A colônia
Da nossa vida, em meio da jornada, achei-me numa selva tenebrosa, tendo perdido a verdadeira estrada.
Imersa a uma sensação permanente de vigília, dessas que só sessa quando promessas são cumpridas. Mahin se pegou a pensar o quão pesado é o fardo dos que guardam segredos. Os segredos são itens valiosos para os que ingressaram na estrada do magistério, os segredos instigam a curiosidade do aprendiz, o mantem atento aos ensinamentos e principalmente o tornar refém ao conhecimento. Nenhum discípulo está completo ate conhecer os segredos de seu mestre. O conhecimento sempre foi o poder, desde épocas primitivas, a evolução só dá saltos quando se trata de um novo conhecimento. Aos que mantem as tradições e batalham nos velhos caminhos se tornando mais fortes e subindo com determinação os degraus da evolução; A vocês que seguem as regras se mantendo firmes e evoluindo de forma lenta, mas continuamente... Não serão vocês os que revolucionarão o mundo. O mundo precisa dos que pararam de tentar e começaram a jogar com suas próprias regras, pois mudando as regras se muda o mundo. Não manter nenhum vinculo com o tradicional é tentar romper com a mesmice. Mas e se tratando de um mundo completamente novo, e com regras novas para aos que acabaram de chegar?
Quando a realidade supera os sonhos, e o insólito se mostra concreto. A nossa mente não reluta, a razão simplesmente aceita. Assim aceitamos o caminho que nos é traçado, sabemos que não há volta segura ao caminho que já se passou. Ao se iniciar uma nova jornada todas as estradas são iguais... Toda nova estrada leva ao “desconhecido”. Toda estrada sempre se bifurca, sendo a escolha de seu caminho uma escolha particular. Não existe estrada mais perigosa do que aquela que leva para a verdade. É da natureza do destino te dar o livre arbítrio. Não importa o quão fácil a sua escolha pareça Suas chances de se perder são sempre iguais às de se achar. As estradas nós levara a dois lúdicos lugares, aos “pastos frutíferos”, e a “selvas tenebrosas”. Os pastos são visivelmente amigáveis, cheios de frutos e possibilidades. Já as selvas são cheias de mistérios e perigos. Acontece que todo viajante espera descansar no final de sua longa jornada, mesmo nessas estradas da vida. E qual seria o melhor destino? Qual seria a vantagem evolutiva de se perder em uma floresta? Dizem que ganhamos o fardo de acordo com nossas forças, pois nunca ganhamos um fardo mais pesado do que podemos carregar... Quem diz isso não sabe de nada, pois é uma grande bobagem! Se os que carregam “fardos pesados” são mais fortes, foi porque não havia alternativa a não ser ficar forte e suportar o fardo. Não há nenhuma vantagem em se perder, nem em sentir dor, não há vantagem alguma em fracassar. As “florestas tenebrosas” só servem para nos assustar!
O despertar
Era quase meio dia nas terras altas e um som auspicioso tocou anunciando a volta dos guardiões. Como já era de costume, todos os dias os guardiões seguiam em marcha para recolher os recém-chegados nos campo elísios. Os elísios são campos onde os desencarnados aparecem automaticamente, pois é uma questão de afinidade magnética. Os que aparecem por lá sempre estão muito debilitados para alcançar os portões da “Colônia” por si só. Os guardiões seguiam em fila protegidos pelos aparatos de luz que espantavam os errantes. Não que por si só os guardiões não fossem o suficiente, mas era uma questão de precaução. É que os “recém-chegados” estavam muito frágeis e altamente influenciáveis. Qualquer presença negativa, mesmo a presença de um errante que é uma criatura insignificante. Criaturas essas que são muito mais confusas, do que propriamente “maus”. Ainda assim, poderia transformar a vibração e causar um belo estrago a um recém-chegado.
Mahin que estava parada observando lembrou-se de quando fora ela a quem chegara aos campos, há tantos anos terrenos. 60, 70 anos, talvez mais... Como poderia saber? Os anos na colônia parecem não ter mais fim. Mahin se lembrou de como tudo era grandioso e confuso.
A fila se estendia por todo o portão principal, e como já era de costume muitas famílias iriam receber os recém chegados. Havia uma pequena aglomeração e pessoas chorava ao ver seus entes queridos retornar a colônia. Lá também estavam os impassíveis, aqueles que não encontraram a quem procurava. E pessoas como Mahin , as que simplesmente estavam esperando.
Aos poucos os recém chegados eram transportados para a ala de recuperação. Um Mil, dois mil... Quem poderia saber? Ao contrario do que dizem na terra: “_ Morre é fácil, o Difícil é nascer.” Mahin havia acabado de avistar um de seus amigos e companheiro na alá de recuperação:
_ Romeu, estou aqui! Acenou para um homem de aparência relaxada. Sem paciência para esperar seu amigo avista-la, Mahin foi atrás dele.
_ quer dizer então que o Arthur também o pediu para auxiliar o pai dele?”
_ O que, pai de Arthur? Não! Eu tô aqui procurando por você mesmo. E brindou Mahin com um sorriso jovial.
_ Mas é serio que o Arthur pediu isso antes de ir? como ele soube que o pai já estava vindo?”
Mahin sempre achou Romeu um ser gracioso, e não era por Romeu ser um elementar, não era este o motivo. Mahin via algo encantador no jeito que Romeu andava, ou cantava e dançava. Romeu era tão charmoso quanto uma criança levada! Quando estava na terra ela havia sido presenteada com muitas crianças levadas, assim parecidas com o Romeu. Um de seus filhos era tão levado que os vizinhos o chamavam de “Muriqui ” dada a facilidade que tinha de pegar as frutas de toda a vizinhança. Seu amado Muriqui! Quem dera fosse ele a quem ela esperava ali, estaria ela tão feliz! Mas já fazia tanto tempo que o próprio desencarnara e ate agora não foi visto. Talvez Romeu lembrasse seu “Muriqui” e por isso ela tivesse tanta paciência com ele.
__ Deixe esses assuntos para depois Romeu, me diz o que você veio me falar?” falou Mahin olhando entre as macas.
“É que o dirigente da ala mandou te procurar. vieram muitos obsidiados e eles precisam de reforços no campo áureo. “Você tem a maior áurea que conheço; talvez você sozinha já dê jeito.” Romeu sem perceber havia começado a ajudar os maqueiros já por habito.
“ Deixa isso para os tarefeiros de transporte e mande um recado para os estudantes de fortificação magnética, Vá ao centro de estudos onde eles estão, E diga que estamos precisando de ajuda, Diga que vai ser uma ótima oportunidade para eles praticarem o reforço de pensamento positivo e cura magnética, Aproveite e vê se você também se exercita, pois tá a muito tempo procrastinando essas aulas que te passei.” Dito isso logo romeu se despediu e partiu correndo numa velocidade absurda, É impressionante como os elementares são rápidos! Mesmo um espirito tão ligado a terra, mesmo um elementar da terra.
“_Imagina um elementar do ar” pensou ela.
As horas na colônia passava de um jeito bem diferente. A energia do lugar favorecia a introspecção e isso fazia com que uma conversa simples fosse muito bem refletida e a impressão do tempo distorcida. As pessoas que chegavam à colônia percebiam de imediato essa distorção. Quando as horas eram dedicadas ao trabalho, ou ao estudo elas simplesmente passavam rapidamente, mas quando se dedicava o tempo à reflexão ele parecia ser interminável.
É interessante como os sentimentos norteiam as conversas na colônia. O fato de poder sentir o sentimento do próximo faz com que a sua percepção do “outro” seja muito mais completa. Se alguém estiver com “aflito” você simplesmente sente! O volume de informação que um ser humano emite quando se analisa o campo áureo é muito maior do que estamos acostumados. Quando se chega à colônia somos um reator nuclear exposto. Emitimos tanta quantidade de energia que é terminantemente proibido aos que não estão preparados visitarem os recém-chegados. É como se cada pensamento emitisse uma onda de cheiros, misturados a temperaturas, e a cores. Tudo é muito sinestésico. Tudo faz muito sentido!
Mahin se adiantou para chegar a tempo de ver todos os recém chegados nas macas de energização. Muitos estavam completamente debilitados, mas outros nem tanto. Alguns pareciam despertos o bastante para fazer perguntas. Já aquele que ela procurava estava completamente adormecido, Isso deu tempo para que ela preparasse os seus afazeres que eram muitos. A grande maioria dos recém chegados dormem durante muito tempo, A natureza de seus ferimentos exige uma recuperação lenta, A mecânica da maca energizadora era um mistério ate para Mahin . Ela sabia que os espíritos que habitavam as esferas superiores haviam presenteado a “colônia” com essas macas. As maquinas funcionavam como uma espécie de energia positiva regeneradora, Energia esta que nem ela conseguia reproduzir. Nem mesmo nos dias mais inspiradores ela conseguiu algo parecido. Talvez por isso seja tão difícil o resgate no vale dos suicidas, “Ninguém possui a força necessária” pensou ela.
O serviço de Assistência Médica da colônia era administrado por Mahin a pelo menos 20 anos. Havia inúmeros auxiliares trabalhando na colônia, mas era ela quem administrava tudo. Nem sempre havia sido assim, Quando chegou a colônia Mahin ficou muito tempo na ala de recuperação, e foi tempo o bastante para descobrir como tudo funcionava por lá. Logo que se sentiu bem o bastante para caminhar, ela pediu uma vassoura e foi trabalhar. O gozado como um objeto simples é de extrema importância neste lugar. Os objetos ganham uma importância literal em um campo onde só eram importantes quando visto metaforicamente. A “vassoura” que na terra é um mero objeto de limpeza do lar. Objetos estes feios, sujo, e sem importância! Aqui era um instrumento de purificação, pois se a energia pura esta limpando a alma.. Essa sujeira vai para algum lugar, e a vassoura que transporta para longe toda a sujeira proveniente da alma. E este ritual de limpeza não é nada complexo, é só pegar uma vassoura e varrer! Como tudo naquele lugar era profundo. A própria humildade é ferramenta para o progresso evolutivo. Se aqui na terra o “ego” é uma barreira difícil e se definir, lá na colônia a barreira ganha forma física e para se ter qualquer melhora significativa é necessária confrontar esta a barreira diretamente. A maior parte dos médicos, intelectuais famosos, nobres e artistas pegavam na vassoura. A vassoura era um ótimo instrumento para se quebrar o orgulho. Era maravilhoso ver como aquela gente “pomposa” pegava a vassoura com surpresa e repulsa. Era para eles um jubilo, era um tormento, eles olhavam para a vassoura como mais uma prova a se vencer. Mas para Mahin, aquele objeto era só uma vassoura, uma velha companheira, e de muito grato ela pegou e saiu varrendo assim que foi possível. Limpando com muito gosto todo o hospital. Adorava passear pelos jardins recolhendo folhas e ajudando os jardineiros. Ela na verdade adorava aquele trabalho. O único medo que ela tinha era de ficar próximo dos aparatos tecnológicos. Mahin tinha um verdadeiro pavor dos veículos voadores, e tudo (apesar de lindo) era muito assustador fora dos jardins do hospital. Aos pouquinhos Mahin foi aprendendo a natureza de outros ofícios, ate chegar ao posto que ocupa hoje. Não que a medicina exercida na colônia fosse alguma novidade para Mahin, ela desde sempre exercia aquela ciência sem mesmo conhecer a profundidade do que fazia. Quando ainda viva Mahin foi curandeira, uma profissão comum no interior. Ela aprendeu a profissão com sua avó materna, desde muito nova aprendeu os truques das ervas medicinais, compressas e chás. E mesmo quando ainda estava viva já havia percebido que a intenção era a peça fundamental para que o tratamento desse certo. Não adiantava fazer nenhuma ladainha, ou simpatia se sua mente estivesse fugindo do objetivo. Ela costumava usar algumas plantas para se manter em foco, e no que ela chamava de transe. Plantas da própria região, que por instinto ela queimava e deixava a fumaça entorpecer seus sentidos. Quando estava completamente inebriada pela euforia, por toda aquela fumaça, seus pensamentos se tornavam menos aleatórios e os seus sentidos ganhavam uma nova percepção. Era ai que sua intuição fluía com muito mais vigor! Fazendo com que sua mente agora sem rédeas, à levasse para um passeio entre cascas de arvores e folhas maceradas.
