A CORUJA E O ESPANTALHO

A CORUJA E O ESPANTALHO

Era uma plantação de milho judiada e apesar de fértil, incomum estar mal cuidada. Uma placa na beira da porteira mostrava se tratar de uma fazenda nova, inclusive as outras plantações como café e laranja estavam perfeitamente intocáveis. Pelo visto, mesmo um espantalho que ali estava presente não estava cumprindo com seu propósito em meio a alguns pés de milho que restaram. O que deixou ainda mais curiosa a situação foi uma garota de cerca de oito anos acordar bem ali no meio fazendo que com uma voz não demorasse muito a se pronunciar:

- Menina? Acorde! – gritou, mas ela apenas virou-se do outro lado, a voz insistiu – oi menina, hora de abrir os olhos!

- Me deixa, estou com sono, escola... Lição... – respondeu a garota sonolenta.

- Desculpe desapontá-la, mas não há escola alguma por aqui. – respondeu.

Foi então que ela resolveu abrir os olhos e percebeu não estar mais em sua cama. Usava um conjunto de pijama rosa claro e pantufas. Seus cabelos loiros eram cacheados e estavam até que bem arrumados para quem dormia.

- Aonde estou? – perguntou ela assustada – quem está aí?

- Está explicado porque os corvos comem tudo. Sou um inútil que não posso nem proteger uma plantação. – lamentou.

- Não é minha intenção magoá-lo, mas não estou te vendo, apareça! – tentou ela.

- Estou bem aqui, atrás de você – respondeu ele – muito bem amarrado.

Quando ela olhou e viu um espantalho enorme com calça social bege e camisa listrada toda desbotada, chapéu de palha, e tinha os braços e as pernas bem amarrados junto a uma estaca. A menina quis sair correndo. Mas para onde iria? Se nem sabia onde estava. Podia ser apenas um sonho e desse modo, ela não precisaria ter medo.

- Não pode ser... – disse, esfregando os olhos - eu estava dormindo e então de repente acordo aqui e com um espantalho!

- Falante e inútil – lembrou ele.

- Inútil não sei, mas espantalhos não falam...

- Olha, não entendo seu argumento. Eu sempre falei. Eu e todos que habitam por aqui.

- Minha nossa – gritou ela – conheço histórias horríveis de espantalhos, que podem ser malvados e até assassinos. – lembrou a garota.

- Não tenho nada de assustador e estando preso meio difícil, além disso, não aparece muita gente por aqui, desse modo é tudo tão pacato. Bem vinda a “Fazenda Custódia” – disse o espantalho – eu adoraria apertar sua mão, mas estou preso. Será que a mocinha teria forças para me soltar?

- Meu nome é Lucinha, prazer. Eu confesso que estou com medo. Espantalhos são estranhos – disse ela, reparando melhor que aquele não era um espantalho que causasse medo – vejo que sua cabeça não é feita de abóbora.

- A velha lenda que espantalhos com cabeça de abóbora são amaldiçoados. Não se preocupe. – garantiu ele – em breve conhecerá Dona Estér uma amiga que poderá lhe dar informações a meu respeito.

- Que bom, eu já estava começando a pensar que ando vendo muitos desenhos, e mamãe sempre me controlando eu iria ter que lhe dar razão, mas me diga então essa senhora também conversa sempre com você? Não sou a única...

- Ela é uma coruja! – cortou ele, com voz embaraçosa.

-... Maluca por aqui... – encerrou ela.

- Você vai acabar se acostumando, veja, a noite se aproxima e já que não sabe quanto tempo vai ficar por aqui não pensa em se agasalhar? Esta roupa não parece estar quente.

- Eu não tenho nada para me vestir... – respondeu ela preocupada.

- Como não? Há uma mochila ali, perto de onde acordou. Olhe com atenção...

Lucinha ficou ainda mais perplexa, não lembrava sequer de ter ido dormir com algo. Ao ir até o local a pegou e começou a vasculhar para ver o que havia dentro. E estava repleta de coisas. Água, uma troca de roupas para ela, uma troca de roupas para alguém bem maior que ela, bolsa, óculos.

