Melody e a Chave do Vitral - 1.3 Traição no paraíso

1.3 Traição no paraíso

CIDADE DE VIDRO – SIBÉRIA

As luzes da cúpula onde os senadores se reuniam estavam completamente apagadas e a única luminosidade vinha da imagem da tela no centro da sala: um garoto de cabelos louros e usando uniforme da infantaria.

- Esse é Henrick Lahela – disse um dos senadores – Ele é o Capitão responsável pelo controle do sistema de defesa. Por algum motivo ainda desconhecido partiu em um dos transportes em desenvolvimento do laboratório esta tarde.

- Senador, teria sido algum tipo de acidente, devido á sincronia que deveria ter sido efetuada no novo tipo de transporte?

- Não seria possível, pois não havia necessidade de sua entrada na cápsula. – alterou a imagem para o projeto do transporte. – Como é possível analisar na imagem, a sincronia seria feita através da leitura da chave, em uma interface criada na própria mesa de comando.

- Podemos concluir que as imagens de vigília foram danificadas, correto? – O senador colocava a questão.

- Exatamente. Se partimos do pressuposto que o Capitão Lahela tem total acesso a elas, somos capazes de concluir que houve uma traição.

A imagem se apagou e a cúpula ascendeu, revelando um pequeno plenário circular de dez cadeiras ocupadas por seis homens e três mulheres. Uma das cadeiras destoava em uma solidão estranhamente mórbida.

- Senador - uma das mulheres pedia a palavra. – A família Lahela serve a Cidade a gerações, desde a Grande Divisão. Possuem cargos de cunho importantíssimo e é marcada por sua resignação e pelo empenho em zelar pelas vidas de todos. O que os faria trocar todo esse passado de glória e evolução por algo decadente, abaixo dos cordões de isolamento?

- Não seria prepotência dar a uma criança tanto poder quanto foi dado a ele? – O Senador que presidia a reunião olhou a todos os outros em uma interrogação reticente – O poder pode levar um ser humano á loucura. Nossa razão nos manteve vivos e superiores a tudo a que os demais seres falharam! Mas não seremos tiranos a ponto de condenar toda uma família pelo erro de um membro. – Sentou-se

- Exatamente – Levantou outro membro – E além de toda a consideração pela família, precisamos da chave, e ele é o único que possui a chave para realizar uma nova sincronia e por consequência uma outra chave – fitou ao redor, todos balançavam a cabeça afirmativamente – Agravando a situação a saúde do Regente mestre encontra-se já comprometida. Proponho que enviemos um mandato a todas as cidades ainda existentes, incluindo as cidades fronteiriças dos seres animais, para que capturemos Lahela o mais breve possível. Quem concorda com a busca, aprisionamento e destituição de todos os direitos do Capitão Henrick Lahela?

Fui unanime, os Senadores da Cidade de Vidro concordarem em buscar Henrick onde quer que ele estivesse.

- Senadores e Senadoras, declaramos que a partir deste momento Henrick Lahela é acusado de traição contra a nação da Cidade de Vidro, tendo em sua posse a chave para o a alteração do comando do sistema de defesa, e é de suma importância sua captura e restituição do sistema a outro Capitão apto para a função. Sessão encerrada!

Gabriel Torres Lobo
Enviado por Gabriel Torres Lobo em 18/11/2016
Código do texto: T5827318
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