Mahin lembrava de como ela fez seu primeiro parto, Sua mãe estava gravida de seu irmão mais novo, e seu pai estava fora de casa trabalhando, Eles moravam em uma chácara e não havia muitos vizinhos por perto, Mas havia sua avó que sempre os visitavam. Acontece que sua mãe havia saído pra pegar ovos no galinheiro e não voltara. Mahin saiu para procura-la, mas não conseguia encontrar, Ate que teve uma intuição e foi procurar próximo ao riacho. Achou sua mãe deitada e já muito pálida. Mahin se lembrava de como teve medo de ao se aproximar de sua mãe, medo de tocar nela e perceber que sua mãe estava morta. Mas com a voz tranquilizadora sua mãe respondeu ao seu chamado, pediu para que ela se aproximasse. Sua mãe pediu para que ela fosse forte!
É impressionante como crescemos de uma hora para outra. E foi com o pedido de sua mãe, naquele exato momento. A menina Mahin cresceu, deixou de ser um criança e virou a mulher que precisava ser. Ela virou a curandeira, a parteira e mãe que o mundo queria que ela fosse. Mahin mergulhou em uma espécie de transe que anulava qualquer sentimento, qualquer sensação descontrolada era simplesmente ignorada por Mahin. Aquele momento exigia autocontrole e era isso que ela teria, Era a única chance de salvar sua mãe e ela não deixaria qualquer sentimento bobo ficar em seu caminho. A vida exigia alguém forte e ali só tinha ela... Então ela teve que ser forte, ela foi o que precisava ser.
Intuitivamente percebeu que sua mãe não conseguiria parir seu irmão sem ajuda. Ela lembrou que ouvira sua avó dizer (a alguns dias antes) que a criança não estava na posição certa. Ela intuitivamente moveu o bebe dentro da barriga, mas sua mãe sentiu dor ao ponto de desmaiar! Movida pela única emoção que se permitia. Mahin correu em casa procurando algo de útil, e achou a bolsa que sua avó havia esquecido quando visitara pela ultima vez. Lá exista muitos frascos de remédio e algumas plantas secas.. Ela abriu vários frascos procurando algum que tivesse um cheiro forte, E quando encontrou levou ate ao nariz de sua mãe. Supreendentemente sua mãe despertou. Feito isso, ela levou sua mãe mais para dentro da agua e mandou que fizesse força. Mahin achou que se ela estivesse dentro dagua o riacho iria deixar sua mãe menos tensa. Sua mãe era pesada e dentro da agua ela conseguiria mover com mais facilidade. Mesmo com relutância ela obedeceu às ordens e entrou no riacho. A agua realmente deixou as coisas mais fáceis, e não demorou muito para que conseguisse parir a criança.
“Nasceu como um boto” dizia sua avó. “É assim que as índias parem”. As pessoas da vizinhança sempre pediam a Mahin pra contar aquela historia. O dia em que o seu irmão nasceu, ficou conhecido como o dia em que o “menino boto” veio ao mundo. Ninguém percebeu o quão raro é uma menina e 11 anos fazer um parto complicado, sem nunca ter visto ninguém dá a luz?
Os seres humanos tem a péssima mania de superestimar o bizarro; Os seres humanos tem a péssima mania de idolatrar o que não é comum, mas desdém o que é necessário.
__ Uma vez ouvi que “a inteligência é o único meio que possuímos para dominar os nossos instintos.” Foi então à inteligência que manteve a minha compostura perante tanta ignorância. Nunca gostei de pessoas tolas, as maiores maldades que cometi enquanto viva, foi por perceber a fraqueza intelectual dos que me rodeavam. Resmungou Mahin, e ainda perdida em seus pensamentos completou “Não sou cruel, mas me divertia vendo a tolice se manifestar em um nível descontrolável. E como era fácil criar boatos e velos se enraizar, ganhar caules fortes, e ate florescer. Quanto mais o tempo passava, mas aquelas mentiras se tornavam verdades...”
Mahin durante toda a sua vida abominou o senso comum, Dizia ela: “se todos sabem é porque não tem valor nenhum, E uma verdade sem valor, não pode ser verdade! A verdade é possuidora de características extraordinárias, pois a vida não segue padrões, e o incomum está presente em todos os acontecimentos de nossa vida! Se algo é banal, não é verdade.”
Depois da sua chegada na colônia ela compreendeu que a inteligência é só mais uma qualidade, Assim como a beleza, ou mesmo a força física. As pessoas nascem agraciadas com qualidades desde que o mundo é mundo. A inteligência não é nenhuma virtude, mas a sabedoria sim é uma virtude! A inteligência é só mais uma característica como qualquer outra. E não se aplaude uma pessoa por ela simplesmente nascer com olhos claros, ou olhos escuros.
Desde que chegou a colônia Mahin manteve a forma que tinha quando desencarnou. Devido ao fato dela ter trabalhado durante muito tempo em prol da caridade e do bem ao próximo o seu pré espirito não se deteriorou, e isso fez com que sua aparecia fosse sempre “jovem” no mundo espiritual. Todos os vícios que degradam o pre espirito, não acometeu seu corpo. Logo depois de Mahin ter aprendido a materializar os seus desejos, Ela foi chamada a uma alá do centro de ensino, onde os recém chegados (que estavam bem o bastante para exercer funções na colônia) eram levados. Naquele lugar havia muitas pessoas das quais ela tinha feito amizade durante o tempo que esteve no hospital. Havia uma menina de 14 anos que aguardava seu pai na colônia. Ela se chamava Isabelle, e seu pai era um expedicionista muito conhecido na colônia. Ate então Mahin ainda não entendia muito bem o que significava essa função de “expedicionista”, mas como a menina tinha muito orgulho de dizer isso, ela acreditou que fosse algo importante. Havia também um amigo de longa data, amigo que conhecera na sua vida na terra. Manoel era um carpinteiro que morava a duas quadras de sua casa na terra. Manuel era um homem bondoso que frequentava a mesma igreja que a filha mais velha de Mahin, Todos os moveis da antiga casa de Mahin foram feitos por Manuel, E quando puseram fogo em sua casa o seu amigo Manuel estava lá para apagar as chamas. Mahin se apegou demais a Manuel, ele era alguém que ela conhecia desde sempre. Ele era um homem simples, não simplório! Era só um homem que não precisava de muitos floreios para ser o que precisava ser!
No meio de todo aquele grupo diverso, foi ela a primeira a ser chamada ao meio do publico. O homem que a convidou era um senhor que beirava aos 50 anos, Tinha nas mãos uma lista, chamou seu nome e começou a ler muitos acontecimentos de sua vida. Ele falou de como ela havia criado duas crianças órfãs em sua casa; Disse como ela havia abrigado e alimentado dezenas de pessoas necessitadas; De como seu barracão havia acolhido a todos que batiam em sua porta, e como ela abraçou e protegeu a todos que procuraram em seus braços. Ele lembrou ate de como ela abrigara todos os gatos e cachorros que apareceram em sua porta; De como ela trabalhou muitas vezes sem receber, de quantas vidas havia salvado com seu conhecimento sobre as plantas. Mesmo esse conhecimento sendo considerado “crime” pela aquela sociedade patética! Mahin não esperava nada daquilo, pois nunca foi algo absurdo para ela. Afinal de contas era comum uma mãe de santo abrigar as pessoas que viam para seu lar! Não era diferente de nenhuma outra religião, todas as religiões tem como a caridade a estrutura dorsal. Ela se sentiu ofendida por terem dado a ela algum mérito. Mahin respondeu:
“_ fiz tudo isso porque era a função da líder que me dispus a ser.” E então aquele senhor respondeu
“_você fez tudo isso sem duvidar nenhum pouco em seu coração, Mesmo que sua própria razão gritasse para você desistir, O seu dever falou mais alto! Sua fibra moral respondeu a todas as tentações com a nobreza de uma boa alma, E por isso é dado a ti a juventude.” E ao terminar aquelas palavras o orador estendeu as mãos sob a cabeça de Mahin, Ela sentiu uma enorme energia ser liberada em seu corpo, E no mesmo instante o seu corpo que já muito cansado, envelhecido, e cheio de rugas... foi completamente revigorado! Sua aparecia a partir daquele momento seria a de uma jovem de 20 anos.
Mahin permaneceu com aquela aparecia jovial durante bastante tempo, ate aprender a fazer seu corpo ter a antiga aparecia de uma idosa. Era difícil aprender aquela ciência da materialização, mas logo depois que recebeu benção da juventude ela começou a estudar uma forma de reverter, pois era necessária a aparência de uma simpática e convidativa idosa para confortar a todos que precisavam de um abraço.
A ordem não cria a vida.
Antoine de Saint-Exupéry
Ao despertar a nossa mente se depara ante a uma infinidade de possibilidades, mas ao decorrer do tempo compreendemos a insuficiência da razão humana e procuramos os conceitos já previamente estabelecidos. Mas como ser autentico? A autenticidade requer coragem e desprendimento. Adentrar a caverna escura do desconhecido só por diversão. Os corajosos desrespeitam as leis, as normas. Caso contrario jamais seriam corajosos! Se rebelar contra a mesmice, romper com o cotidiano, mudar de habito... Sempre existira um mundo novo a cada ato de desprendimento; sempre haverá um caminho novo na floresta que ainda não foi trilhado; há sempre um tesouro no lugar onde você insiste em ignorar.
