Destruidora de mundos Moya, A arte de fazer amigos, Outra parte das Cronicas de Moya
Moya está novamente com fome. Em sua jornada em busca de coisa alguma, essa não é uma ocorrencia incomum.
- Oh raios. Sem comer há dias. Mas não faz uma semana desde que gastei minha última moeda.Dez dias no máximo! - Tendo conseguido um emprego em uma pedreira, Moya finalmente fez bom uso de suas habilidades, mas logo foi despedida.- Miseráveis, por causa de algo
sobre um desmoronamento e setenta mortos! Idiotas, se não queriam que as pedras os atingissem deviam fazer como eu e joga-las morro abaixo!
Nessa manhã, Moya esteve pensando em uma forma de arranjar comida rápido. Resolveu usar suas capacidades de caçadora.
Confiante, se escondeu atrás de uma árvore e tentou pegar um coelho. O primeiro foi muito rápido para ela. Então ela consebeu um plano. Oculta entre as folhas, buscou atrair um coelho imitando o grito de acasalamento de uma cenoura. Após algumas horas, convencida de que não lembrava como era esse grito, desistiu. Resolveu fazer uma armadilha com laço.
No dia seguinte ainda não tinha pego nada. Talvez por não ter isca. Mas isso não lhe ocorreu.
- É claro que não vou pegar nada aqui! É a parte mais vazia da floresta. Devo ir pra um lugar mais movimentado.
Sarel estava passando pela floresta, na famosa Estrada do Rei. Estava em busca da cidade de Liborth. Lá morava, pelo que tinha ouvido dizer o grande mago, Ugdarh. Não sabia se seria bem recebido, mas tentaria impressionar o velho feiticeiro com as magias que aprendera e se tornar seu discipulo. Foi uma longa estrada até aqui, pensava, enquanto caminhava despreocupado. Aprender magia com o louco da aldeia foi um risco, mas valeu a pena. Mesmo tendo que enfrentar a fúria de seu pai, que o queria ferreiro, Sarel ainda pensava assim.
"E por que ele não vai me aceitar? Sou jovem, forte e inteligente." Não era uma mentira. Sarel, com quinze anos, apesar de baixo pra idade, tinha uma excelente saúde. Herdara isso do pai. Mas os cabelos castanhos e olhos azuis o tornavam semelhantes à falecida mâe. Usava roupas de viagem velhas e surradas, um par de botas de couro um capuz azul, ou que já foi dessa cor, uma camisa branca e sua mochila de viagem, na qual guardava as poucas economias que tinha e as únicas roupas boas. Esperava ter chance de tomar um banho e se trocar antes de encontrar o mago. Queria fazer uma boa impressão. Esses eram seus pensamentos enquanto passava pela agradável estrada da floresta, mantida segura pelos guardas do rei, sem monstros, sem salteadores. "Nenhum perigo à frente. Só meu destino!" Mas o destino tinha outros planos.
Quando deu por si, estava pendurado pelos calcanhares, à quase cinco metros do chão. Sua bolsa tinha caido. Por causa da súbita mudança de angulo, levou um tempo para perceber o que tinha acontecido; Algum imbecil montou uma armadilha no meio da estrada. Começou a gritar por ajuda, já que não alcançava a corda e tinha medo de cair de cabeça.
Seus gritos foram respondidos pela pessoa mais surpreendente que Sarel já vira. Uma elfa, não muito mais velha que ele, talvez até mais jovem. Tinha estranhas marcas coloridas no rosto, que de alguma forma a tornavam bonitinha. O cabelo era escuro, quase preto, os
olhos, grandes e brilhantes, verdes. Tinha uma forma delicada, ainda que curvilenea, e estava vestida de forma curiosa, uma camisa com uma alça de um lado só, preta, semelhante á uma toga, uma saia também de couro, branca, provavelmente de algum animal branco, e um capuz do mesmo tipo.
Ela o olhava de forma intrigada, parecendo confusa.
-Graças! Alguem me ouviu. escute, por favor, me tire daqui! - Mas a elfa nada fazia, apenas continuava olhando. -Escuta moça, eu cai nessa armadilha. Se voçê for cuidadosa pode me tirar daqui rapidinho. Por favor.
