Do amor que sai de uma caixinha de música

Noite de inverno, os cobertores me aquecem. Adormeço. A madrugada já se faz presente.

Do silêncio irrompe uma música. Acordo. Procuro. Procuro o quê? É preciso ouvir atentamente o som que penetra na minha mente pouco desperta.

Conheço essa melodia. É o meu passado que volta. Levanto angustiada e no meu baú de recordações eu o reencontro. Que momento estranho, absurdo. A caixinha de música toca sozinha sem que eu lhe desse corda.

Estou sonhando, é isso? Olho as paredes do meu quarto, os quadros, os lençóis na cama são reais.

Vagarosamente, abro a caixinha. A bailarina em cima da superfície dança, ao som da música, vestida com seu tutu. A emoção me invade. É ela, a melodia de um tempo longínquo vivido na fantasia da adolescência.

Mas se for verdade, então o anel deve estar lá dentro. A bailarina se aquieta em reverência. Procuro e com a mão trêmula eu o encontro.

Uma peça delicada com o contorno em espiral e no centro escrito em arabesco uma palavra: amor. Quem o colocou lá?

Preciso respirar. Abro a janela do meu quarto. O ar da noite e o perfume do jardim invadem minha alma, transmitindo paz.

Percebo. O recado foi dado.

A data? 12 de junho.

Heloísa Mamede
Enviado por Heloísa Mamede em 09/06/2016
Código do texto: T5662229
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