Mahin havia recebido logo na alvorada, uma mensagem da alá hospitalar. Um grupo de recém chegados haviam acordado. E entre eles estava Ljon , aquele a quem seu amigo Arthur havia confiado. Ljon era pai de Arthur, cujo ela possuía muito apresso. Arthur havia saído em exploração para fora dos portões da colônia. A exploração era perigosa, mas todos que se aventuravam e saiam da colônia era pedido um teste de habilidade, caso não fosse apito era proibida a sua saída, Mas isso não impedia que o fizesse mesmo sem a permissão. Era notório que o explorado fosse possuidor de sabedoria, recursos e um motivo implícito. Aos olhos dela, Arthur tinha tudo isso. Ele era um homem sábio e impressionantemente perspicaz, também era dotado de um coração generoso, e uma personalidade incomum. Mahin sempre conheceu Arthur desde encarnações imemoráveis eles estavam juntos. Mas por influencia da amnesia magnética, tão comum aos recém desencarnados, ela não lembrou de seu amigo. Com o passar dos anos as memorias das vidas passadas foram reaparecendo, e muitas envolviam Arthur. Mahin havia sido auxiliada na terra por Arthur, ele foi seu mentor espiritual na sua ultima encarnação. Ela para retribuir a gentileza havia feito o mesmo na ultima breve encarnação de Arthur, Mas ele sempre brincava dizendo que aquela encarnação havia sido tão breve que ela ainda estava em divida com ele. E por isso ele a pediu para que auxiliasse o seu pai quando ele enfim chegasse a Colônia. Ao que parecia Arthur havia acompanhado o estado de Ljon bem de perto e haviam coisas dos quais ela não sabia, pois Arthur simplesmente não havia contado. Mahin desconfiava dos motivos envolvendo a viagem de Arthur, e isso mexia com ela. Ela resolveu acompanhar o desenvolvimento de Ljon bem de perto, pois ele poderia se tornar um aliado significativo. Arthur contara o quanto Ljon havia se transformado em uma pessoa mesquinha e difícil na terra. Mahin sabia o quanto uma encarnação pode ser desastrosa para uma alma boa, pois só as boas almas aceitam certos tipos de sofrimento. O fato era que havia a sua espera um homem completamente desnorteado e que teoricamente possuía muito potencial. Seu plano era claro, pois consistia em conduzir um bom treinamento a Ljon para que pelo menos sua divida fosse paga. Ela decidiu então começar o quanto antes, e foi ate a ala hospitalar para enfim conhecer seu aprendiz
.
O hospital exigia certo esforço harmônico, Para se chegar a torre de energização era preciso manter a mente em foco e fazer com que seu campo áureo ressonasse na mesma frequência que os instrumentos do lugar. Para que isso fosse possível existia uma espécie de aparelho regulador do qual ajudava entrar na mesma frequência que o lugar. Quando chegou à colônia Mahin possuía certa dificuldade para manter seu campo na frequência exigida, mas já havia se passado tanto tempo que era só ela chegar próximo ao hospital que automaticamente sua mente entrava naquele estado. Mahin era tão boa em se adaptar, emanar e manipular os campos áureos que um dia foi requisitada no departamento de ciências e novas tecnologias. Havia uma carta dos “Seres Superiores” instruindo aos dirigentes da colônia que fizesse de Mahin uma instrutora das técnicas de controle áureo. Obvio que ela passaria por um treino qualificador, mas pelo conhecimento nato que seu espirito apresentava, era entendido pelos “Seres das Esferas superiores” que ela deveria ser instrutora dessa modalidade. E foi assim que ela adentrou o mundo acadêmico, e não muito tempo depois ela já estava apta a exercer o trabalho de professora. O ser humano encarnado nunca compreendera como é extraordinária a forma que se aprende na colônia. O conhecimento adentra a nossa mente e instantaneamente gera um prazer.
_ “Aprender é viciante! Nesta dimensão o aprendizado se compara ao sexo entre os terrenos.” falou Afonso, um instrutor da Casa do Aprender que era uma das alás da grande universidade. Albert Einstein disse uma vez que “A mente que se abre a uma nova ideia jamais volta ao seu tamanho original.” Nestas dimensões as informações não caem no esquecimento. Você pode ter acesso a todas as informações que adquiriu ao longo da vida. Existem obviamente, problemas com relação a tudo isso. Espíritos que lutam contra a gravidade reencarnacional visando proteger seu precioso saber, Mas mesmo estes, compreendem como suas encarnações são importantes para a manutenção da pluralidade da vida, e muitas das vezes contribuem de algum outro modo para manter o frágil equilíbrio que move a realidade. Para que aja vida na terra é necessária uma pluralidade de espíritos trabalhando, assim como em uma grande indústria. Cada rajada de vento, ou bolas expelidas por um vulcão, cada nascimento, ou mesmo o barulho feito por um trovão. Tudo é monitorado, nada foge aos olhos dos Elementares.
O caos só existe quando se olha de perto, pois tudo que é visto de longe se assemelha a um milagre. O mundo foi criado para acreditarmos que ele é randômico e finito. Esquecemos o papel do ser humano quando o contexto é a natureza. Somos animais com a capacidade de criar! O ser humano não consegue se vê como mais uma das criações da natureza, mas é exatamente isso que somos.. Uma criação, uma necessidade de expandir. A vida quer se expandir, e para isso criou a “nós” os sapientes com capacidade para colonizar outros mundos. É tudo estratégia dá mãe natureza, e toda criação é só mais uma tentativa, e a cada tentativa é gerada uma competição entre o que foi e o que ainda tá por vir. A natureza tenta desesperadamente se inovar, e a cada revolução um mundo novo para criar.
Mahin se encontrava na frente um dos maiores prédios daquele complexo e era grande o bastante para ultrapassar as nuvens. No ponto mais alto daquela torre existia uma esfera especial! Era uma relíquia de um mundo antigo, de uma civilização anterior aos que habitam a Colônia. Aquela esfera era um presente dos Exilados, os antigos e míticos Exilados. Também conhecidos como alienígenas, Anjos ou mesmo Deuses. Em todas as épocas da historia eles são representados por nossas civilizações, e sem eles dificilmente os seres humanos teriam desenvolvido tanto em tão pouco tempo.
Mahin admirava o brilho daquela relíquia, sempre se perguntou se um dia poderia ver de perto aquela relíquia. Ela sabia da existência de outros daqueles poderosos presentes angelicais, e a maior parte se encontrava em outras colônias espalhadas por aquele grande mundo. Era sabido também que a maior importância estava nas gravuras. O símbolo era o que importava! Existia uma infinidade de símbolos diferentes, e ate se tinha uma ciência para estudar as gravuras. Cada símbolo possuía uma característica especifica, pois enquanto alguns afastava a energia negativa, outros poderiam abrir espaços e unir dimensões. Mahin lembrava claramente do dia em que descobriu a existência daquela ciência. Foi o próprio Arthur quem falou sobre a existência das relíquias e todas as suas infinitas características. Mahin lembrava-se de como havia visto o fogo nos olhos de seu amigo ao falar daquilo tudo. Arthur explicou que os símbolos funcionavam como um arranjo geométrico para comportar a energia. “Assim como o circulo é ao formato geométrico que melhor suportar a gravidade na terra. Ou como a “Vida” usou as espirais para comportar toda nossa cadeia de DNA em um espaço microscópio. A natureza magnifica da simbologia sempre foi explorada pelos os seres humanos, mesmo sem entender nada de energia ou geometria energética.” Arthur ama de verdade tudo aquilo, mas ate onde iria para desvendar todo aquele mistério.
Mahin entrou na sala onde encontrava aquele que seria seu aprendiz. Ljon estava abatido e com um aspecto adoentado de alguém que passara muito tempo na cama. Seu corpo era desnutrido, seus olhos famintos. Mesmo estando semanas naquele aparelho revitalizado, ainda assim seu aspecto era de alguém doente. E era exatamente o que estava acontecendo. Ele estava doente, pois seu corpo espectral havia sofrido dos males da terra. As emoções podem ser um veneno perigoso quando se esta num lugar onde seus pensamentos comandam a realidade. lá estava ele envenenado por um sentimento chamado “A agonia”.
Mahin adentrou a porta, e ao fazer isso deixou que seu esplendor iluminasse o lugar. A compaixão é um sentimento poderoso e nas mão de um espirito tão hábil como Mahin era uma ferramenta excepcional! Ela concentrou em suas mãos todo aquele sentimento iluminado, dando forma a uma manta solida e com uma aparência divina. Emitindo luzes douradas e um calor reconfortante ela posou a manta sobre os ombros do homem adoentado. Repetindo aquele gesto de amor que já perdura milhares de anos, como se aconchegasse uma criança com frio. Um nobre gesto que produz muito mais do que calor, revigora a alma espantando as sombras da indiferença.
Ljon retribuiu o gesto com um sorriso fraco e quase imperceptível. E então Mahin falou:
_“Você sente frio meu irmão ? É porquê parte de você ainda está congelado em algum mundo onde se mantem toda a falta de fé.”
Ljon olhou curioso e falou com uma voz fraca e quase inaudível.:
_“A fé atormenta todos aqueles que nela confia. A fé é cruel, pois para que ela exista é necessário que o homem esqueça sua própria força. A fé exige que eu jogue fora minha fonte de luz, a minha razão que sempre foi uma lanterna em um mundo sombrio. Ela pede para que eu me desfaça do único objeto que pode me oferecer direção em meio a este mundo escuro. ” Mahin ouvindo aquilo pensou um pouco e respondeu.
__“ A fé não pede para que jogue fora sua “lanterna”. Ela só pede para que use os seus outros sentidos além da visão. É possível viver sem uma lanterna neste mundo, pois há muito mais que a escuridão. Se não fosse assim, todo cego nasceria derrotado. Mas eles aprendem a utilizar de outras maneiras para se orientar. Os olhos são superestimados! Há mais de uma forma de se sentir o mundo a sua volta. Mas em sua logica você só respeita o que se vê.”
Mahin olhou para o rosto daquele homem mergulhado em ideais e verdades. Olhou e não conseguiu desviar de suas próprias memorias. Como a vida na terra era alienante, homens cometiam sacrilégios por ideias que nem eram deles, Como é um tormento esta limitado naquele mundo, Como é frustrante enfrentar a natureza covarde e mesquinha que compõem a sociedade... E retomando o assunto ela recomeçou a falar:
_ Sabe, Nietzsche disse uma vez que “As convicções são inimigas mais perigosas da verdade do que as mentiras”. E eu concordo, pois ele também dizia que não havia fatos eternos e nem verdades absolutas. O que eu tô querendo dizer Ljon é que todas as regras da terra eram especificas, muito especificas, assim como as regras do Xadrez! E onde já se viu um cavalo andar em L em qualquer outro lugar que não fosse no xadrez ?
E esboçando um pequeno sorriso tímido, aquele pobre homem tentava de todas as formas voltar a ser o que um dia ele já havia sido.
“_ Ljon todas essas regras são feitas para que a nossa consciência não se desmorone. Mas quando o mundo transcende a tudo que fundamenta a consciência? A mente se realinha e cria um novo alicerce, basta você acreditar, basta ter fé. A cada degrau deus exige de nós mais uma habilidade e para transcender a própria vida é necessário aprender a se refazer. Você precisa aceitar todo este novo mundo se quiser sair desta cama. Existe uma infinidade de assuntos que precisamos abordar, mas nada poderá ser falado se você não estiver preparado. E acredito que seu estomago já não aguente mais toda aquela água, não é mesmo?” Ljon concordou com a cabeça fazendo uma careta para o copo de agua. Era comum os enfermeiros dá agua fortificada para os que fazem qualquer pergunta. A natureza daquela “agua” fazia com que eles entrassem em uma espécie de introspecção. Mahin observou Ljon ate que ele voltasse a pegar no sono. Analisou a ficha medica que estava na cabeceira da cama, programou os aparelhos e fez toda a rotina de um medico com seu paciente. No final Mahin saiu daquele quarto pensando em Arthur e como Ljon era parecido fisicamente. Ela sentia falta de seu amigo, ela sentia falta de muitos amigos.