Sem nenhuma resposta, Sarel estava começando a ficar entre desesperado e impaciente.
- Vamos! POR FAVOR! ME TIRA DAQUI!
- Calado coelho!
A realidade pareceu esbofetear Sarel. A frase o deixou tonto. Ou o sangue lhe estava subindo à cabeça.
- C-como assim coellho?
E então percebeu que a elfa não mais o olhava confusa, parecia decidida de alguma forma.
- Hehehe que sorte. Esse é o maior coelho que já vi!
- Coelho? Como assim coelho? Sou um homem!
- AHAHAHAHAHA! Ora vamos. Você quer me enganar coelho?
- cOMO PODE PENSAR QUE SOU UM COELHO? SEQUER PAREÇO UM COELHO!
- E não é? Ora você caiu em uma armadilha de coelho, logo é um coelho. Um coelho grande e estranho.
- UM COELHO GRANDE E ESTRANHO?!! SUA LOUCA!! ME SOLTA JÁ!
- Bem, estou perdendo meu tempo.
Ao dizer isso, começou a mexer na mochila que carregava e à tirar uma faca de lá. Isso gelou o sangue de Sarel, não parecia que ela o iria soltar com a faca:
- AHHHH!!! O QUE É isso??!!!!
- É claro, vou pelar e comer você coelho.
É impossivel descrever os gritos de Sarel. Mas a última parte é compreensivel.
- SE AFASTE DE MIM!!! SUA CANIBAL!!!
- Pare com isso, e além do mais não pode me ofender. Canibal é aquele que só come plantas e você é um coelho, não uma planta. Acha que sou imbecil?
Quando ficou claro que: um - ela não iria mudar de ideia quando a sua natureza, e dois - ela já estava pra cortar suas calças com a faca, Sarel apelou para sua medida de desespero total:
- NÁO PODE ME COMER! SOU UM COELHO MÁGICO!!!!!
E ela parou.
- Como é? Coelho mágico?
- Sim, sim, um coelho mágico. Se me soltar posso te ajudar, é, isso, ajudar. - A mente de Sarel estava febril, trabalahndo com uma rapidez que ele nunca achou possivel.
- Acho que você tá tentando me enganar. Adeus.
- ESPERA!! Sou mesmo um coelho mágico. Posso provar.
- Prove coelho. Se for mágico mesmo posso ter algum uso pra você. Se não for, bem, também terei algum uso pra você.
Era a hora da verdade. Tudo dependia desse momento. Se Sarel convencesse essa elfa louca de que era um coelho mágico (a própria loucura disso ainda o atormentava) estava salvo. Senão... não queria nem pensar. Mas tinha um problema. todos os intrumentos magicos estavam na mochila. fora de alcançe. Podia pedir para ela, mas e se ela pensasse que era um truque, parecia muito estúpida e capaz disso.
- Vamos coelho!
- M-mas é q-que...
- AGORA!!!
Dizem que em momentos de desespero, a mente se torna muito afiada e brilhante. Outros são idiotas em qualquer momento. E foi pra isso que Sarel apelou.
- VEJA!! EU SEI FALAR!! TA-DAh!!!
A sorte estava lançada.
Ela o olhou longamente.
- UHÚ!! ISSO!!! LEGAL!! - Ela batia palmas animadas. - Parabéns coelho!
Sarel não podia crer em sua sorte. Ela era estupida o bastante para cair nessa.Se coração deu pulos de alegria quando ela cortou a corda e com uma força assustadora o desceu lentamente.
- Bem, já que está tudo certo então eu vou indo e
- PARADO AÍ! Eu te soltei pra você trabalhar pra mim coelho.
- Como?
- É isso aí. Agora você vai fazer mágicas pra mim. E nem tente pensar em fugir. Posso te seguir até o fim do mundo. Agora vamos, Pra lá!
Ela não lhe deu tempo pra nada. Nem de explicar, nem de fugir. E, apavorado, Sarel sabia que ela o seguiria até onde fosse.
Não tinha escolha. Teria que ser o coelho mágico por muito tempo. E dando adeus à seus sonhos e esperanças, Sarel começou suas viagens com Moya. Viagens que os levariam aos mais altos montes de riqueza e mais baixos abismos de estupidez.
Mas essas são outras historias.