O portão

Empurrou o velho portão pesado e enferrujado e subiu as escadas, naquela rua de casas geminadas. A morada era fechada com uma porta de ferro escura. Bateu. Havia outra pessoa ao lado. Ele disse: "Olhe o tamanho daquele cachorro que se soltou e vem vindo em nossa direção". Imediatamente ela gritou para a pessoa que estava entrando pelo portão para que o fechasse rápido porque o cão poderia entrar e agredi-los. Mas como era um senhor velhinho, e desconfiada que ele não teria agilidade para isso antes que o animal entrasse, precipitou-se escadas abaixo e trancou a entrada. Ainda assim temia que aquela passagem não fosse suficiente para deter o enorme cão e que ele poderia fazer o portão de suporte para saltar para dentro. Mas o animal passou pelo local e não deu importância àqueles humanos que temiam serem atacados. Vários cachorros das casas vizinhas começaram a latir sentindo aquela presença ameaçadora, que impressionava até mesmo os de sua raça. Os donos foram atrás tentando prendê-lo e poucos minutos depois passaram de volta com ele preso pela coleira e agora parecia até menor. Por uma entrada lateral da casa, ela viu sair um cachorro que latia para aquele animal tão grande. É isto: fechava as entradas temendo as feras. Mas são as feras que a fazem avançar, que a fazem correr, que a fazem superar limites e se mostrar capaz de vencer as mordidas (mordendo também?).