Seven Devils - O Amor por Trás da Obsessão

Ficar olhando o Loki estava me matando. Eu não precisava ficar ali me martirizando, Frigga teve o que mereceu. Retornei para o meu corpo na nave do Malekith. Meus demônios já estavam me esperando, pareciam querer aconselhar.

-Minha rainha, devemos ir.

-Por quê? Malekith ainda não tem o Éter...

-Essa parte do seu plano já está terminada, minha criança.

-Sim minha rainha, Frigga já está morta e você não deve nada ao Malekith. Não precisa continuar aqui.

-Vocês tem razão. Cumpri minha parte, agora vamos nos divertir um pouco. Antes de continuarmos.

Eu sorri e eles se entre olharam. Fomos até o local que guardavam as naves menores.

-Fiquem aqui fora.

-Por quê?

-Vão querer me impedir, não deixem. Depois me encontrem em Asgard.

Entrei na nave, consegui sair sem problemas. Meus sete sempre cumprem minhas ordens com perfeição. Decidi ir a Asgard pelo simples motivo de que esse foi apenas o começo, coisas muito piores irão acontecer. Ainda tenho uma amiga ali e não quero vê-la machucada. Sabrina teria de me ouvir dessa vez e sumir desse reino maldito.

Fui direto para sua casa, bati na porta e D. Bedar atendeu; conversamos por algum tempo, ela estava bem receptiva pela ajuda que lhe concedi, até Sabrina chegar.

-Cristie?! O que faz aqui?

Levantei e ela me abraçou.

-Precisamos conversar.

Fomos até o jardim de sua casa, havia uma mesa ali. Sentamos e D. Bedar trouxe algo para bebermos e beliscarmos. Era um belo lugar, bem verde, cheio de flores e frutos. Sabrina sempre adorou cuidar de jardins.

-Pensei que nunca mais fosse ver você. – Disse Sabrina.

-Essa era a ideia, mas você decidiu ficar.

-Eu não poderia ir naquelas circunstâncias.

-Agora pode?

-Não acho que seja necessário. O perigo que falou já aconteceu e estamos bem.

-Isso foi só o começo, Sabrina. Virá mais... Muito mais.

Ela ficou séria.

-Você tem algo a ver com isso?

-Sim.

-Como pôde fazer algo assim com o lugar que você cresceu?

-O lugar que sofri por toda uma vida. Entenda que para Odin ter o mínimo de tormento devo destruir tudo que ele ama. O reino é uma delas.

Ela fez uma cara de horror, confesso que isso me deixou um tanto desconfortável.

-Você matou a rainha?!

-Eu não empunhei a arma, mas tive algum envolvimento.

-Isso é culpa desses demônios?

-Não, fiz por vingança e não me arrependo nem por um segundo.

-Você não era assim, Cristie!

-Eu sempre fui assim, Sabrina. Apenas não mostrava, pois queria ser uma boa pessoa. Queria deixar Freya com orgulho de mim; queria que o príncipe olhasse pra mim. Depois dos meus demônios; depois da verdade sobre mim... Foi uma alívio parar de tentar ser quem eu não sou. Os meus demônios, a manipulação, o caos... É o que me faz feliz e, agora, até o príncipe eu tenho.

-Você confia nesses demônios? Por quê?

-Eles são meus servos. Eles me ajudaram desde o momento que começaram a aparecer pra mim. Primeiro me ajudando a me livrar de D. Sila. A mulher que sempre me maltratou. Depois, protegeram-me do ataque do Thor na noite em que soube a verdade sobre minha família. Sempre ao meu lado. Sempre fiéis. Como posso não confiar?

-São demônios!

-E são meus! Olha, Sabrina, ainda me sinto sua amiga e por isso venho até aqui lhe avisar para sumir. Existem vários outros lugares nesse universo, escolha um e leve sua mãe. Dias sombrios vão chegar a Asgard e não quero sabe que foi uma das vítimas. Agora preciso ir...

-Mais lugares para desolar e pessoas para matar?

-Não fique assim, Sabrina. Isso não combina com você. Porém, não se preocupe, ninguém mais irá morrer hoje.

Deixei o local sabendo que não veria mais Sabrina e não teria mais sua amizade. Ela seria grata a vida toda pela cura de D. Bedar, no entanto ela é do tipo de pessoa rara; vê o mundo como um bom lugar, nunca faria mal a uma planta e passa a ter repulsa por quem o faz.

Cheguei ao castelo, havia mudado minha forma para algum dos guardas, não queria atrair atenção desnecessária. Na sala do trono, Odin estava em pé olhando para o trono estruído. Parecia não só triste, mas também muito cansado.

Caminhei devagar até ficar perto. O pai de todos olhou para trás e disse não precisar de nada. Adorei perceber o peso do luto em sua voz. Voltei para minha forma normal e esperei. Virou-se com raiva por não ter saído dali e ficou pálido ao me vê.