- Essas coisas não são minhas. Não estou entendendo nada, só pode ser sonho e se for, eu posso escolher que só aconteçam coisas boas. – disse ela.

- Eu sou um simples espantalho, se você não entende, quem vai entender?

- Bom, eu vou me trocar ali e você fique olhando se ninguém aparece para me atrapalhar. – disse ela, se dirigindo a uma moita alta que havia por ali. De lá, enquanto se trocava para não ter a sensação de que estava sozinha gritava:

- Vou ficar aqui ao relento? Minha mãe já estaria gritando para entrar, “cuidado para não pegar friagem”, “olha o resfriado”, “tosse”... E por aí vai...

- Entendo sua mãe, não sei como é ter uma. Mas deve ser para protegê-la, que maravilha! – exclamou ele. – lá vem Dona Estér...

Lucinha que já estava voltando com calça e blusa compridas, começou a olhar pra cima para todos os lados e não viu nada.

- Desculpe desapontá-la, mas ela não virá de cima. Mora aqui perto numa árvore, ela sempre vem andando. – contou ele.

- As esquisitices deste lugar só começaram. O normal é uma coruja chegar voando. Mas tudo bem, vou sobreviver a isso. – finalizou ela, sarcástica.

A coruja chegou mesmo andando como o Espantalho dissera e era maior que uma coruja normal, ou pelo menos do ponto de vista de Lucinha que nunca tinha reparado no tamanho real de uma. Tinha penas mescladas de cinza, marrom e preto. E um olho bem vivo e meigo.

- Temos visita Espan... – disse a coruja, com uma voz macia.

- Seu nome é Lucinha, D. Estér e ela não sabe por que está aqui e esperamos que a senhora tenha respostas. – disse Espan.

- Respostas... Respostas... Todos queremos. Eu poderia ajudar, mas minha visão anda turva. Às vezes tenho a impressão que fomos abandonados neste lugar. Escutem e reparem que tudo está quieto por aqui. Somente os grilos da baixada, os sapos da lagoa Mourinha, bem ao longe. – respondeu ela, enquanto começava a mexer em sua misteriosa bolsa. - que pena, esta bolsa já está pequena demais para tanta coisa que guardo nela. – e percebeu imediatamente que Lucinha a fitava com aquele olhar sincero e curioso de uma criança tentando desvendar os mistérios que ali estavam diante dela. - Lucinha! Já estava tão à vontade com sua presença que quase não a cumprimento. Como vai você?

- Vou bem, obrigada. Deixe-me ver, acho que tenho algo para a senhora.

Lucinha foi até a mochila e tirou a bolsa de dentro entregando-a para a coruja enquanto dizia:

- Esta bolsa é maior, espero que sirva. É de presente.

- Quanta gentileza! – exclamou Dona Estér. – o normal é uma criança como você ter medo de corujas.

- Cheguei a conclusão de que se for sonho meu, posso decidir sobre coisas boas e coisas ruins. Não tenho medo, e tenho mais a lhe dar. – tirou um óculos de dentro da mochila e entregou à coruja que ficou muito animada. - apareceu aqui dentro e com certeza servirá pra senhora. – concluiu ela.

- Que maravilha! – exclamou Dona Estér colocando os óculos e percebendo que sua visão estava perfeita. - eu não enxergava direito e agora tudo está claro pra mim, agradecida Lucinha.

- Eu achei tudo isso muito emocionante, uma bolsa nova, óculos, mas será que a bela mocinha poderia me libertar? – questionou o Espantalho.

- Verdade Espan, posso chamá-lo assim, não é? Somos amigos agora.

- Claro que pode me chamar, aliás, você até que é divertida Lucinha, algumas meninas da sua idade são tão cansativas...