Mahin voltou a sua rotina, pois demoraria dias ate que Ljon fosse capaz de acordar novamente. Era sabido que os recém-chegados precisavam de muito tempo para aprender a controlar sua mente neste mundo onde tudo é influenciável por sua mente. O sono e a auto reflexão eram os únicos remédios para auxiliar esta complexa jornada. Mahin adiantou todos seus afazeres, se preparando para o momento onde deveria se dedicar exclusivamente ao seu recém chegado aprendiz. Ela era chefe de um setor complicado da colônia, ela era necessária em quase todos os campos da alá de cura, e sempre havia situações em que só ela era capaz de fazer a real diferença. Coordenar uma equipe para substituí-la também era uma tarefa ardoa. Havia pelo menos sete candidatos sendo que nenhum deles estavam de fato preparados para assumir este cargo sozinho. Sendo assim foi dividido em Três áreas de atuação. Os seus assistentes pessoais Ruan, Fatima e Catia. Ficariam com o pré diagnostico e primeiros socorros, Já a equipe que coordenaria as outras duas áreas seriam pessoas de confiança do próprio administrador da colônia. Havia certa empolgação no coração de Mahin , empolgação da qual ela não entedia o motivo. Mas compreendia que talvez estivesse ligado ao fato de que quando ela se afastasse poderia observar seus substitutos. Seu coração viu uma oportunidade pra voltar a ter esperança, Havia tanto tempo que estava segurando a vontade de se arriscar no mundo. Assim como Arthur, havia tanta coisa a se ver. Talvez sair e procurar por seus amados filhos que nunca chegaram à colônia. Talvez todos já houvessem reencarnado, pois era sabido que havia mais de um jeito de reencarna. Passou tantos anos e ela só viu um de seus filhos chegar à colônia, e ainda assim,não teve forças para se manter aqui. A loucura o fez fugir! Se mantivesse a sua frente, que lhe pegasse ao colo. Ainda sim, seu filho não a reconhecera. Por quê? Era essa a pergunta que ela nutria há tanto tempo. Essa brecha nos seus infinitos afazeres iria dá a Mahin outra perspectiva de sua própria vida, e era o que ela precisava.
Aquele dia havia começado como o de costume, pois Mahin havia acordado cedo e não demorou para chegar as mensagens referente a sua agenda. Ela precisaria comparecer aos edifícios de sete instalações para poder repassar com seus sucessores toda a informação necessária para que não houvesse problemas enquanto ela tivesse ausente das suas funções. Como já era de se esperar não demorou ate que tudo estivesse nos conformes. Era impressionante como na Colônia não havia distrações. Como era fácil entender quando “alguém” era de fato um líder. Era tão simples, pois os que tinham a capacidade simplesmente assumiam. Não havia ambição de se liderar, pois não havia privilégios. Os que lideravam, eram simplesmente “alguém” que cumpria uma função. Todos na colônia viviam em uma sociedade verdadeiramente Socialista. Todos trabalhavam em prol do “bem estar” e conforto de toda a Colônia. Mas aqui era possível esse tipo de sociedade. O “socialismo utópico” aqui era só uma forma de governo, e bem obvio na verdade. Já que a união e o bem estar na colônia eram tão necessários quanto o ouro no planeta terra! Compreenda que não havia a necessidade de se preocupar com a meteorologia, ou com as pestes, esgotamento das reservas naturais, ou qualquer limitação física. Os espíritos que habitavam a colônia viviam um préludio de como se vive nas esferas superiores. Onde nenhum limite é imposto, onde habitam o que um dia chamamos de anjos, de deuses, onde a perfeição é só o básico! Nesse mundo perfeito existia apenas um problema, nunca sentimos que estamos sendo testado. Por isso a necessidade de sair em exploração por aquele novo mundo. A mente exploradora é responsável pelos saltos na evolução. E por tanta eficiência neste sistema, agora ela estava livre para se dedicar exclusivamente a seu aprendiz. Ela vinha pensando a respeito do que faria depois de acabar com o treinamento de Ljon, e teve a ideia de sair pelos portões da colônia junto a alguma caravana, talvez visitar outras colônias distantes. Não as comunidades que estão próximas. Ela queria conhecer aquele mundo, todos os seus mistérios e maravilhas. Aquela ideia lhe pareceu bem interessante. Mahin sempre sentira um medo enorme quando o assunto era explorar o mundo, pois manter a vibração aqui dentro dos muros de cristal é fácil, Mas lá fora cada emoção te leva a um lugar novo. Era amedrontador, pois perder o controle de suas emoções é o mesmo que mergulhar em um rio revolto. Você nunca sabe aonde ele vai te deixar.
Mahin ficou tanto tempo cuidado dos que foram vitimas dos “monstros” existentes fora daqueles portões. Que ate agora nunca havia cogitado a hipótese de sair daquela comunidade. Fora da colônia existia um mundo com bênçãos e maldições em igual proporção. Mahin estava livre durante algum tempo para se preparar, Ela sabia que o progresso de Ljon seria demorado, ela teria tempo de se preparar caso fosse continuar com essa ideia.
Aquelas semanas que se passaram Mahin fora chamada apenas duas vezes a central medica. E cada vez que iniciava uma conversa com Ljon ele parecia mais desposto a continuar, mas ela se afastava de proposito. Para que seu interesse fosse estimulado ate ter sua curiosidade completamente despertada. Enquanto o progresso de Ljon era de uma lentidão sufocante, por outro lado ela estava empolgada com todas as informações que existia naquele mundo. Ela passava a maior parte do tempo estudando a geografia e a historia de varias outras colônias. Havia tantos pontos turísticos que pra ela sempre fora selvagem, mas que no fundo sempre lhe pareceu atraentes. Mahin descobriu tanto sobre os lugares espetaculares que existiam fora dos portões de proteção. Que a vontade dela era de sair agora mesmo, mas também compreendeu o quão distante ela estava de se sentir preparada para enfrentar todos aqueles perigos e maravilhas que lá existia. Ela não só se preparava de forma teórica, mas também de forma física. Procurou pelo treino necessário com professores experientes e ate foi elogiada em muitas das aulas. Mahin começou a ver sua viagem de exploração não só como algo divertido, empolgante, mas também como extremamente importante!
Um dia chegou à Mahin informações a respeito da instabilidade energética nos Nove mundos. A vinda de uma messias para a terra mexeu com a estrutura energética. O espirito que desceria estava sendo preparado, isso quer dizer que encarnaria em Dois dos mundos Superiores antes de chegar a terra. Sua descida desequilibrava a unidade cósmica e repercutia em todas as realidades. O messias já era esperado nas Esferas Superiores, mas sua descida seria vital para a evolução Humana na terra. Os dirigentes das colônias se preocupavam com uma eminente resposta dos espíritos trevosos. Resposta que poderia vir na forma de qualquer reação. Os espíritos trevosos trabalhavam em influenciar uma guerra humana de proporções apocalípticas. Em razão disto espíritos evoluídos chamados índigos eram enviados para a terra desde a década de 20 na tentativa de afastar a influencia dos espíritos trevosos. Haviam príncipes nas trevas! Seres que governavam todas as ações realmente maléficas e usavam o “caos” e a desordem humana para serem bem sucedidos. O “mau” não é só a manifestação da ignorância e da animalidade. Existe nos confins do mundo “umbral” uma inteligência tão antiga quanto á própria existência humana. Quando ainda era recém-chegada na colônia, Mahin soubera da existência deles. Lembrou-se de como ouviu nas ruas da colônia sobre a influencia dos autointitulados “príncipes” na politica do mundo encarnado. Influencia da qual se resultou na primeira e na segunda guerra mundial. O “mau” escravizava todos os que estavam confusos, Usavam de mão de obra interminável, Tão organizados quanto uma mente sem sentimentos, Eles representam um perigo real, mas todos os seres que conhecem a compaixão possuem o poder de ficar invisível, imperceptível e incontrolável. O “mau” não usa o que não vê! A questão da influencia dos espíritos perturbados (ou das áreas infectadas por eles) está puramente conectada com a frequência vibracional e a compatibilidade em pensamento. Tornando a sua vibração elevada é quase impossível que eles consigam influenciar diretamente. Acontece que esses espíritos quase sempre consegue chegar aos que estão encarnados, e por chantagem eles conseguem sempre o querem.
A influencia é também uma ferramenta dos espíritos superiores, pois quando o ser encarnado é acometido por pensamentos virtuosos se abre uma porta para os seres de luz.
Mahin mesmo naquela época já despertara o desejo de ser forte o suficiente para nunca ser controlada por eles. Ela teve contato com milhares de espíritos resgatados do umbral. Este lugar é tão pesado que existe uma dimensão só para ele. O umbral é um dos Nove mundos conhecidos. É também chamado de trevas, inferno, purgatório, Tartaro ou qualquer que seja o nome popular do momento. Os seres humanos descreveram diferentes características deste lugar durante a sua historia. Porem o que se deve saber é que estamos falando de um lugar com inúmeras características. O umbral tem exatamente a mesma dimensão do planeta terra, É sabido da existência de verdadeiros “reinos de terror” naquele lugar. O lugar onde criaturas vagam sem destino o medo pode ser um estimulante potente.
O inesperado profeta.
O inesperado é pai de todas as grandes revoluções. E como de costume, quando menos se espera acontece o que um dia já foi profetizado. Muito longe da colônia e em outra época. Foi declarado o inicio da “Quarta Era humana” e como esperado para todas as “Eras Humana” havia sido designado o próximo profeta. Quem seria o profeta da “Nova Era” que guiaria a humanidade entre o percurso de aquários? Quem estaria apto a unir o mundo em uma consciência de preservação e controle vibracional?
