Seven Devils - Midgard
Quando saí da casa da Sabrina não estava me importando com muita coisa, apenas tinha aquele estranho sonho na mente. Não conseguia tirar da cabeça a imagem do Loki ferido diante de mim. A dor que senti ao vê-lo machucado... Faria qualquer coisa para impedir isso. Então, creio que no fim das contas o meu pai e meus demônios tem razão: esse amor vai acabar me matando.
Enfim, peguei aquele velho caminho, o mesmo de Freya; o mesmo do primeiro beijo e, dessa vez, o completei. Cheguei a Midgard. Um lugar verde e cheio de pessoas com roupas esquisitas.
Precisava encontrar o Loki, fui até uma árvore e sentei. Concentrei-me nele e acabei aparecendo em uma cela de vidro, o vi ali falando com uma mulher de cabelos vermelhos; muito bonita. Sentei ouvindo a conversa, nenhum deles poderia me ver ou ouvir a menos que eu quisesse. Ela conseguiu enrolar o Loki perfeitamente, gargalhei disso.
-Bonitinha essa daí!
-Cristie?!- Ele se vira rapidamente.
-Ela te enganou direitinho. Bem, você nunca resistiu a uma mulher aparentemente frágil, não é mesmo? – Eu sorri.
-Onde você está?
-Em um lugar chamado: central park. Pelo menos foi assim que ouvi um casal falando.
-Não sabia que podia fazer isso.
-Tem muitas coisas que consigo fazer e você não sabe.
-Já ajudou a Sabrina?
-Sim, D. Bedar está nova em folha.
-Que desperdício de tempo. Poderia estar aqui me ajudando desde o começo.
-Ajudar um amigo nunca é desperdício de tempo e não estou aqui para auxiliá-lo, Loki. Já consegui o cetro e o exército que tanto queria. Agora é com você.
-Então...
-Loki! – Surgiu uma voz conhecida logo a trás dele.
-Freya, o que faz aqui? - Perguntou Loki.
-É uma longa história... Por que está fazendo isso?
-Irei reinar em Midgar.
-Matando pessoas?
-Algumas mortes são inevitáveis.
-São vidas, Loki. Você não é assim!
-Oh! Que conversa chata. – Acabei falando. – Me diga logo onde devo esperar você.
-Falarei quando estivermos a sós.
-Expulse-a de uma vez.
-Com quem está falando? - Perguntou Freya.
-Com a Cristie. Não consegue vê-la?
-Não.
-Apenas você me vê e ouve, Loki.
-Ela tem esse poder de aparecer em outro lugar, mas só deixar que a vejam quem ela escolher. – Explicou para a Freya.
-Ah! Por que ela não quer que eu a veja?
-Ela me contou sobre tê-la traído.
-O que?! Jamais faria isso!
-Odin e Frigga lhe contaram sobre o passado da família dela, não é verdade?
Observava essa conversa deitada no banco da cela de vidro, imaginando qual seria o propósito do Loki.
-Sim, eles me contaram. – Ela pareceu triste, mas sua tristeza nesse ponto da história já não me importava. – Nunca me senti tão envergonhada. Nossos pais...
-Seus pais! Não deve estar sabendo, mas sou filho de Laufey.
-Fiquei sabendo, encontrei o Thor mais cedo. Porém, isso não importa. Você é e sempre será meu irmão. -Ela pareceu receber alguma mensagem, devia ter um tipo de transmissor. – Preciso ir. Voltarei mais tarde.
Decidi ir junto, queria saber onde estávamos. Andamos por alguns corredores até chegarmos a uma sala com Thor, alguns caras e aquela mesma garota que enganou o Loki.
Meus demônios já haviam me falado sobre alguns deles. Imagino qual seja o plano do Deus da trapaça. Eles viram um vídeo de quando conversava com o Loki. Ao contar que falava comigo, Thor logo se preocupou. Adorei ver isso.
Eles fizeram um resumo da minha história, contudo Freya disse para não se concentrarem em mim, pois ela me conhecia bem e sou uma boa pessoa. Thor logo discordou e contou sobre o que houve no castelo após a fuga da princesa. Contou sobre como matei a D. Silla, como tentei matar os pais deles e até sobre ter enrolado o Loki para sair das masmorras de Asgard. Na opinião dele o irmão estava apenas perdido e magoado, porém eu não tinha salvação. A princesa ficou muito irritada com essas palavras.
-Nossos pais podem ter errado com Loki, mas foram muito pior com a Cristie. Ela não é esse monstro que todo mundo pinta.
Ela saiu daquela sala, eu a observei no corredor até perceber em qual outro recinto entraria. Quando adentrou levou um enorme susto. Era um local não muito grande, apenas com algumas mesas com aparatos eletrônicos. Freya me viu sentada na mesa que ficava no meio.
-Olá Freya! Estou um tanto diferente, mas deve saber quem eu sou.
-Cristie! – Ela estava com lágrimas nos olhos; tentou se aproximar.