- Você pareceu meu pai falando isso, Espan. – contou ela, enquanto revirava a mochila atrás de algo que pudesse cortar as cordas. Mas o que encontrou foi um pedaço de corda onde estava pronto um nó. E rapidamente olhou para as amarras do Espantalho, ela conhecia o nó e sabia como desatá-lo. Havia aprendido recentemente sobre como dar diversos nós. E o mais estranho é que só lembrou disso depois. O próximo passo era encontrar algo que pudesse subir para alcançar a altura suficiente para desamarrá-los. Dona Estér disse que não muito longe dali havia visto caixotes que serviam para colher laranjas. E na companhia de Lucinha, as duas foram até lá. Alguns minutos depois voltaram com três caixotes e Dona Estér ajudou a esperta menina a empilhá-los e fez todo o esforço que podia para não deixar que caíssem. Lucinha com uma habilidade fora do comum começou a desatar os nós.

- É um “nó volta do fiel” com alguns nós “volta da ribeira” seria mesmo impossível de você sair sozinho daqui – disse ela, enquanto o libertava.

Quando se viu livre, pulou da estaca e se espreguiçou como se estivesse adormecido por duzentos anos. Fez isso sentado, deitado e em pé, inúmeras vezes. Enquanto isso, Lucinha jogou os caixotes para longe dali e ao retornar viu Espan sentado e com um ar de sábio ele desabafou:

- A sensação de liberdade ultrapassa toda linha da minha imaginação. Quem é capaz de sentir essa sensação, está perto de chegar ao paraíso. Se é que já não está nele... Obrigado Lucinha, muito obrigado. – finalizou ele, abraçando-a, agora era bem visível que ele tinha quase dois metros de altura.

- Aprendeu rápido sobre sensações Espan. – riu ela. E se virou para Dona Estér para questioná-la. – vocês dormem bem tarde pelo visto, não é?

- Nós corujas somos amantes da noite. E com o Espan por aqui é mais divertido ainda. – respondeu ela suavemente.

- Dormindo ou acordado, nunca sairia mesmo. D. Estér me ensinou muito durante esses anos e agora enxergando melhor poderá me ensinar mais, pois poderá viajar novamente e trazer mais conhecimento até meus ouvidos. – contou Espan, que pulou novamente na estaca, enquanto cheirava o ar. – corvos famintos se aproximam! Famintos por milho. Posso não ser assustador como devia, mas estou livre e me sinto forte.

- Quem te prendeu aí? – perguntou Lucinha, curiosa.

- Meu criador, dizendo “de agora em diante protegerá minha plantação”.

- Não quero ser indelicada, mas parece que algo saiu errado. – respondeu ela, olhando em sua volta.

- Mas tudo pode mudar. Eu acredito que podemos sempre fazer a diferença, você é prova disso em sua estadia aqui olha quantas coisas boas ocorreram! Silêncio! – exclamou ele. - coachar dos sapos ao longe, ronronar dos gatos mais perto. Cripitar de grilos, sapos ficaram quietos por quê? E... corvos se aproximando. Vou fingir que estou amarrado, D. Estér, pode proteger Lucinha?

- Claro, finalmente desta vez você poderá cuidar dos corvos sem tipo. E eu cuidarei da visita. – concluiu a coruja, pegando na mão de Lucinha e se retirando.

- Eles são perigosos, Dona Estér?

- Eles eram, enquanto Espan vivia amarrado, isso é coisa do passado, não é mesmo? – lembrou ela.

- Por que a senhora nunca tentou libertá-lo?

- Sabe que ele nunca me pediu, e será que eu saberia lidar com aqueles nós? E pensei que gostasse de ficar lá, parecia feliz e sempre me tratava com respeito e alegria, por trazer informações a ele. – contou ela, sincera.

- O conhecimento que a senhora sempre trouxe alimentava a sede de liberdade dele. – afirmou Lucinha.

- Parece que hoje você matou a sede de vez. Veja, estão vindo... Fique bem quieta. – alertou a coruja sabiamente.

Alguns segundos depois o céu recebia uma enorme revoada de corvos que sobrevoaram a plantação e resmungavam muito sobre estarem sem uma aventura decente. Não era uma paisagem bonita de se ver e com o brilho da lua eles se tornavam ainda mais sombrios. O primeiro da linha que parecia ser o líder ordenou que descessem e assim fizeram. Eram mais de duzentos corvos se aproximando do que restara da plantação de milho.

- Como estás inútil Espantalho que não protege nada? – disse o líder dos corvos. – era um corvo metido a besta, digamos.

