CONTO I [Extirpe]
Os ciclos da vida remontam aos mesmos trajetos. Nem se quisesse poderia dar fim ao destino, aquele monstro mandão!
Certa vez, me deparei com um declive profundo, daqueles que nenhum gostaria de lá descer. Doutra forma, também não havia força que me fizesse voltar e percorrer o deserto da juventude inepta, todo e outra vez.
As perguntas anuviavam os olhos, que antes admirados com o horizonte depressivo culminavam um fim ao infinito precipício. "Vale a pena ir ao fim de si mesmo, para depois voltar a subir a montanha da glória?" Riu-se de mim, cruel destino. Pensar dá-me vertigens, e viver é por demais dispendioso; preferi aguardar. "Mas quem disse, que somos nós que mandamos em nossos vãos quereres?"
Riu-se uma última vez, empurrou-me e caí. Acordei aonde estou, longe de mim - no abismo de quem sonha despertar. E a quem quiser dizer-me, talvez haja uma luz no fim desta cratera. Sequer importa, nesta comédia sou peça secundária. Dou ao destino - meu verdadeiro mártir - todo protagonismo desta comédia viandante.
Inesperadamente, sorriu p'ra mim. Procurei caminhar...
[...] Extirpe.
Biografia de H. Alrashid - Conto I [Sonhos de Juventude].
(Ariscadian Editorial)