-Não poderá tocar em mim, se é isso que deseja.
Ela parou.
-Senti saudades suas.
-Mesmo?! – Pulei da mesa e fui perto dela. – Consegue fingir melhor do que pensei. Passou a vida toda treinando?
-Cristie, eu não te traí. Desculpe por não ter contado sobre sua família, mas fiquei tão envergonhada, tão triste e desapontada com meus pais que não consegui te contar. Apenas quis sumir de Asgard.
-E me usou pra isso. Você sabia muito bem que eu ia embora dali; que eu precisava ir. – Meus olhos, também, começaram a se encharcar com algumas gotas descendo pelo meu rosto. –De como eu sofria naquele maldito lugar. Passei anos naquele castelo só por sua causa e na primeira oportunidade agiu como... Todos os outros.
-Desculpa. Não foi minha intenção. E você me ofereceu a saída, perguntei se não ia usar, além de ter dito que viria, porém nunca veio. Passei meses indo até o central park na esperança de encontra-la. Depois comecei a imaginar que havíamos nos desencontrado e nunca mais a veria.
-Ofereci por ter sido iludida por sua tristeza; por sua falsa amizade. Eu nunca irei perdoar você por ter me enganado desse jeito. Aliás, foi bom o que fez, pois aprendi a ver por trás das máscaras. Ninguém nesse universo é capaz de me ludibriar, como você fez um dia.
-Nem mesmo o Loki? Vocês estão juntos nisso? É a tal da maldição dos demônios fazendo efeito?
Eu gargalhei nessa hora.
-Existem sete demônios ao meu redor e apenas um Deus no meu coração: o Deus da trapaça. Eu não estou com o Loki nisso, não quero reinar em Midgard.
-Por que veio?
-Para apoiá-lo. É o que um casal deve fazer.
Nesse instante um grande barulho, uma explosão que fez Freya cair. Era minha deixa.
-Logo nos encontraremos de novo.
Reapareci na cela do Loki que me disse para ir até a torre Stark. Retornei ao meu corpo; fui procurar essa tal torre. Decidi ir pela forma mais prática, flutuei até certa altura, então vi o nome Stark. Tratei de voar até lá. Meu amado, mais uma vez, se viu pasmo com outro poder meu.
-Você é cheia de surpresas.
-Eu vi aquela coisa lá em cima. É assim que abrirá o portal para os Chitauri?
-Sim.
-Conseguiu humanos inteligentes.
-Peguei os melhores.
Havíamos sentado juntos em um sofá bastante confortável. Ficar nos braços dele era sempre o melhor do meu dia. De repente, lembrei-me do sonho.
-Ficou gelada. Você está bem?
-Sim. Deve ser a emoção.
Ele me fez encostar a cabeça em seu peito.
-Seremos muito felizes aqui. Iremos reinar os humanos brilhantemente.
-Mal posso esperar. -Escutamos um barulho vindo do teto. –Você tem trabalho a fazer.
-Logo voltarei. – Falou após me dá um beijo.
Aproveitei para ir vê o tesseract de perto. No topo da torre havia um homem caído perto do aparato, fui até ele; estava vivo, apenas inconsciente. Chamei por meus demônios que apareceram no mesmo momento.
-Quando o portal for aberto. Qual o tamanho do estrago na cidade?
-Enorme.
-Extremo.
-Incontável, minha criança.
-Muitas pessoas vão morrer...
-No que está pensando, minha rainha?
-Loki... Ele está muito longe da sanidade. Tudo por conta do desejo de magoar a família. Vai ferir muita gente com isso. Depois de aberto, como seria fechado?
-A pedra do cetro do Loki poderia fazer isso, minha rainha.
-É claro!
Corri até o homem e toquei na cabeça dele. Plantei uma ideia ali, bem na hora que o aparelho funcionou e abriu o portal. Vi os Chitauri vindo e a destruição começando. Um pouco antes de voltar até o Loki, avistei uma menina sozinha chorando, a mãe estava do outro lado, desesperada. Não conseguia alcançar a filha. Podem me chamar de sentimental, mas tive de fazer algo a respeito e foi no tempo certo, pois um enorme pedaço de concreto iria esmagar a pequena quando projetei um escudo de proteção para ela. Peguei a criança no colo e entreguei a mulher que me agradeceu. Retornei até o local em que o Loki estava, porém ele não ficou feliz com minha ação.
-O que foi aquilo?
-Era apenas uma criança, Loki.
-Não sabia que era tão sensível.
-Quer as cartas na mesa? Você decidiu vir “reinar” em Midgard apenas para irritar Thor e Odin. Se conseguir, o que pretende fazer depois? Cuidar deles? Começando dessa forma? Os humanos o odiarão de agora em diante e sempre se rebelarão contra você. Você será um ditador e nada mais!
-Chega!
