SONHO IMPOSSÍVEL

Por meu neto, Tomás Machado Gonçalves Rêgo (11 anos)

Minha professora Natalia sempre quis ter um namorado, mas nunca achou sua alma gêmea, já tinha até ficado noiva mas desistiu logo na véspera. Ela conta muitas historias engraçadas e divertidas em sala de aula, sobre amigos, namorados e sempre diz que vai continuar solteira e esse é o motivo de eu estar aqui hoje, escrevendo esse texto.

Mas antes de começar nossa historia, vou esclarecer uma coisa:- a maioria dos fatos que contarei agora são fictícios, então não achem que isso aconteceu de verdade, alguns sim mas a grande maioria não!

PRIMEIRO DIA – NAMORADO

Começou um dia normal, o primeiro no hotel em que Natalia estava no Rio de Janeiro, quando foi tomar café e viu numa mesa um homem bonito, alto e forte, que parecia ser muito gente boa pois cumprimentava a todos sem faltar ninguém e era muito amigável.

Ela percebeu também que ele não estava sozinho, pois havia junto dele uma mulher que aparentava ser sua namorada, uma moça bonita, baixa, mas totalmente o contrario dele, mal educada, não dava bola para ninguém e quando iam lhe pedir ajuda era grosseira e dizia que nem queria saber. Natalia passou o resto do dia observando, pois notou a atitude dessa mulher muito estranha. Em dado momento, veio um menino pedir a ajuda dela e assim Natalia descobriu seu nome, Januari. O menino se dirigiu a ela:-

“- Januari, será que você pode me ajudar a achar o meu chinelo?” – e ela respondeu:-

“- Menino, por favor, tu tenho coisa mais importante a fazer do que ajudar um bobão a achar o seu chinelo, que ele mesmo perdeu! Vê se me erra, tá?” – aí Natalia apareceu e disse:-

“- Mas que falta de educação dessa moça com a criança, ela só está pedindo ajuda para achar o seu chinelo! Vamos, menino, eu ajudo você. Não sou tão mal educada.” – mas ai Januari revidou:-

“- Com licença, o menino está falando comigo e não com você. Pode dar uma licencinha, querida? Ninguém a chamou na conversa!”

“- Pelo menos eu não sou uma sem educação, grosseira e esquentada.” – devolveu Natalia.

Januari, sem ter o que argumentar, foi embora para seu chalé com o homem seu namorado, o qual por acaso se chamava Lua. E Natalia, após um dia cansativo, retorna ao seu quarto e pensa como iria conseguir mostrar ao seu amante como Januari não era uma boa pessoa.

SEGUNDO DIA – JOGO DE VOLEI

Na manhã seguinte, Natalia não vê Januari e nem o Lua; pensa que devem ter ido para outro lugar, então aproveita o dia para curtir a cidade e o hotel. Primeiramente, volta pra o quarto e veste seu maiô e bota seus óculos escuros, pulando direto na piscina sem nem saber se a água estava fria ou quente. Nadou, nadou, nadou até conseguir reunir um grupo para jogar vôlei na piscina. O jogo começou com três pessoas para cada lado e o adversário saca, poderosíssimo:- !- Eeeeeeeee! Pppppppppiiiiiiii!... – Natalia levanta a bola, então veio um de seus amigos e deu um saque, fazendo seu primeiro ponto. Um a zero para o time de Natalia.

Aí outro companheiro seu de time deu um saque, sem mais nem menos os jogadores do outro time só cortaram a bola rapidamente e, sem podermos reagir, foi ponto para eles.

Duas horas depois o jogo estava empatado, com dois “sets” para cada lado. Então combinaram que quem fizesse primeiro três pontos ganharia o jogo. Aí a bola começou com seu time. Com um saque letal, fizeram seu primeiro ponto. No próximo saque, seu amigo disparou mas o adversário levantou a bola e com a força de um meteoro devolveu a bola. Com um bloqueio rápido e preciso, Natalia levantou a bola. Seu amigo colocou-a em posição de ataque, Natalia finalizou a jogada com um poderoso saque que furou o bloqueio e fez o ponto. Agora restava apenas um ponto para a vitoria.

Natalia então sacou, a bola foi facilmente dominada e, com um saque rápido e preciso, o adversário fez mais um ponto. Agora, 2 x 1 e, sem querer saber, o adversário sacou, a bola ficou na rede e foi ponto da vitoria do time de Natalia, 3 x 1. Terminado o jogo, ela foi para o seu quarto levando consigo a vitoria e se arrumou, pois iria sair para jantar.