-Cristie! É claro, só poderia ser você.

-Olá, Odin. Sinto por sua perda.

-Mentirosa!

-Você me pegou. – Dei um risinho. – Não sinto. Na verdade foi muito divertido olhar Frigga morrer.

Ele tentou me atacar com a Gungnir, formei meu escudo como defesa. O barulho fez os guardas parecerem. Todos vieram para cima de mim e os fiz ficar paralisados, o pai de todos continuou tentando me atingir; cansei da brincadeira e o derrubei com minha energia.

-Você é igual ao seu pai. - Disse ele.

-Não, eu sou melhor. E sabe o motivo? Eu não me explodiria junto com meu reino. Eu sou muito esperta pra isso.

-Foi o único momento de sanidade do seu pai.

-Foi o momento de maior estupidez dele. Mas, não vim falar sobre meu pai.

-O que veio fazer? Matar-me?

Cheguei bem perto; Odin caído e eu em pé.

-Eu não quero te matar, Odin. Pelo menos, não por enquanto. Quero destruir você e tudo que ama.

-Tudo por poder. Por desejar um trono.

-Quer que eu diga que é meu direito de nascença? Porque não vou dizer isso. Eu não quero seu trono ou sua coroa ou seu poder. Entenda, pai de todos, desejo que fique bem e reconstrua Asgard pedra por pedra. Para eu poder volta e destruir tudo de novo. Não é poder que quero, pois já o tenho...

-Você não tem nada.

-Mesmo? Tenho sete poderes diferentes e sete demônios ao meu lado. Se pretendesse obter os nove reinos eu os teria em um piscar de olhos. Mas eu não os quero. Qual a graça de cuidar dos problemas dos outros se você causa-los?

-Você é louca!

-Possivelmente, porém saiba que tudo de ruim que acontecer com você, sua família e os nove reinos. Terá um dedo meu. Isso foi só uma pequena amostra do que está por... – Senti algo estranho; alguma coisa estava errada. – Vir.

-Qual o problema?

-Loki!

-O que tem ele?

-Ele não está bem. Eu preciso ir. Adeus, Odin.

Saí correndo com os meus demônios logo atrás, pegamos uma das naves do castelo. Não foi nenhum dos sete poderes que tenho; não foi nenhum demônio que me avisou. Loki está preso ao meu coração e a minha mente. Sempre saberei se está bem ou não. Fui até o reino dos Elfos Negros e vi a pior cena da minha vida. Ele estava sozinho, caído, ferido, quase morto. Igual ao meu sonho.

-Acho que ainda dá tempo.

-Não deve fazer isso, minha rainha.

-Não posso deixa-lo morrer.

-Decide se sacrificar para salvá-lo, minha criança?

-Qualquer vingança seria nada prazerosa sabendo que o Loki não estaria ali pra vê.

-E quanto à continuação da vingança, minha rainha?

-E quanto ao plano?

-Tudo está organizado e caminhando de acordo com o planejado. Asgard será destruída com ou sem minha presença e vocês sabem disso.

Eles não pareceram gostar da minha decisão, entretanto não poderiam fazer nada a respeito, minha cabeça já estava feita. Concentrei-me, toquei na ferida de Loki, a luz branca surgiu e ficou imensa até que cessou de repente. Esperei com ansiedade.

Loki acordou lentamente, sorriu ao me vê e retribuí. Então, ele percebeu o que tinha ocorrido ali; o que eu tinha feito.

-Cristie... O que você... Oh não! O que você fez?

-Fiz o que precisava. - Decidi levantar e ficar de costas, a ferida começava a se abrir em mim. Não queria que ele visse. – Já que está bem, posso ir cuidar das minhas coisas.

Senti quando ele chegou por trás de mim e tocou minha mão. O corte estava cada vez maior e mais profundo, não consegui resistir por mais tempo, acabei caindo em seus braços.

-Cristie! Você não devia ter feito isso. – Ele estava com lágrimas rolando pelo rosto. – Por que fez isso?

-A vida sem você não é vida.

-E o que será da minha sem você?! Irei ficar completamente sozinho.

-Você vai tomar Asgard e, por favor, diga para Freya que nunca quis mata-la. Não de verdade.

-Eu juro!

-Eu te amo. – Toquei em seu rosto.

-Você só quer que a cure. – Ele falou após um sorriso e segurou minha mão.

-Você pode me curar?

-Não, desculpe.

-Eu te amo.

Fechei os olhos com uma lágrima escorrendo, sabia que estava indo para as profundezas da minha mente; da minha alma. Mesmo assim, ainda ouvia tudo ao meu redor. Loki chorando por mim, isso de alguma forma me fez feliz. Ele afagava meu cabelo, lágrimas caiam em mim.