Um grande concelho havia sido convocado devido ao grande perigo que surgira logo a pós as Duas guerras. A humanidade havia criado uma arma de um nível destrutivo tão grande que ameaçava a própria espécie humana. Compreendendo que uma intervenção não era mais uma questão de opinião. Foi enviada a terra espíritos capazes de dissuadir a humanidade e implantar a consciência de preservação. Esses espíritos trabalharam em muitas das áreas além daquela que foi a eles recomendados. Tomados de compaixão eles tentaram resolver o problema da fome tornando a agricultura mais eficiente. Acontece que essa tentativa causou uma superpopulação humana. A evolução no campo das ciências biológicas, farmacêutica e em todas as tecnologias em geral. Tornou a vida humana mais confortável, uma maior sobrevida tornou possível dar continuidade a pesquisas que fizeram grandes diferenças no mundo moderno. Mas rapidamente e mesmo sob a influencia de grandes espíritos, os humanos dividiram o mundo em duas ideologias conflitantes e fizeram os “grandes espíritos” reféns da ignorância. A humanidade desvirtuou todo o progresso trazido pelos Espíritos Índigos. Tornaram-se preguiçosos, mesquinhos e depressivos. O correu nesta época uma onda de consumo de entorpecentes. Com uma população cada vez maior, cresceu também as disputas pelos recursos naturais. Isto desencadeou novas guerras por recursos, e com as poderosas armas atômicas aquilo poderia causar a extinção da própria raça humana. Havia 60 anos da chegada dos primeiros Índigos e ainda assim a humanidade evoluiu muito pouco em termos morais. E ainda tinha o problema da superlotação, os recursos sendo explorado de forma descontrolada e sem o menor critério. Assim foi a autorizada à vinda dos índigos de terceira geração, e agora junto dos Índigos viriam os espíritos Cristais. Espíritos estes capazes de remodelar a população para receber os ensinamentos do próximo profeta.
Admirável mundo novo
Ljon estava pensativo aquela manha, Isso se era de fato manhã, pois uma intensa luz foi deixada posicionada em seu rosto o dia inteiro. No começo a luz era reconfortante e o deixava seguro, como uma criança que tem medo do escuro Ljon também se sentia confortável diante da luz. A luz era pra Ljon um escudo seguro, onde podia ver o mundo a sua volta. Ljon na terra não creditava muito na força das palavras, pois não fazia sentido uma palavra ter força. Mas aqui neste mundo, depois de tanto tempo, com tanto tempo pra se pensar. Ele havia chegado à conclusão que mesmo uma palavra com muitos sentidos, Todos tem o mesmo fundamento e vai além do som proferido, além do sentido emitido, além da consciência que o receptou. A palavra é chave que quando posta na porta correta abre para um sentido muito mais profundo. A porta sem duvidas é o sentimento envolvido na intenção. Sem esse sentimento não há porta. E assim as palavras são chaves sem fechaduras, sem sentido. Ljon lembrou de como as palavras brotavam em sua boca quando estava sob o êxtase da razão. Era comum ele vencer qualquer discursão porque sua capacidade de locução e sua retorica era de fato espetacular. Por quê? Porque era o que ele acreditava de verdade, era honesto em sua crença. As palavras bem ditas são como bolhas, elas assumem a forma mais eficiente. Mas ele estava agoniado com a ideia de não poder conversar com ninguém, de não ter um dialogo sapiente. A agonia é fruto da falta de plasticidade do tempo. Acreditamos que o tempo é moldável, pois as horas parecem correr ou se arrastar na mesma proporção. Quando Einstein ressaltou a relatividade do tempo, fez de forma quase que poética. O tempo não muda, ele é um trem correndo a mesma velocidade desde o dia em que partiu; A velocidade do tempo está correlacionada a vontade de se chegar ao final destes trilhos, A força que nos motiva a viver é a fornalha na casa de maquinas que carrega nosso trem direto a morte, a agonia de vida é o combustível das horas. Estar estagnado, sem progresso é está em tormento com o próprio tempo!
_ Olá Ljon! Falou uma voz doce que prontamente ele reconheceu.
_ Olá Mahin , como estamos hoje?
_ Estamos progredindo em muitos aspectos, mesmo que sua áurea esteja com uma cor ruborizada, ainda assim posso notar o quanto já progrediu.
_ gozado você dizer isso, também ando notando o quão belo, gracioso, e irresistível eu estou por esses dias. E superelegante também, Nestes trajes puídos e ridiculamente rasgados!
_ Então vou lhe dá o primeiro ensinamento, caso consiga aprender com maestria lhe presentearei com uma resposta.
_ Resposta, como assim uma “resposta”?
_ sim, uma resposta! Acredito que possua varias perguntas, ou estou enganada!?
_ nisso você está certa, se quiser pular direto para o momento em que eu faço as perguntas, seria bem mais interessante.
_ Ljon o que irei lhe ensinar mudara toda a sua compreensão de mundo. E o que aprendera fara de você um habitante da colônia. Esta preparado ?
_ sim, estou preparado! E não é de agora, há bastante tempo venho observando as leis da física ser estraçalhadas neste lugar.
_ Não existe um jeito fácil de aprender a manipular a sua própria energia, mas entenda que este corpo do qual está é só mais uma das moradas dá alma, talvez a mais próxima da sua verdade, Mas ainda assim é uma roupagem para o espirito. E aqui nos o chamamos de Períspirito.
_ como assim, roupagem ?
_ tudo tem haver com a luz que emanamos, ela é a verdadeira forma do espirito. O que se vê e se reconhece em você. O seu rosto, suas pernas, braços e tudo isto que você está vendo em si mesmo.. São instrumentos do espirito. A parte fácil é que o simples pensar, ou a mera vontade já é o bastante para moldar o períspirito. Fazemos o seguinte, tentemos algo fácil! Tente pensar em seu cabelo bem arrumado, lembre da sensação de se sentir bonito!
_ Essa será fácil, é só me lembrar da época em que não precisava andar vestidos trapos e comer sopa o dia inteiro. E talvez de quebra apareça um frango assado e batatas coradas... E mantendo sua mente em um lugar frequentemente visitado; Ljon se lembrou do dia em que tirou a foto para o seu primeiro livro, Como ele se sentiu poderoso e belo naquele dia. Quando Ljon abriu os olhos estava vestindo um terno azul, seu cabelo parecia está maior e ele não apresentava mais aquela calvície que tanto o importunara. Ele se voltou em direção a Mahin , ela estava olhando com um sorriso satisfatório. Ele a perguntou: “_ como isso é possivel?”
__ Ljon você me surpreendeu, olha que não vejo alguém com esse poder de materialização desde Arthur.
__ Eu realmente estou sem palavras, isto é impressionante! Mas é só uma questão de vivenciar uma memoria, ou existe algo mais profundo, mas metafisico?
__ No começo sim, é só memoria. Depois de acordo com a complexidade da vontade a materialização também exige outras ferramentas, mas realmente os detalhes ficaram impressionantes, Arthur adoraria!
__ Mas este terno é realmente impressionante, foi feito sob medida para mim por um alfaiate bem famoso na cidade onde eu morava, e pago com meu primeiro cache. Mas me diga quem é este tal de Arthur?
__ Ah o Arthur é um amigo muito querido, você o conhece bem.. Arthur Løgstrup.
__ Meu filho está aqui e você não disse nada?
__ Temos muito que conversar Ljon, e que bom que pouparemos trabalho, pois dada as circunstancias me parece que tem muito do Arthur em você.
__ Eu quero velo, preciso ver meu filho. Estou esperando por este momento desde que fui resgatado. Eu pensei ter visto por diversas vezes, mas nunca tive forças para admitir. Onde ele está gentil senhora, preciso do meu filho.
__ Ele não está aqui no momento, mas só terá a possibilidade de ver seu filho se for bem preparado. O que começaremos agora, as instruções que lhe darei serão maior do que tudo que imaginou.
Ljon puxou uma das cadeiras que estava próxima e ofereceu com as mãos o lugar a Mahin que prontamente agradeceu. E quando ambos estavam bem acomodados ele perguntou.
_ “Qual é o sentido em se mandar um homem para terra para amar, odiar, levantar e cair, sofrer com a esperança e chorar pela falta dela... O por quê eu nasci e provei de tanta dor, e pior, fui encurralado a fazer quem eu amava sofrer? Por que descer para aquele mundo ? Aqui temos o poder de materializar qualquer coisa, de ternos azuis a cabelo em minha cabeça. Pelo amor de deus! Qual é a necessidade de tantas almas sofrendo ?”
__ É gozado como todo o universo é regido por leis antigas. Existe sempre um padrão a se seguir, As leis que regem os átomos reaparecem organizando as galáxias, A gravidade que separa a gota dagua também mantem o oceano na esfera terrestre. Todo caos é só um jeito fácil de explicar o que é grande demais para se entender. E assim é com as questões racionais. Todo ser vivo, em todos os universos, fazem as mesmas perguntas. Quem somos; de onde viemos; para onde vamos? Essa é uma característica de toda espécie que alcançou o patamar da racionalidade. E eu já respondi as mesmas perguntas milhares de vezes, para milhares de pessoas vindas do planeta terra. Essas três perguntinhas são a prova que você é um individuo de uma espécie racional. Essa é só mais uma das característica fixas e imutáveis que compõem a evolução no universo. Dito isso Mahin se levantou, olhou para Ljon e respondeu com a serenidade de quem aponta um destino.
_ A vida na terra é apenas um teste de aptidão. Apenas mais um dos cruéis e penosos exercícios que precisamos passar para alcançar o próximo estagio na evolução.
__Mas então quer dizer que tudo isso foi um teste, a vida é um teste? E como assim “uma das espécies” existe outras espécies racionais, por acaso existe mais de uma?
__ Ora francamente, não entendeu enquanto estava vivo? Todos os seres ficam mais fortes com as adversidades, faz parte da própria evolução supera problemas. A vida é o vestibular para os céus do auto entendimento. Não nascemos na terra para voltar a este lugar, pois este lugar é apenas o mundo que existe entre os mundos! Pense em tudo isso como uma prova real, quanto maior sua nota mais próximo fica de encarnar em outro mundo mais evoluído. Ainda lhe restava alguma duvida sobre a vida fora da terra? Por acaso você acha que ainda está na terra? A vida no universo é como a puberdade para o corpo humano. Quando o planeta está pronto ela encontra um jeito de manifestar a vida.
__ Então este lugar não é o céu ?
_ Não existe céu e nem inferno. Mesmo aqui na colônia há quem diga que o próprio Deus é inexistente. Este mundo é difícil, pois as verdades não possuem padrão intuitivo, ou uma logica possível de se compreender! Qualquer coisa aqui é possível e sendo assim, tudo é possível!
__ como assim Deus é inexistente, pensei que deus tivesse criado tudo isto?
__ Este Deus do qual fala o monoteísmo é a primeira coisa que apareceu dentre todas as realidades existentes. Ele está em um nível complexo e muito distante. É como se toda essa realidade fosse à imaginação de uma criança, e essa criança fosse uma das milhões de outras crianças que também imaginaram outras realidades, e este planeta em que vive as crianças orbita um sol pensante que orquestrou toda a evolução. Existe pelo menos Nove dimensões que nos separado de um deus primordial. E cada dimensão tem seu próprio criador.. E este criador é criatura de outro criador maior... E issotermina com um “Ser” de nível infinito que observa tudo sem se intrometer em nada!
Há quem acredite que o Deus primordial criou tudo isto simplesmente para ter uma companhia. E é realmente da vontade dele que sejamos bem sucedidos.
Ljon estava pálido com toda aquela informação, tentando acreditar, tentando digerir a sua insignificância. Era como se uma célula de nosso corpo compreendesse toda sua triste realidade. Somos só uma parte insignificante de alguém nada importante, e toda aquela informação mexeu com sua mente. Ele estava exausto e precisava digerir tudo aquilo. Mas falou:
__ É como se fossemos uma espécie de faz de conta, como se fossemos personagens criados por pessoas de uma realidade diferente e que também são criaturas de outros seres... Como poderíamos chegar próximo deste ser primordial? É um nível de horizonte inalcançável! Como Deus pode esperar que chegaremos ao nível dele?