Após alguns minutos, achou um restaurante bacana, entrou, tomou assento e pediu aquela clássica “Coca-Cola” de inicio. O jantar estava farto, mas após a refeição sentiu um mau cheiro e quem o estava exalando era um garçom do restaurante. Natalia, na saída, comentou:-

“- Meu deus, que mau cheiro é êsseeeeeeeeeeeee!” – e caiu na cama, muito cansada e com dor de cabeça, acabou adormecendo.

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TERCEIRO DIA – A TRAMA

No dia seguinte, Natalia ficou sabendo que Januari e Lua haviam ido a uma praia muito distante e voltou hoje:-

“- Bem que Januari podia ter ficado! Mais um dia com ela aqui!” – disse Natalia enquanto ia para a sala do café da manhã quando, de repente, trombou com Januari.

“- Olá !” – saudou Januari.

“- Olá !” – retribui Natália.

“- Eu queria lhe pedir desculpas por ter brigado com você, anteontem.” – disse Januari.

“- Tudo bem, tudo bem. Todos nós cometemos erros de vez em quando. Eu também cometo erros.” – falou Natália.

“- Então quer dizer que tá tudo bem?” – insistiu Januari.

“- É claro!...” – Natália falou.

“- Então falou!” – sacramentou Januari.

Januari se retirou em seguida, mas o que ela não sabia era que ele só havia se desculpado pois estava tramando um plano para pegar a chave do seu quarto, trancá-lo e deixá-la sem onde dormir. Só conseguiria isso se aproximando mais e mais dela.

Depois do café, Januari convidou Natalia para ir jantar na casa dos seus pais, que moravam no Rio de Janeiro. Natalia achou sua atitude suspeita, mas para não piorar as coisas aceitou e às 19,00 horas iria jantar na casa dos pais de Januari. Mas enquanto ainda era de tarde, ela aproveitou para seguir Januari e ver se ela estava tramando alguma trapaça com ela. Enquanto a seguia, viu o caminho que tomou, primeiro foi à padaria, comprou pão e leite, um pouco de doce, pagou e foi logo em seguida para a casa de seus pais, mas não percebeu uma atitude muito suspeita de Januari, quando ela colocou uma pequena quantidade de chá de camomila, mas muito pouca mesmo pois não queria que Natalia adormecesse, senão seus pais iriam desconfiar de alguma coisa. Aí ela colocou uma quantidade pequena, em que ela ficasse um pouco cansada para ficar mais fácil de pegar a chave de Natalia, pois esse era o seu plano. A noite de lua cheia chegou e Natalia foi rapidamente se arrumar para o jantar na casa de Januari. Quando chegou lá, ficou surpresa de como ela foi rápida e ágil ao arrumar as coisas e percebeu que Lua não estava lá. Foi recebida por Januari acompanhada dos seus pais, Juana e Pedro. Januari rapidamente identificou a localização da chave em seu bolso e sua mãe lhe pediu que sentasse no sofá e contasse um pouco mais sobre ela:-

“- Olá, Natalia, prazer em te conhecer!” – disse Juana.

“- Olá, Juana! Tudo bem? É um prazer te conhecer também!” – devolveu Natalia.

“- Então me fale mais sobre você, fiquei curiosa quando minha filha disse que você viria jantar conosco.” – questionou Juana.

“- É mesmo? Então vamos começar pela comida favorita, já que isto é um jantar. Bom, minha comida favorita é macarrão à bolonhesa, arroz com frutos do mar e arroz com cogumelos. E você?” – Natalia falou.

“- Minha comida favorita, por mais surpreendente que seja, é um arroz com feijão que um dia comi na casa de uma amiga, simples, mas surpreendentemente bom!...” - respondeu Juana.

E assim elas ficaram conversando um tempão, enquanto Januari apenas a observava. Depois a chamou para o jantar e já estava pronta para pegar a chave. Ofereceu à Natalia o lugar ao seu lado, por educação, ela aceitou e quando se sentou o jantar começou. Januari ofereceu à Natalia o suco que estava misturado com o chá de camomila e, assim que Natalia começou a ficar cansada, mas sem vontade de dormir, Januari aproveitou e pegou sua chave sem ela ver. Às 22,30 horas, Natalia foi para o hotel mas, quando chegou ao seu quarto, não encontrou a chave e ficou desesperada, porém não tinha forças para ir atrás dela pois o efeito do chá ficava cada vez mais forte. Com isso, acabou dormindo na porta.

