de ar evitando atrito com outros corpos. Agora só precisava apará-la com o feitiço “Raízes”, segurando-a no solo com seu próprio peso multiplicado.

Estacionou a vassoura ao lado da coisa e olhou para trás vendo o rastro aberto na floresta. Apenas algumas arvores caídas e galhos quebrados. O dano foi mínimo. O gato olhou para sua dona e disse:

- Você não queria treinar? Acho que esse foi um booomm teste final! – os dois riram e ela o abraçou carinhosamente.

- Ônix! Conseguimos!

A comemoração foi interrompida por um barulho no topo da coisa, um tipo de janela abriu na parte vítrea. Os dois olharam assustados e se esconderam atrás de um arbusto ao lado.

Um garoto apareceu, saiu pela janela, deu um salto até o solo e fitou o ambiente em volta com expressão assustada. Coçou a cabeça, se sentiu surpreso e confuso.

Melody observava atenta e quieta cada movimento daquele garoto, olhou para Ônix como que pergunta o que estava acontecendo, e ele só retorna o olhar como se estivesse perguntando o mesmo.

Descolou do peito uma placa de vidro transparente do tamanho de uma mão aberta , tocou no único ponto opaco que existia na placa e ela começou a brilhar, deixando Melody curiosa. O garoto virou e ficou de frente para o arbusto que a bruxa e o gato se escondiam, verificou a placa de vidro.

- Sei que estão aí! Eu, Capitão Henrik Lahela da Cidade de Vidro, ordeno que se identifiquem!

Gabriel Torres Lobo
Enviado por Gabriel Torres Lobo em 19/11/2016
Código do texto: T5828748
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