- Boa noite amigos, podem voltar agora de onde vieram. Vão dar prejuízo em outra plantação. – esbravejou o Espantalho.

Os corvos não lhe deram ouvidos e começaram a arrancar as últimas espigas de milho que haviam por ali. A fome deles era mais de destruição do que por qualquer outro motivo.

- Não estraguem o que resta da plantação camaradas! Vou descer daqui e ensinar-lhes boas maneiras! – gritou o Espantalho, sua voz mais firme.

- Chega a ser fácil demais destruir essa plantação, com um espantalho desses. – disse um dos corvos para outro.

- Verdade, olhe para ele. Parece mais enfeite do que uma arma para espantar algo.

Mas ao olharem não havia mais Espantalho na estaca. E os corvos descobriram isso muito tarde, pois Espan desceu dela e agora estava próximo a eles. A cena a seguir foi muito rápida, mas não vou deixar de contar alguns detalhes relevantes. Espan pegava alguns corvos de uma vez só com as mãos e os atirava longe. O corvo líder bem que tentou criar um contra-ataque mas de que forma, se os corvos que estavam ali por perto agora corriam e gritavam algo que entre o barulho todo soava como “algum espírito soltou o espantalho!” e “ele ganhou poderes ou aquela coruja velha o libertou!”. Eram corvos correndo, corvos voando, corvos passando zunindo próximos ao ouvido de Lucinha que aproveitou e chutou alguns com muita vontade.

- Tive uma idéia Dona Estér, sabe aqueles caixotes? Vamos jogá-los para cima para ver se ajuda a espantá-los, podemos ajudar Espan... – tentou ela.

- Ótima idéia Lucinha. – disse a coruja aceitando.

Elas correram até os caixotes e juntas, pegavam nas alças e os jogavam para cima. Fazendo isso inúmeras vezes.O efeito para os corvos foi devastador, pois começaram a achar que o mesmo espírito que havia solto o Espantalho minutos atrás agora estava retornando para castigá-los. Não se via mais corvos valentes e o Espantalho estava agora diante do líder que mais parecia desacreditar no que via.

- Convido-o a se retirar de minha humilde plantação e nunca mais retornar... Por que se o fizer, será recebido como há pouco viu. Com educação, mas receberá muitas lições. – falou ele.

E o corvo saiu voando abandonando tudo. Em seguida as dezenas de corvos que sobraram seguiram o líder e todos estavam sem graça e calados.

- De agora em diante veremos quem se atreverá a mexer em minha plantação, inúteis são vocês!

Lucinha e Dona Estér já se aproximavam felizes e satisfeitas.

- Provou ser um “Espantalhão”! – disse Lucinha, respirando aliviada. – aliás, creio que já sei porque tenho coisas que não me servem.

Lucinha foi até a mochila e pegou as roupas que haviam dentro e as jogou para o Espan.

- Aposto que são o seu número!

- Vejamos, nossa que roupas bonitas, vivas e coloridas. Impõem mais respeito, vou experimentar, vou até ali... – disse ele, se retirando.

- Você tira tudo desta mochila com uma precisão assustadora menina. Não gostaria de saber como acontece isso? – perguntou ela com olhar tentador.

- Eu fiquei tão feliz em ter ajudado vocês, que nem me importo mais o porquê disto ou daquilo, uma coisa é certa: tinha que ser assim mesmo. Como aconteceu...

- Estou quase pronto... – gritou Espan, em tom apressado.

- Peça ajuda para algum corvo, ou aos sapos daquela lagoa... Como se chama mesmo?

- Mourinha? Ah, são sapos bois. Eles dormem demais Lucinha, mas quando resolvem aparecer por aqui, o que é raro, escolhem dias nublados. E a propósito são enormes e você não iria ver a menor graça neles – contou a coruja.

E logo Espan surgiu abotoando a camisa.

- Estou bem?

- Perfeito! Um espantalho livre, forte e bem vestido. Falta um detalhe... - tirou uma flor artificial da mochila e colocou no bolso do paletó do Espan. – agora sim. Bom, está me dando sono. O tempo passou rápido e se eu cheguei aqui dormindo, deve ser dormindo que irei embora para casa. – disse ela.

