Melody e a Chave do Vitral - 1.1 Vassoura nova

Capítulo I

“A roda do destino

começa a girar”

1. Vassoura nova

“TORNEIO BIENAL DE VASSOURAS”

Sejam bem vindos!

Era o que dizia na grande faixa sendo levantada na entrada da cidade, que podia ser vista desde a curva longínqua na estrada. No vilarejo, o povo estava cheio de expectativas pela chegada dos participantes e daqueles que viriam assistir ao torneio. Os magos já haviam levantado a arena na gloriosa extensão da planície aberta ao lado da cidade, e bandeirolas de todas as ordens participantes tremulavam nas pontas dos mastros enquanto o sol se punha.

Mais um dia se esvaia para Melody e seu gato Ônix, e no final de uma tarde de trabalho na enfermaria da cidadezinha, voltava para casa tranquila, sentindo que seu dever fora cumprido mais uma vez, curando e dando suporte aos habitantes da floresta e arredores.

Voava leve em por entre as nuvens arroxeadas do crepúsculo, um pouco alaranjadas mais perto do poente se misturando ao tom dos seus próprios cabelos ruivos dançando pelo ar. Ônix, dormia deitado em seu colo, e em alguns momentos tremia por causa do vento da tarde. A bruxa sorriu ao sentir sua tremedeira, e passou-lhe as mão entre as orelhas, pousando-a abaixo da cabeça para aquecê-lo. Sua saia balançava com a brisa, bagunçando algumas nuvens pelo caminho. Pensava que aquela semana seria tranquila. Teria de treinar alguns feitiços de contenção para o torneio, nada complicado, mas a responsabilidade seria redobrada já que foi convocada pelo Senhor da ordem local.

Enquanto seguia voando na vassoura, sua mente divagava, e lhe vieram lembranças de meses atrás:

- Bruxa Melody, com já deve estar sabendo neste ano nossa região será sede do Torneio das Vassouras, mais especificamente em sua cidade. (disse Dofri o Senhor da ordem local)

- Sim senhor , fiquei muito feliz de saber disso, e digo-lhe que pode ficar tranquilo, pois estarei sempre pronta na enfermaria caso aconteça qualquer problema! – disse sorrido.

- É por isso que lhe chamei aqui. Devido à sua função e também ao relatório que recebi sobre sua capacidade de vôo,gostaria de convocá-la em nome da Ordem dos Magos da Austrália, para ser a salva vidas oficial do evento.

Melody ficou vermelha, surpresa, olhou para Ônix com expressão de dúvida.

- Sr Dofri, calma, espere um pouco - erguia os braços, balançando as mãos abertas - não sei se sou uma salva vidas... eu sou enfermeira, cuido dos animais, pessoas, seres místicos e etc. O que o senhor está propondo está além do que posso oferecer...

- Melody - interrompeu Dofri - Eu tenho um relatório em minhas mãos sobre algumas façanhas das quais, talvez, a senhorta não se recorde...

- Mas só sou só uma Bru..

- Deixe-me terminar! - Abriu a orbe e a deixou flutuar em sua frente - Diz aqui que a senhorita foi capaz de curar um Centauro depois de um ataque de trinta vespas.

- Isso foi por que os centauros são muito fortes... - Passava a mão atrás do chapéu.

- Que apagou um incêndio em três casas apenas com uma gema de agua nível dois!

- É que tinha nuvens por perto, não foi bem assim...

- De qualquer maneira tenho uma lista de qualificações, sendo elas, pontualidade, comprometimento, além de ser uma Bruxa das Estrelas, o que torna praticamente crucial a sua presença em uma função importante.

- É, o senhor tem razão... - se sentiu encabulada e baixou os olhos.

- A propósito, diz aqui que você é capaz de conduzir uma vassoura de três anéis. Está correto?

- Sim senhor, mas eu não a possuo mais...

- Isso é mencionado aqui também - olhava para a orbe coçando a testa - Tudo bem , já que é um servidora tão dedicada, faremos uma troca

. Ele chamou atenção do servo com a cabeça, imediatamente e ele saiu da sala e retornou com uma caixa pequena e ofereceu a Melody.

- Pode abrir, é sua!

- Senhor é... que eu não posso aceitar...

- Você sabe do que se trata antes de negar?

- Acho que sim... - olhou para Ônix em dúvida, ele balançava a calda rapidamente e queria falar, mas não lhe era permitido ali.

Ao abrir a caixinha o brilho da gema tomou conta dos seus olhos e sua surpresa a fez dar um passo pra trás. Conseguia contar a refrações dentro da pedra mágica, de tão pura que era. Um amarelo limpo e reluzente fazendo o outro parecer opaco, era uma gema nível dez.

- Sendo assim, estamos de acordo, Bruxa das Estrelas ? - ela ainda olhava para a pedra. Melody! - ela nem sequer ouvia o seu nome - MELODY! - gritou Dofri

- Ãhnn!! - pulou pra traz num susto – Sim, sim!! Estamos sim!!!

- Use essa gema do ar nível dez para fazer uma vassoura de três anéis até o dia do torneio, após esse dia, ela continuará sendo sua.

- Combinado! Estarei pronta! E farei o meu melhor! - estalou os dedos da mão a ponto de sair pequenas estrelas mágicas deles.

DE VOLTA AO PRESENTE

A proximidade de sua casa a tirou de suas lembranças e, em sua vassoura nova, chegou em casa ao anoitecer. Aterrissou suavemente, segurou o gato no colo tomando cuidado para não acordá-lo, entrou e deixou a vassoura ao lado da porta, como de costume. Num movimento de mãos ascendeu as velas da casa e a lareira, deixou Ônix em cima da cama, junto ao seu chapéu e foi para cozinha depois de fazer sua busca noturna pela casa. Preparou um ensopado de legumes e logo o cheiro se espalhava pela casa. Depois foi até a sala e sentou-se em sua cadeira de balanço. Ficou olhando para o fogo da lareira, divagando sobre como o tempo passou e quão rápido chegou a semana do torneio. De repente, sentiu algo no colo e percebeu Ônix se aninhando. Ele olhou para ela com uma expressão preguiçosa e adormeceu.

Trocou a tigela de sopa vazia por um livro da mesa ao lado que estava lendo há dias e que tinha a figura de uma vassoura com um grande anel em volta e abaixo lia-se: “Vassouras e Anéis – por Magda Abrann”. Precisava saber como as vassouras reagiam em caso de acidente para saber como resgatar bruxos e sabia também que a autora do livro estaria no evento, sendo a maior autoridade no assunto atualmente.

No balanço da cadeira meditava sobre cada colocação da autora, refletindo sobre qual feitiço usaria em cada caso, adentrando a noite nesse estudo com o felino negro em seu colo e o calor das chamas à sua frente.

Gabriel Torres Lobo
Enviado por Gabriel Torres Lobo em 17/11/2016
Código do texto: T5826458
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