Violeta

A chuva incessante era ao mesmo tempo uma preocupação e um alivio. Ao mesmo tempo que a escuridão temporária trazia o perigo do ataque, também afastava os visitantes que não paravam de chegar ao Castelo Sombrio.

Os conselheiros estavam preocupados. Eles se revezavam em sua sala, hora procurando notícias sobre a rainha, hora trazendo notícias sobre a escuridão que avançava sobre as montanhas, ora exigindo a coroação imediata da Princesa herdeira.

Arthur tomou mais um gole de sua bebida, contemplando a lareira, perdido em pensamentos. Não poderia segura-los por muito tempo. Assim como todos os conselheiros, sabia que não haveria esperança sem a proteção da Rainha.

Mas não conseguia ceder. Violeta era muito jovem. Mais jovem ainda do que a mãe dela, quando foi coroada. Seus poderes eram instáveis. Sua personalidade era instável.

Havia visitado seus aposentos na manhã anterior. Havia apenas uma de suas amas, uma moça jovem, que tentava em vão fazer Violeta se acalmar.

- Alteza, não pode fazer isso. -A garota implorava, enquanto Violeta corria e pulava em volta da cama -vai se machucar.

- Você não pode mandar em mim Emma-ela escapou mais uma vez, antes de tropeçar em um dos tapetes e cair, felizmente sem machucar-se.

Emma então correu para seu lado, verificando se havia algum arranhão. O medo de ser repreendida obvio em sua expressão.

- Está tudo bem. -Arthur fez sua presença notada. -Não aconteceu nada.

- Majestade! Eu... eu... juro que estou me esforçando para vesti-la. A princesa vai estar pronta a qualquer minuto.

- Preciso falar com minha filha, pode sair um minuto?

A jovem ama pareceu então ainda mais assustada, inclinando-se repetidamente enquanto saia correndo pela porta.

- Papai! -Violeta veio correndo abraça-lo, segurando em suas pernas. Seus cabelos negros em cachos ainda soltos.

- Você sabe que não pode tratar suas amas assim. -Ele acariciou os cabelos de sua filha.

- Ela não pode mandar em mim.

Arthur suspirou. Ela era jovem demais para entender. Não haviam sido mais que quatro verões, desde o momento que ela nascera.

- Não, não pode. Mas você não precisa que ninguém a mande cumprir seu dever certo?

Ela concordou com um aceno contrariado. Seus olhos violetas, simbolo da sua herança, desviando-se dos dele.

Não, ela não estava pronta. Mas não haveria escolha.

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Este texto é parte de um livo que estou escrevendo.

Lucia Goethe
Enviado por Lucia Goethe em 23/06/2016
Código do texto: T5676378
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