Mahin respondeu:
__ Na terra você duvidava da existência de deus, de uma vida a pós a morte, da sua própria alma. Aqui você descobriu que tudo isso não era apenas algo em que as pessoas acreditavam. A fé das pessoas funciona como uma bussola indicando o caminho. E por mais que a bussola aponte para um oceano sem terra, ou mesmo para um caminho nada auspicioso... Ainda assim está naquela direção sua terra prometida. Não somos “nós” os homens que inventaram a fé?
__ Me parece que sim, foi para nos manter adiante... Para encontrar este ser imensurável e distante. Respondeu Ljon
Não! A fé foi criada por Deus, e é Deus o possuidor da maior fé do universo. Ele sustenta toda sua fé na crença de que um dia o alcançaremos.
Mahin compreendeu sua deixa e se levantou, abraçou Ljon para que um pouco de sua vibração segura e tranquila fosse transferida a ele. Ela se afastou e saiu pela porta, deixando Ljon em sua privacidade. “Ele ate que aguentou bastante.” Disse ela!
É interessante como a verdade pode se tornar algo solido e incontestável quando esta em sintonia com toda a logica conhecida.
Passara dois dias desde a ultima vez que Mahin visitara Ljon . Ela havia decidido que já era hora de voltar, e então seguiu em direção ao quarto de Ljon. Que para sua surpresa já a esperava!
__ Olá Ljon , como está essa manhã ?
__ Muito bem apesar da minha insignificância nesse universo.
__ não seja bobo, logo você se acostuma. E seu questionário de hoje como começaremos?
__ A senhora é direta, não elaborei ainda meu questionário. Mas se tem uma coisa que me deixou abalado foi essa historia de sermos um personagem do jogo the Sims.
__ The sims, o que é um sims ? Não vou a terra há muito tempo para compreender suas referencias.
__ Perdão Mahin , me esqueci deste detalhe. É só um jogo de realidade virtual que meus filhos jogavam no computador. Aliais vocês tem tecnologia aqui né? Surpreendi-me quando vi no canto aquele laptop.
__Sim, temos! E esse leptop é meu desde que cheguei aqui. Deve ter uns 60 anos, Essa tecnologia demorou muito para ser incorporada a terra.
__ vocês já possuem laptops há 60 anos, o que mais este lugar guarda de inovação?
__ A vida na terra é uma copia mal feita daqui Ljon, aqui o mundo realmente funciona.
__ Já que é assim, gostaria de entender como é a politica deste lugar, pois ainda não entendi quem manda. Ouvi a respeito de um governador nesta colônia, e as pessoas parecem respeita-lhe muito também Mahin. Conte-me um pouco da historia desta colônia.
__ Você pergunta sobre as colônias, ou sobre esta especificamente?
__ Eu pergunto sobre a própria ordem, sobre a ideia de ser organizar para facilitar o progresso.
__ Digamos que existem livros aqui que saciará essa pergunta, por tanto serei breve em uma resposta. As colônias sempre existiram! Quando primeiro animal se tornou social, e seu grupo social desencarnou, lá estava ela a espera. Toda a razão leva a ordem! Mas a Colônia em que estamos tem mais ou menos 400 anos. Antes era um pouco mais complicado, existiam colônias como esta em que estamos, mas este país ainda não havia desenvolvido completamente, pois havia muitas tribos e línguas e a unidade de nação ainda não existia. Era complicado manter todos em uma única colônia. E por isso a configuração era bem diferente, mas podemos dizer que havia tribos dotadas de regras bem parecidas com as nossas. E quanto à hierarquia é bem simples, pois o mais apto se encarrega de administrar. Os que estão no comando aqui, não estão porque foram votados. Os votos são baseados nas afinidades ideológicas, como é lá na terra. Temos um jeito simples de escolher um governador, ou algo que se assemelha a isso. O espirito que se dedicar a vida de caridade, e se recursar a seguir o caminho para as esferas superiores. O espirito que por amor a humanidade desejar continuar nessa realidade tão primitiva, tão dolorosa. Mesmo já tendo a possibilidade de prosseguir com sua evolução. Este espirito merece o posto de comandante, pois estamos em uma frequência ainda muito baixa comparada aos padrões dos espíritos superiores, e ter alguém no comando que pode ir e voltar das terras superiores é o que define o termo de líder.
__ Você fala de reencarnação, sempre tive uma pergunta a respeito disso. O que uma lagarta deve fazer pra reencarnar como, sei lá! Um cão ?
__ Uma coisa posso te afirmar! Todos já fomos como uma lagarta, Ou como um cão. Mas evoluímos e não foi nada rápido! Assim como um bom cão aprende truques, uma boa lagarta come folhas e vira borboletas. Cada animal desempenha um papel que para nós pode parecer fácil, mas não duvide que existam dificuldades no processo de cada ser.
__ Eu entendi que o processo de evolução é justo e a reencarnação é uma forma de manter a evolução constate... Mas porque alguém deve nascer cego e surdo os dois de uma vez? Como está pessoa vai desenvolver a capacidade cognitiva para evoluir nessa terra?
__ O que você não entende é que talvez esta pessoa tenha escolhido ir assim, e é bem possível que mantenha a consciência desta vida preservada. Não é difícil você encontrar pelas ruas desta colônia espíritos que na terra parecem vegetais. Eles estão vivos para preencher uma necessidade. O próprio tempo pra eles podem passar de forma diferente, pois a percepção do mundo é subjetiva. Mas aqui eles podem planejar e ficar atento ao que está passando na terra. Por vezes são de um nível espiritual bem elevado e sua simples presença já faz toda a diferença na terra. Não é raro encontrar situações assim, onde por amor um espirito encarna com tamanha provação.
__ Então todos os que voltam com esse tipo de provação são médiuns?
__ O que você entende como médium pode está equivocado Ljon , os médiuns são seres com a capacidade de obter informações deste mundo. Todos nós temos esta capacidade, e mesmo os animais à possuem. Possuir a capacidade de observar os dois mundos não é privilegio. Essa capacidade deve ser conquistada, antes de tudo! Os que descem com certas habilidades aprimoradas devem primeiro aprender como utiliza-la. Mas não é regra, pois existem exceções.
__ O que é o espirito?
__ O espirito é a criação que evoluiu a um patamar consciente. Toda criação evolui, mesmo a matéria inerte. Um dia o hidrogênio se tornara carbono, e o carbono se tornara vida, a vida evoluirá infinitamente. Do átomo ao arcanjo há o tempo de uma eternidade.
__ Então quer dizer que toda a matéria se tornará consciente?
__ Talvez não desta forma que a entendemos. Ou talvez não nesta dimensão, ou na terrena. Existem infinitas dimensões, como poderíamos resumir tudo que existe em uma única bolha.
__ Interessante Mahin , então existe outras dimensões com outros eus ?
__ Não, você é único! Mas existe exatamente o mesmo numero de “matéria” criada por Deus em cada dimensão. E já que chegamos nesse tópico explicarei o inicio, ou ate onde se sabe..
__ Inicio, como assim? Big bang, esse tipo de inicio ?
__ Sim, mas chamaremos de “O grande encontro das bolhas.” Deus criou antes de qualquer “matéria” muitos espaços, que mais parecia grandes bolhas vazias. Ele criou forças primordiais, e essas “forças” ficaram flutuado como bolhas neste espaço criadoo primordialmente por Deus. Essas “forças” eram diferentes umas das outras, e cada uma levava um componente que não existia na outra. Quando se chocavam, faziam força para lados opostos, e no centro dessas realidades, bem na intercessão das duas bolhas, começavam a se concentrar a essência destas realidades ou como as conhecemos “dimensões”. Assim nasceu o nosso universo! O universo é fruto de uma pressão esmagadora que uniu o tempo, a gravidade e tantas outras forças primordiais. Essa união resultou no big bang, que não foi nada demais. O Big bang é só mais uma bolha que possui uma essência fruto da combinação de varias outras forças primordiais.
__ E fomos a única bolha que resultou em um universo?
__ Seria uma sorte incrível se fossemos a única bolha a resultar em algo interessante. Todo nosso universo é só mais uma bolha ao vento Ljon .
__ Éh... a ciência da terra está a uma distancia considerável dessa informação.
__ Nem tanto, as maiores verdades estão bem representadas em soluções simples... logo, logo encontrão essa informação nas paginas de qualquer livro bobo.
__ Mas já que estamos nesse campo cientifico, porque não existe uma prova da existência deste mundo? Porque devemos passar pela duvida dessa existência?
__ A dor na terra é necessária! Como prenderá o caminho se não o fizer sozinho?
__ Não há a menor necessidade de se encarnar na terra e esquecer toda a existência desta realidade. Você me desculpe Mahin , mas se soubesse da existência deste mundo, talvez as coisas na terra fossem diferentes.
__ Se existe algo no mundo que a modernidade não mudou, foi a capacidade das pessoas de acreditar no inexplicável! Você teve a informação da existência deste mundo, e essa informação chegou ate você de diferentes formas. Não sejamos hipócritas, você não acreditou porque não quis. E não mudaria a sua vida, acreditando ou não.
__ A crença é só mais uma mentira reconfortante Mahin , existe pessoas que precisam mais do que isso.
__ Qual verdade absoluta que lhe conforta Ljon ? Não existe verdade absoluta, e toda verdade é desconfortável! Para ser feliz é imprescindível ignorar qualquer verdade.
__ Só sei que a fé nunca pareceu algo plausível no tempo que estive na terra.
__ A fé não é algo plausível Ljon , pois é nela que se baseia os maiores absurdos da terra.
__ vendo você falar assim, não parece que estou diante de uma líder religiosa.
__ Eu digo a verdade, e a terra estaria muito melhor se não houvesse religiões.
__ Por causa da intolerância religiosa as pessoas mataram minha família, Por causa da intolerância religiosa a minha estadia na terra foi tão dolorosa. E foi uma dor forte o suficiente para que mesmo aqui, e depois de tanto tempo, eu simplesmente não consigo seguir a diante. E você não foi o único a sair da terra com cicatrizes mal curadas.