QUARTO DIA – A DESCOBERTA

Natalia acorda com uma voz bem grossa, parecia até o Lua. E era ele mesmo, ajudou-a a levantar e a se recuperar. Contou-lhe o que havia acontecido, levou-a para o quarto em que estava hospedado com a Januari e perguntou se ela sabia onde estavam as chaves.

“- Januari, será que você viu as chaves da Natalia? Ela acabou voltando da sua casa sem elas. Você as encontrou?” – indagou Lua.

“- Não, eu não as encontrei, mas penso que devem estar no hotel.” – disse Januari.

“- Obrigado, vamos procurá-las no hotel.” – falou Lua.

Natalia estranhou, mas ignorou seu pensamento e seguiu Lua à procura das chaves. Primeiramente, foram procurar na recepção já que o hotel não tinha achados e perdidos. Indagaram ao recepcionista se ele havia recebido alguma chave perdida. O rapaz disse que não. A seguir, foram procurar no corredor que dava ao quarto de Natalia. Procuraram, mas não acharam. Natalia raciocinou sobre os fatos que sucederam no dia anterior, no caso o dia em que perdeu as chaves. Primeiro pensou, Januari estranhamente a convidou para um jantar na casa dos seus pais. Depois pensou, após ter bebido o suco que Januari lhe ofereceu, ficou sonolenta, mas sem vontade de dormir. Então raciocinou, o único lugar em as chaves poderia estar logicamente seria nas mãos de Januari. Assim, conseguiu desvendar a trama. E foi falar com Lua, que precisava ir imediatamente ao quarto em que ele e Januari estavam hospedados. Chegando lá, foi falar com Januari que estava assistindo “TV” na sala:-

“- Januari, você roubou as minhas chaves! Devolva-as agora, ou vai se haver comigo!” – disse Natália.

“- Eu não roubei suas chaves! Está me acusando de algo que eu nunca seria capaz de fazer!” - foi a resposta de Januari.

“- Para provar sua inocência, deixe-me ver o seu guarda-roupa” – insistiu Natalia.

Imediatamente Natalia foi vasculhar o guarda-roupa de Januari e não encontrou nada. Mas, quando faltava apenas a ultima gaveta, abriu-a com tanta fé que lá estavam elas, as chaves de puro metal. Januari tentou argumentar para se proteger, mas seus argumentos não eram páreos para a verdade. No mesmo lugar onde estavam as chaves encontravam-se também os documentos de Januari e, de acordo com o que Natalia viu, ela era uma criminosa que torturava as pessoas até matá-las. Descobriu ainda que aqueles não eram seus pais verdadeiros, os que conheceu na noite passada eram apenas míseros capangas que a ajudaram.

Ao descobrir isso, Lua ficou tão chocado que nem mais sabia em quem confiar. Natalia foi rápida e ágil, pegou as chaves, os documentos e foi-se embora com ele. Iriam denunciar Januari. Lua pegou as chaves do carro e começou a dirigir para a Delegacia. Januari, como era profissional, pegou as chaves do carro e puxou seu revolver. Ambos começaram a ser perseguidos por Januari, a qual começou a atirar. Lua que estava dirigindo foi o foco de Januari, que lhe acertou bem no braço. Lua estava ferido.

QUINTO DIA – FINAL

Lua estava ferido, incapacitado de dirigir. Natalia rapidamente assumiu o volante e colocou-o no banco do co-piloto. Como ela não era boa de direção, Januari facilmente acertou-a nos dois pneus. O carro capotou, parando bem na frente da Delegacia de Policia. Januari estacionou e saiu do carro com um revolver, apontando-o para Natalia. Os policiais rapidamente saíram para ver o que estava acontecendo. Aí, Januari falou:-

“- Larguem suas armas, senão eu atiro!” – e os policiais, sem saber o que fazer, ficaram imobilizados.

Nisso, alguém disparou e um tiroteio intenso provocou enorme confusão no local. Quando a fumaceira baixou, os policiais constataram a morte de Januari, que havia sido atingido por vários disparos, tendo assim um trágico final na sua carreira criminosa. Natalia lamentou mesmo assim, pois queria ter a honra de destruí-la pessoalmente, mas ficou feliz do mesmo jeito.

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Dedico este conto em homenagem à Natalia, minha professora querida do “Colégio Magnum”, em Belo Horizonte/MG.

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RobertoRego
Enviado por RobertoRego em 20/09/2016
Reeditado em 11/10/2016
Código do texto: T5766861
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