- Antes Lucinha, aproveite e veja se não resta mais nada dentro de sua mochila... – tentou o Espantalho.

- Verdade amigo... – e inocentemente abriu a mochila, e mexeu dentro dela e do fundo retirou um saquinho com grãos de milho para plantio. - veja, acho que isso é para você Espan. Muito trabalho pela frente.

- Obrigado, plantarei ao amanhecer. Obrigado Lucinha. – disse ele, enquanto a abraçava e ela pela primeira vez sentiu um cheiro familiar nele.

Dona Estér também se despediu e em seguida foi logo embora, pois o sol em toda sua plenitude se aproximava.

- Deite-se aqui querida, eu te protejo e durma bem. O sol se aproxima. Foi um prazer tê-la conosco...

E Lucinha deitou-se próxima a estaca de Espan e logo adormeceu...

Uma luz branca estava invadindo suas pálpebras e ela queria abrir os olhos. E quando o fez, se levantou assustada junto com uma longa e forte respiração, como se seus pulmões estivessem parados e agora voltavam a vida. Ela estava numa cama de hospital. E agora uma enfermeira a observava com um sorriso.

- Seja bem vinda de volta, Lucinha... – disse ela, alegremente.

- Meus pais? O que aconteceu? – perguntou ela.

- Seus pais estão bem. Vocês três sofreram um acidente há duas semanas e só você ainda estava com um quadro mais sério. – contou ela –

-Mas eu achei que estava em casa... Quero vê-los! – gritou ela, retirando o lençol e vendo que estava com o pijama que chegou à misteriosa plantação. – eu não estou entendendo moça.

- Não se preocupe, vou chamar seus pais, tudo bem? – disse a enfermeira, em seu jaleco o nome Custódia estava grafado em linha dourada. E saiu dali. Nos corredores encontrou com a mãe de Lucinha que parecia ter estado por um bom tempo usado tampão em seus olhos.

- Fico feliz por ter voltado a enxergar Dona Estela, seu presente acordou e está ansiosa para vê-la. – disse Custódia feliz.

- Soube que sempre que podia contava histórias para ela, mesmo sabendo que ela estava em coma. Que enfermeira faz isso? – perguntou Estela com os olhos já cheios de lágrimas.

- Sempre me sobra algum tempinho e faria novamente muitas vezes. Mas vá até Lucinha para vê-la e acabar com a saudade, vou avisar seu marido. – disse ela deixando que a mãe de Lucinha fosse ao encontro da filha.

Quando entrou no quarto o pai de Lucinha se espreguiçava na janela, todo satisfeito.

- É muito bom ver que voltou a mexer os braços e pernas Sr. Edgar. Poucos tem sorte de se recuperarem de uma paralisia num acidente. Sua filha está de volta e com muitas saudades. – disse ela.

E segundos depois ele não estava mais no quarto, deixando novamente a enfermeira sozinha e sorrindo. Então retirou de sua bolsa uma coruja e um espantalho de pelúcia e deixou um bilhete para Lucinha em cima da cama onde seu pai havia estado sem poder mexer os membros. E o bilhete era assim:

“Lucinha, foi um prazer te conhecer e você ajudou seu pai a voltar a andar e sua mãe voltar a enxergar. E eliminou todas as dores e maldades de uma plantação mal cuidada e renovou plantando esperança, amor e amizade. E deixo meus votos de felicidade e muito sucesso. Obrigada, com carinho... Uma amiga”

Imagine a cabeça de Lucinha quando viu os presentes e o bilhete. Correram por todo o hospital atrás de uma enfermeira chamada Custódia, mas nunca houvera ninguém com esse nome por lá. Ela nunca mais foi vista também e Lucinha deixou desse dia em diante seus amigos de pelúcia o tempo todo em cima de sua cama e sempre que ninguém estava por perto conversava horas e horas com os dois. Ela quase jurou pra si mesma que algumas vezes até ouvira respostas de ambos...

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Betho Ragusa
Enviado por Betho Ragusa em 23/06/2016
Código do texto: T5676050
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