__ Não querendo ser indelicado Mahin, mas o que houve em sua ultima encarnação ?
__ O mundo é cruel com todos Ljon, todos que tentam dele encontrar um apoio firme, sofreu irremediavelmente. O mundo material é uma prova sádica e mesquinha, mas tão necessária quanto se pode ser. O caos cria vida, assim como o caos inova a vida. A vida é fruto da desordem em muitos sentidos. E assim que somos mandados para este mundo, onde a esperança é desvendar os mistérios da realidade e encontrar um padrão no caos. Todos os seres humanos tentam encontrar um “jeito” de lidar com suas vidas, mas é inútil. Tudo parece possuir uma razão, mas a única razão é inexistência de sentindo. E é por isso que a religião fornece tanto conforto, pois é nela que encontramos uma logica. A religião prega a logica de que a vida na terra é passageira, prega a existência de outro mundo, e que as regras cruéis na terra não são empregadas aqui. E eu assim como qualquer mortal, decidi me apoiar na ideia de que o mundo é de fato passageiro, decidi creditar a ideia de que a vida na terra era um teste. Em terra, nasci em uma família sem muitos recursos. Minha mãe mal sabia ler, mas era de uma inteligência fantástica! Ela vive a algumas quadras daqui, tá a maior parte do tempo tratando das crianças que chegam à colônia. Ela é de fato um espirito impressionante! Mas na terra nasceu com menos recursos do que eu. Ela não conseguiu desenvolver a sua magnifica inteligência, mas reconheceu que a sabedoria era um patamar solido para qualquer um. Viveu uma vida simples, mas não foi uma vida simplória! Educou sua família com o melhor que podia, sempre respeitou o que compreendia como importante. Ela foi assim porque quis e as coisas foram difíceis porque precisavam ser. E foi através dela que conheci a religiosidade, foi nela que me espelhei, Foi ela que descobriu meu dom de curar! Eu desde muito pequena tinha certo dom para saciar a dor. Quando meu pai (que era um homem muito trabalhador) chegava em casa com lesões causadas pela vida de pescador. Eu sabia exatamente que erva usar para aliviar a dor de seus cortes, ou mesmo massageava seus músculos cansados. Meu pai sempre me dava uma moeda, pois esse era meus cuidados “médicos”, e ele me chamava de pequena Doutora. Minha mãe não teve chance, mas não podia deixar sua filha seguir o mesmo caminho. Minha mãe orou a “virgem Maria” para que eu conseguisse entrar em um colégio importante que ficava próximo de nossa casa. Era um colégio militar que só aceitava os que tinham boa condição financeira. A minha infância foi feliz ate papai morrer, pois nosso sustento dependia de sua pesca, e quando desencarnou as coisas realmente desmoronaram em nossa família. Eu já havia feito 15 anos e decidi largar a escola, e meu sonho nessa época era fazer o curso normal, ou seja me formar como professora. Não consegui concluir esse sonho em vida, mas aqui sou professora há 40 anos. A vida me levou para outro campo, área da qual era conhecida desde criança. Fui parteira, uma profissão muito respeitada no interior. E não só parteira, pois também fui curandeira e essa profissão eu tive mestre. Eu cresci com a presença diária de minha avó que era uma grande curandeira. Ela aprendeu tudo com os índios, pois se casou com um. Meu avô era um índio legitimo. Aprendi com os indígenas sobre a terra e seus segredos. Mas havia mais alguém me ajudando, alguém que só reencontraria depois de desencarnar, uma pessoa que esteve comigo muitas vezes. Um grande amigo neste mundo, alguém que você conhece muito bem!
__ Eu conheci na ultima encarnação?
__ sim! Você o conheceu muito bem nesta ultima encarnação.
__ Eu chutaria Arthur, meu filho.
__ Sim, ele mesmo! Arthur é um grande amigo esteve comigo durante séculos. Ele foi meu mentor nesta ultima encarnação. Arthur fez uma grande diferença em minha vida, pois eu sempre recorria ao meu amigo espiritual, mesmo não conhecendo os segredos deste mundo enquanto encarnada, Eu sempre soube que estava sendo protegida por alguém que realmente eu amava, e ele sempre me amou muito também. Fomos mãe e filho durante uma encarnação. E esse talvez tenha sido o pior erro do qual me lembro ter cometido.
__ Porque diz isso Mahin?
__ O amor é algo que transcende a vida. Naquela encarnação eu era uma índia casada com um caçador chamado Roani. Ele era um grande guerreiro e havia morrido em batalha. Arthur era meu filho se chamava Anahí era um exime-o caçador, tão bom que aos 10 anos foi enviado para caçar um animal desconhecido, que havia atacado os animais da aldeia. Eu como mãe me desesperei, ele ainda era um menino, e era a única coisa que eu tinha naquela época. Anahí conseguiu caçar o animal e na volta para aldeia encontrara o povo da nação vizinha. Era o povo que havia assassinado o seu pai. Anahi era impetuoso e cheio de orgulho, desafiou um guerreiro, e assim ele foi morto. Eu entrei em depressão e desencarnei logo depois. Acontece que éramos necessários na terra, pois havíamos recebido uma missão muito importante. Colocamos tudo a perder e atrasamos a evolução de toda a aldeia. Depois disso decidimos não encarnar jutos novamente, mas fechamos um acordo de auxilio. Um sempre será guia do outro enquanto estivermos nessa frequência umbralina.
__ Porque você estaria em uma frequência umbriana? Você está aqui agora e tão evoluída. Porque acredita que iria para o umbral?
__ Ljon, todos estamos no umbral! Literalmente estamos no umbral, aqui na colônia ainda é umbral, A terra é umbral!
__ Como assim?
__ A frequência que modela a terra é a mesma frequência que dita a matéria nos poços fundos do Umbral. E aqui na colônia não é diferente, vê o céu? Vê as camadas no céu, aquelas vão de azul a verde. E se forçar os olhos verá camadas purpuras e no fundo algo meio prateado... Consegue ver ?
__ Sim, me pergunto o que seria isso todas as vezes que olho para o céu. Já perguntei a cada pessoa que entra neste quarto, mas ninguém me responde nada.
__ é natural as pessoas não responderem Ljon. Não é só com você, Mas respondendo esta pergunta. A cada cor que o céu parece emanar do ceu é uma dimensão que você conseguiu observar. Quando nos referimos a esferas superiores, estamos falando destes mundos! Eles ficam acima de nós, literalmente. Só as vemos porquê estamos entre mundos. São dimensões que só alcancemos quando evoluirmos moral e intelectualmente. Vou lhe contar uma historia Ljon , é a historia dos anjos caídos!
Eles foram os primeiros seres evoluídos enviados para a terra, e Chegaram a cerca de 20 mil anos, vindos de um planeta que orbitava uma estrela distante. Essa estrela estava para se tornar uma supernova, e por isso aqueles que não se adaptaram e evoluíram não poderia ficar. Quando chegaram odiaram essa terra, encarnaram e sofreram como todos nós, mas eram diferentes e sua sabedoria os tornaram deuses entre os homens. Muitos se apaixonaram por este mundo e tomaram pra si o serviço de direcionar os humanos que aqui estavam. Estes seres já haviam aprendido a manipular a própria matéria, e eram sem duvidas seres extremamente evoluídos. Formaram pequenas sociedades e ensinaram ao povo encarnado e desencarnado. Mas como era de se esperar, cumpriram seu processo próprio de evolução, e partira de volta ao seu mundo de origem. Antes de voltar, deixaram toda essa estrutura que nos abriga. Tudo isto é como uma relíquia que eles nos deixaram, pois eles nos ensinaram tudo que sabemos sobre o universo.
__ Então o mito do extraterrestres no passado esta certo ?
__ De certa forma sim, mas eles eram humanos enquanto na terra. E estes seres ficaram conosco durante milênios. Encarnando e ajustando a terra de diversas formas.
__ Ainda existe algum destes seres aqui nessa terra?
__ Talvez exista, mas quem pode saber!? Não temos a necessidade de saber, então não procuramos. E se ainda existir é provável que esteja em missão, sendo assim bem melhor deixar do jeito que estar.
__ Eu tenho tanto a entender ainda Mahin , que sinceramente não ouso descordar.
__ Pois bem, então começou a compreender que neste mundo a curiosidade pode ser um desejo nunca saciado.
__ Percebi isso assim que me entupiram de agua à cada pergunta que fazia.
__ Não foi só com você, sofri deste mesmo mal.. isto é um velho habito por aqui, Mas voltando ao assunto. Foi pela razão de não conseguirmos manter o “foco” que eu e Arthur decidimos não encarnar juntos novamente. Porem nessa minha ultima encarnação decidi nascer junto de toda minha família. É comum encarnamos com o mesmo grupo de pessoas por diferentes motivos, e durante muito tempo, eu precisava preencher muitas lacunas. E foi isso que fiz! Acontece que este mundo foi cruel, pois me programei para fundar uma casa de oração que auxiliaria muitas almas, Não consegui este feito, e tudo graças a ignorância religiosa fundamentalista. Minha família foi morta e eu perseguida. Arthur esteve comigo todo o tempo, mesmo quando puseram fogo em meu barracão e mataram meu filho. Arthur desesperado interviu nos acontecimentos da forma que pode. Não o culpo, pois eu faria igual! Ele incorporou em um dos médiuns da “casa” antes que os agressores chegassem. Mas suas tentativas saíram do controle e Arthur sofreu com a pressão magnética que tanto abala os desencarnados. Arthur foi jogado para fora do mundo material pela força gravitacional do mundo espiritual. Arthur foi arremessado, lançado, jogado em uma espécie de deserto que existe neste mundo. Para proteger a minha família Arthur levantou uma barreira magnética que podia ser sentida mesmo daqui. Ele mexeu com uma força primordial. O amor de Arthur o fez descumprir uma ordem bem conhecida entre nós, o fez quebrar uma das leis deste lugar. O seu poder ganhou uma força exótica na terra e abriu espaço para situações peculiares. Arthur descobriu um modo de manter certo controle da matéria na terra. Este poder que ele vivenciou mexeu com a sua mente. Hoje em dia ele está meio obsessivo e neste momento eu temo por Arthur. Ljon, Sinto que devia compartilhar isto com você.
__ O que eu posso fazer Mahin , como eu poderia ajudar meu filho?
__ Neste momento meu querido, só quem pode ajudar Arthur são os espírito superiores, mas estes não aparecem quando chamado. Eles nos fazem visitas em momentos específicos, assim como nós fazemos na terra.
__ então quer dizer que não podemos ir a terra?
__ Sim podemos, mas nossa presença mexe com a energia emanada pelos seres encarnados, assim como a energia deles mexe com a nossa. Se for feito de qualquer forma podemos causar grandes problemas.
__ Mas então como ajudaremos Arthur?
Preciso que você se esforce Ljon . Quero sair da colônia, quero ir a busca do paradeiro de Arthur, e dos meus outros filhos. Mas primeiro preciso lhe deixar bem preparado, Eu me propus a deixa-lo bem preparado, você precisa está completamente capaz de se “virar por ai” antes de eu ir. Você é inteligente, eu gosto de está com você, será de grande ajuda aqui na Colônia! Mas precisa está completo, pois é de um interesse mutuo.
__ Mahin me passa o que eu preciso saber, me treine do jeito mais rápido, mas traga o meu filho de volta. Eu não quero lhe atrapalhar, e se ele está correndo perigo é preferível que você vá salvar ele logo! Eu estou bem aqui, não vai acontecer nada demais.
__ Não é bem assim, logo você sentira a necessidade de expandir, E percebera que existe uma historia por trás de tudo isto. A fome por conhecimento levara você a portas perigosas, muitos desaparecem daqui e são tragados pelo umbral, e se um dia isso acontecer só você poderá encontrar o caminho de volta!