De acordo com a conversa a seguir, acredito que meus demônios apareceram para ele. Um a um. Da mesma forma que foi para mim, até estarem todos ali ao nosso redor.

-Vocês...

-Somos os demônios da Cristie.

-Fazemos tudo para seu bem-estar.

-Se é assim como não evitaram que isso ocorresse? - Perguntou Loki.

-Nossa rainha só faz o que bem entende.

-Não conseguimos convencê-la a não fazer.

-Afinal de contas, o que são vocês? Por que ela? O que pretendem? Manipular Cristie? Respondam!

-Tentamos por algumas vezes, mas nunca conseguimos manipular a Cristie.

-Somos sete demônios do submundo.

-Somos os antepassados de Cristie!

-O que?!

Loki pareceu tão surpreso quanto eu, nunca quis saber sobre eles. Eram meus servos, nada mais que isso.

-Todos nós fomos, um dia, senhores dos dez reinos.

-Nunca aceitamos a morte, sempre quisemos voltar. Comandar os reinos novamente. Sentir o poder de manipular alguém, o poder do caos, da diversão. No entanto, nossos sucessores com seus casamentos fora da família se tornaram uns fracos.

-Nem conseguiam atingir os sete poderes. Cristie é a primeira após o nosso reinado a conseguir.

-Sempre seremos fiéis a ela, não apenas por ser da família, mas por ser a rainha que esperamos e que nos dá a diversão que sempre buscamos.

-O que querem de mim? – Perguntou Loki.

-Ela não está morta, está em coma. Porém, vulnerável e com vários inimigos que poderiam se aproveitar disso.

-A leve para um lugar seguro, onde possa ficar por anos.

-Sei exatamente qual o lugar certo.

Ele me acomodou em seu colo, imaginava onde me levaria, mas só tive certeza quando chegamos. Era a casa de Freya em Midgard. Ao atender a porta, levou um susto ao vê Loki comigo em seus braços.

-Loki?! Entre... O que aconteceu?

Loki colocou-me gentilmente em um local agradável.

-Ela se sacrificou por mim.

-Sinto muito. Por que a trouxe aqui? Do que precisa?

-Ela está em coma. Apenas cuide para que fique confortável. Os demônios cuidarão de sua segurança.

-Tenho um quarto de hóspedes aqui em casa. Eu cuidarei dela.

Loki beijou-me e sussurrou.

-Eu te amo. – Em seguida, falou alto para Freya. – Eu preciso ir. Ah! Ela disse que nunca quis mata-la. Não de verdade.

-Eu sei disso. Sempre soube.

Sinto que me colocaram em um quarto. Percebo meus demônios ao meu redor, me guardando. Não consigo definir a quantidade de tempo, porém algo estava estranho. Um burburinho dos meus sete. Alguns sumiram, a nossa ligação era o que os mantinham fortes e longe do submundo. Nossa ligação enfraqueceu com meu estado de coma. Eu precisava fazer algo; precisava acordar; precisava trazê-los de volta. Esforcei-me na cura. Até que finalmente abri os olhos.

Freya estava carregando uma bandeja e a derrubou... Parecia tão feliz! Veio para me abraçar. Eu não tinha tempo e nem mais paciência para essas bobagens.

-Afaste-se! O que fez com eles? Onde estão os outros?

-Que? Quem?

-Meus demônios! Só tem quatro aqui.

-Agora você me pegou de surpresa, eu não sei mesmo de nada. Tudo o que sei é que o Loki disse que cuidariam de sua segurança

-Eu os ouvi; algo os pegou. - Olhei para eles. -Onde estão os outros? O que aconteceu?

-Creio que posso te ajudar nisso. – Falou Freya.

-Fala.

-Há algum tempo, o Steve foi pra Latvéria. Ele mencionou um homem, o Doutor Destino. Ele é perigoso e muito poderoso

-Já ouvimos sobre ele, minha rainha.

-O que ouviram?

-Ele costuma invocar demônios. Como nossa ligação enfraqueceu, alguns não conseguiram manter-se aqui.

-Ele vai me devolver meus demônios e pagar por tê-los pego.

-Guardei suas armas e armadura neste armário aqui - Ela abre. -Limpei-as pra você.

Sorri e me troquei.

-Vamos meus queridos, temos trabalho a fazer.

-Desejo-lhe sorte, Cristie.

-Sorte não tem nada a ver com isso, Freya. Eu vou fazer esse homem desejar nunca ter cruzado meu caminho. Adeus!

-Adeus.

Saí sem olhar pra trás, sendo seguida pelos demônios que restaram. Eu tinha um resgate a fazer e um Loki para reencontrar. Porém, isso é o início de outra história. A contarei se assim desejarem. Deixem-me saber se querem ouvi-la. No entanto, não a contarei agora. Até breve.

ALANY ROSE
Enviado por ALANY ROSE em 18/08/2016
Código do texto: T5732082
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