Tudo foi roubado

Havia uma rua; uma casa, onde morava um ladrão; outra casa onde morava uma donzela, que tinha um jardim; e mais uma casa, onde morava uma dama, que tinha uma lanterna vermelha pendurada na porta de entrada; nessa casa não havia porta de saída.

O ladrão, que tinha mil manhãs, roubava a cada manhã, uma rosa no jardim da casa da donzela, e levava a rosa até à dama, que apagava a lanterna, sempre que o ladrão chegava com a rosa.

Havia mil manhãs, mas não havia mil rosas a serem roubadas, e o jardim estava ficando sem rosas, e a donzela estava vendo seu coração ser subtraído, por um ladrão, que estava lhe roubando o endereço e todos seus adereços, que tinham o doce aroma da rosa.

O ladrão levava rosas à dama, que não se encantava com rosas e via o tempo esgotar o óleo de seu candeeiro, que um dia se apagou, definitivamente.

A donzela ficou sem seu coração, as rosas perderam-se no nada, e sem encantar a ninguém , e o ladrão ficou sem saída, em uma casa que não tinha portas nos fundos.

Perderam-se mil manhãs, menos de mil rosas, um jardim, uma donzela, um ladrão, um candeeiro, sem óleo, e uma promessa de entrada no céu, em uma casa que não tinha portas nos fundos, e que também se perdeu; só a dama não se perdeu, pois ela nunca havia se encontrado.

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 15/09/2016
Reeditado em 16/09/2016
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