Ele partiu pra cima de mim, coloquei meu escudo fazendo o raio do cetro voltar. Loki se esquivou, já devia imaginar que eu faria isso. Tivemos uma luta corpo a corpo, anos atrás jamais teria conseguido combater o Loki de igual para igual. Graças aos servos do Thanos, agora sou uma ótima guerreira. Cansei da brincadeira e o acertei com a minha energia. Abriu uma ferida em seu rosto, mesmo tendo nivelado para não feri-lo.
-Ainda não consigo controlar esse tão bem. – Agachei-me ao seu lado. – Loki, se quer tanto irritar o Thor, tudo bem, eu entendo. Porém, não me trate mais como uma garota idiota.
-Eu quero Asgard.
-Eu sei. – Coloquei minha mão em seu rosto, fazendo o corte desaparecer dele e aparecer em mim, segundos depois.
-Esse seu poder de cura...
-Tira a ferida da pessoa e passa pra mim, depois começa a cura.
-Não devia ter feito isso.
-Vou fazer isso sempre que precisar. Por que eu te amo.
-Apenas diz isso para não continuarmos a discussão.
-Pra eu derrubar você de novo?- Nós rimos e nos abraçamos. – Devia ir lá vê sua conquista.
-E quanto a você?
-Tenho algo pessoal para resolver. – Dei-lhe um beijo. -Até depois.
Joguei-me pela janela, flutuei até o chão. Algum tempo depois encontrei Freya ajudando umas pessoas a saírem de um prédio. Parte do teto cedeu, ela ficaria presa se eu não tivesse intervindo.
-Obrigada! – Ela falou ao sair do prédio.
-Eu vou matar você, Freya, e não um edifício estúpido.
-Eu não vou lutar com você.
-Então, irá morrer facilmente.
Me transformei em um monstro com garras e pulei nela, que se defendeu. Apenas fez isso durante toda a luta. Continuou a defender-se e nunca a atacar. Retomei minha forma.
-Pare com isso e lute pra valer.
-Isso nunca vai acontecer. O que preciso fazer para acreditar em mim?
-Por que você não me disse? Por que me traiu? Eu te amava; você era minha irmã.
Sentei chorando e ela me abraçou.
-Quando meus pais contaram tudo, perdi o chão. Eu te vi sofrer toda a vida nas mãos da D. Silla, sendo que se seu pai tivesse vivo, teria sido uma princesa. Deveríamos ter passado a vida brincando juntas e não você cuidando de mim.
-Bem, até que nos divertimos em vários momentos. – Enxuguei as lágrimas.
-Isso é verdade.
-Como chegou naquele lugar?
-Midgard é um lugar estranho, diferente de Asgard. Muito diferente. Andei por algumas horas, parei em uma academia de boxe, conheci o Capitão América. Ele me ajudou bastante e quando foi necessário, levou-me até a SHIELD.
-Vocês dois...?
-Não e sim. As coisas aqui são complicadas. E você e o Loki...?
-Estamos juntos.
-Por que apoia tudo isso?
-Eu acho isso uma grande idiotice. É apenas para ferir Thor. Logo vai acabar.
-Loki vai parar?
-Não, mas plantei uma informação na mente do humano que construiu aquela máquina do portal. Ele conseguirá fechá-lo.
-Se sabe como fazer vamos logo lá, terminar com toda essa loucura. – Ela pôs-se de pé.
-Nunca! – Também levantei.
-Por que?
-Não devo me meter tão diretamente nos negócios do seu irmão. Já brigamos hoje por causa disso.
-Então, me ajuda a salvar essas pessoas.
-Já completei minha cota de boas ações hoje.
-O que você realmente quer, Cristie?
-Eu quero o caos; quero ver Asgard destruída; quero matar seus pais!
-Como pode dizer isso? Sei que erraram, mas eles não sabiam como era a D. Silla.
-Nem procuraram saber. Eu quero e vou destruir seus pais. Quem você acha que trouxe o Loki aqui? Quem deu o cetro a ele? Os Chitauri?! Eles nunca conseguiriam tudo isso.
-Você está tão fora de si quanto o meu irmão. O caos irá consumir você. Irá cansar de tanto jogar com as pessoas. Irá querer ficar com alguém que realmente confie.
Eu ri dela.
-Ah Freya! Você é muito tola. Eu sou o caos. Manipular os outros é minha maior diversão.
Um grande barulhou ressoou, olhamos pra cima; o portal foi fechado.
-Você vem comigo. – Ela segurou meu braço.
-Eu não vou.
Minha energia atravessou meu corpo a atingindo. Freya caiu a certa distância, fui até ela.
-Cristie...
-Terá notícias minhas. Até um dia, Freya.
Algum tempo depois regressei ao Central Park, mais uma vez recostei-me em uma árvore e busquei por Loki. O vi com Thor e aqueles outros. Apenas ele podia me vê. Aproximei-me
-Você fica bonito com a boca tampada. Não se preocupe, meu amor, logo nos veremos de novo.
No Central Park voltei a me reunir dos meus demônios. Todos estavam de volta.
-O que fará agora, minha rainha?
-A distração acabou. Vamos encontrar o Éter.