Do amor que sai de uma caixinha de música
Noite de inverno, os cobertores me aquecem. Adormeço. A madrugada já se faz presente.
Do silêncio irrompe uma música. Acordo. Procuro. Procuro o quê? É preciso ouvir atentamente o som que penetra na minha mente pouco desperta.
Conheço essa melodia. É o meu passado que volta. Levanto angustiada e no meu baú de recordações eu o reencontro. Que momento estranho, absurdo. A caixinha de música toca sozinha sem que eu lhe desse corda.
Estou sonhando, é isso? Olho as paredes do meu quarto, os quadros, os lençóis na cama são reais.
Vagarosamente, abro a caixinha. A bailarina em cima da superfície dança, ao som da música, vestida com seu tutu. A emoção me invade. É ela, a melodia de um tempo longínquo vivido na fantasia da adolescência.
Mas se for verdade, então o anel deve estar lá dentro. A bailarina se aquieta em reverência. Procuro e com a mão trêmula eu o encontro.
Uma peça delicada com o contorno em espiral e no centro escrito em arabesco uma palavra: amor. Quem o colocou lá?
Preciso respirar. Abro a janela do meu quarto. O ar da noite e o perfume do jardim invadem minha alma, transmitindo paz.
Percebo. O recado foi dado.
A data? 12 de junho.