__ então eu estou correndo risco de ser tragado por um inferno?
__ Não seja dramático, não é assim que funciona. Mas você tem uma historia que deve ser lembrada, por isso precisa de um treino em autocontrole, e por isso que Arthur me deu esta tarefa, pois ele confia no meu treino
__ Nós já nos conhecíamos Mahin?
__ Sim, Ljon ! Tivemos um pequeno romance antes de você deixar a cidade para entrar no exercito. Foi em outra encarnação, você morreu cedo! Não há muito que falar.
__ Não sei o que dizer, minha mente fica confusa quando penso em alguma coisa antes da minha vida. Sei que existe memorias a respeito, sinto que se me aprofundar tirarei algo. Mas não sei se quero saber.
__ Mantei sua mente focada no que vou lhe pedir, pois já será algo difícil de conseguir.
Treinamento intensivo
Aqueles dias que sucederam se tornaram cada vez mais difíceis. Mahin aparecia o tempo todo com tarefas novas. Coisas que no começo pareciam ser interessante, mas que pelo o nível de dificuldade se tornavam insuportáveis. Ela começou explicando a natureza da matéria criada a partir da imaginação. Eu sempre me considerei um homem criativo, mas manter a matéria solida é muito difícil. Por horas me imaginei sendo um “lanterna verde” fazendo construtos. Na teoria é a mesma, manter a imaginação tão vivida na mente que se tornaria solida. Nossa mente não é estável em nada, pois existem emoções e pensamentos que mudam a intensão. Percebi que mente humana ainda possui raízes poderosas na fisiologia humana mesmo depois de morto. A natureza é inteligente e fez com que nossa biologia gritasse quando um de nossos filhos passa por perigo. Quando pensava em Arthur não conseguia imaginar este homem viril, sábio e bem articulado que tantas pessoas diziam que ele era. Quando pensava em Arthur lembrava o meu menininho correndo de medo do cachorro do vizinho. Sempre pensava no meu filho pequeno, indefeso, perdido em um lugar horrível. Enquanto treinava só pensava em como Arthur poderia esta passando por perigos. Coisas tão terríveis que moldaram toda concepção de “medo” existente na raça humana, pois o inferno não ficava longe da colônia. Descobrir que certas “feras” descritas em nosso imaginário existiam de fato. Tudo que existe em cada folclore, de cada país, é real neste mundo! Este mundo é de fato um planeta onde a realidade se mista com a fantasia de outros planetas, Aqui estamos em uma dimensão que une Nove planetas diferentes, Nesta terra se fala todos os idiomas, e sim! É muito difícil se entender, Não existe beleza maior do que a vista nesta comunidade.
Por vezes Ljon passeava com Mahin pelos gigantescos jardins que existiam na colônia. Em extensão geográfica, se poderia dizer que a Colônia é do tamanho de um estado como o Rio de Janeiro no Brasil. Na colônia existiam cidades, parques florestais e muitos bairros específicos. Bairros de moradia, centros de cidades movimentadas e ate lugares especificamente para turismo. Como o caso dos Jardins suspensos onde sempre se encontrava animais extraordinários. Ljon visitava muitas casas de antigos amigos, Reencontrou sua minha mãe e aquele foi um dia maravilhoso! Não existe lugar mais confortante no mundo que nos braços de sua mãe. Por fim, aprendeu a manter o controle das minhas emoções, pelo menos para conseguir materializar o básico. Precisava de muita coisa e isso era verdade! E foi ai que Mahin o introduziu no controle da vibração, e a ideia era manter as emoções mesmo com uma influencia estressante externa, aquilo não foi nada fácil! Ljon nunca foi conhecido por ter pensamentos otimistas e ate mesmo o termo “pensar positivo” parecia a Ljon era algo bem estupido! Ele condicionou sua mente a pensar de maneira realista, inflexível e ate mesmo mesquinha. A nossa realidade terrena é um tanto quanto cruel, ela nós acostuma com o pior. Ljon nunca acreditou nesse negocio de “pensamentos positivos”. Talvez essa atitude tenha tornado sua vida na terra tão torturantemente, solitária e sofrida.
Ainda não compreendendo totalmente essa mecânica do mundo pós-morte. Ljon acreditava que existia uma boa razão para se pensar positivo também na terra, embora nunca o tenha feito, era bem possível que lá naquele plano, naquela vida astral, pensar positivo possa realmente te salvar. Ljon passou muito tempo se estudando as regras daquele mundo. Viu seus velhos amigos chegarem naquele novo mundo. E novos amigos se despedirem e irem para o mundo antigo. Um dia como de costume, Mahin o chamou para passear, e o levou a um prédio muito grande. Um prédio que poderia se passar por cede de uma grande empresa. Lá ele foi testado de diversas formas, muitas provas e exercícios, e foi naquele lugar que constataram que Ljon já estava apito a perambular por toda a cidade. Deram a ele uma credencial, como uma nova identidade, e assim ele se tornou um cidadão da Colônia. Nesse momento, Ljon havia acabado de se mudar para a casa onde sua mãe morava. Foi uma surpresa descobrir que havia outros familiares morando naquela casa. Ele já havia visitado muita e muitas vezes, mas eram visitas programadas. Ljon não conhecia a rotina do lugar.
Aqueles dias estavam sendo agradáveis e o tempo passava muito bem, pois aquela dor fruto do antigo ferimento causado pela batida de carro na terra, ainda incomodava e tirava às suas forças, mas com o tempo foi se tornando fraca, ate que um dia desaparecera. Essa súbita energia veio em muito boa hora, pois Ljon agora conseguia evoluir bem em seu treinamento. Aprendeu a se transportar para lugares que estivesse com a mesma vibração energética. Esse aprendizado era de suma importância para os cidadãos da colônia, pois era uma forma rápida de voltar para a colônia. O teleporte era praticamente impossível para quem não possuía total controle energético, mas para pessoas como Ljon e a grande maioria que não chegara a um nível tão alto de desenvolvimento, existia uma forma mais rápida de se transportar para a colônia, isso caso necessário. Era dado ao estudante de teleporte um pingente que vibrava na mesma frequência da colônia. Seja onde estivesse, era possível se concentrar e fazer com que sua energia vibrasse naquela frequência. Facilitando a ligação energética necessária para o transporte. Para Ljon a mecânica do teletransporte era bem intuitiva, pois uma vez que se aprende a controlar a energia, logo se compreende como recriá-las, Quando isso acontece automaticamente você é atraído para lugares que estejam vibrando da mesma maneira, Por ter certa habilidade ele intensificou o estudo naquela área mergulhando cada vez mais nos segredos do transporte energético, ele começou a ser notado. E foi assim que começou a estudar no prédio de desenvolvimento, Um dia Ljon estava seguindo para o prédio onde estudava, quando encontrou Mahin que o convidou para um teste surpresa. Ela explicou que havia uma maquina capaz de imitar as vibrações tanto as boas quanto às más. E o levou a um cômodo que fazia lembrar uma sala de raio X. Mahin explicou que o teste poderia ser doloroso, mas era importante ele entender que o ambiente em que estava vivendo era completamente anormal. Ela explicou que no mundo real as coisas não eram tão controladas como dentro da colônia, no mundo real o ambiente pode ser agressivo. Ljon passou muito tempo em um ambiente praticamente esterilizado de toda influencia negativa. Ela explicou que aquele teste estimularia o seu espirito a reconhecer novamente um ambiente hostil. E se Ljon realmente queria manter a sua mente tão bem desenvolvida, era necessário que a tornasse mais forte! Ljon prontamente concordou e pediu para iniciar rapidamente aqueles testes. Primeiro começaram com o que eles chamaram “vibração de influencia melancólica”. Ljon mal começou o teste e já sentiu a tristeza de cara, mas tentou elevar sua mente para outro lugar. Assim como Mahin havia o ensinado. Enquanto sua mente vagava para lugares agradáveis, a maquina o forçava, o puxava para memorias tristes, e ate teve momentos em que ele quase se perdeu, mas no final conseguiu voltar. Ljon prontamente olhou para Mahin e seu rosto transpassava um olhar de satisfação! Mas foi sob a influencia da vibração agressiva que sua mente foi corrompida. Ljon ficou completamente vulnerável, Ele estava completamente sob a influencia daquele sentimento. Quando tudo terminou estava ele em cacos e não conseguia levantar. Ljon foi mandado pela primeira vez em anos para a área medica.
Mahin o visitou naquela tarde dizendo que havia se precipitado e pegaria leve, mas aquela mulher não se importava muito com o quanto ele iria ser mandado para a área medica. Decidido a intensificar seu treinamento, Ljon foi morar com Mahin. Assim ela poderia intensificar mais firmemente e acompanhar melhor o seu treinamento.
Aquele ambiente feliz e tranquilo da casa de sua mãe roubava muito do seu tempo e o distraia. A felicidade habita nos breves momentos de transição.
Vivendo sob o mesmo teto de Mahin , Ljon mergulhou em uma espécie de transe prodigioso. Em pouco tempo havia evoluído bastante e já trabalhava em prol do bom funcionamento da colônia. Ele ganhou destaque entre a equipe medica, se dedicando na arte da cura. Era enfermeiro na ala hospitalar e ajudou muita gente a voltar pra consciência. Dedicou-se a auxiliar os recém-chegados e vendo tamanho potencial Mahin prometeu a Ljon que quando estivesse mais apto, no final daquele ano, ela o levaria ate a terra. Prometeu levar Ljon para visitar sua antiga casa, ver seus familiares ainda encarnados. Ele poderia ver sua filha e conhecer seus netos, essa promessa o deixou muito feliz.
__ Eu me dediquei fanaticamente em aprender e fui bem sucedido. Aprendi a controlar meu campo áureo a fim de proteger minha vibração, aprendi a emitir boas vibrações com o fim de energizar alguém, ou algum lugar, e por ter aprendido essa façanha ganhei um emprego no prédio hospitalar. Aprendi muito mais daquele lugar e dos mistérios daquele mundo, mas ainda assim era muito pouco. Era extraordinária a ideia que existiam espíritos que influenciavam diretamente o nosso mundo, e não só “influenciavam” eles eram destinados a administrar coisas como as florestas, as mares, Os incêndios e ate as tempestades. Os “Elementais” eram fascinantes! Era gigantesca sua importância ao nosso mundo. A existência dos Elementais preenchia um eixo que vemos no próprio ecossistema da terra. Os Elementais eram criaturas que preenchiam toda a fauna e a flora existentes na natureza desse novo mundo. É complicado classifica-los, pois conheci Elementais humanos! Pessoas que faziam parte daquela logica de energia cíclica, mas também vi uma revoada de pássaros com uma calda feita de luz que também eram chamados de Elementais. Os humanos “Elementais” possuíam características que os diferenciavam de todo o resto. Possuam certa elegância ao se movimentar, um dos jovens assistentes de Mahin era um elementar e possuía uma estranha, e graciosa habilidade nos pés, pois seu caminhar era rápidos e preciso. Quando precisava saltar fazia com a naturalidade de um cervo. Um dia espantado com a velocidade do rapaz eu perguntei:
__ Mahin por que aquele menino anda o tempo todo tão apressado? E Mahin respondeu que Juan era um elementar e já fazia séculos que estava trabalhando para seu povo. Perguntei a Mahin se aquele garoto também era capaz de controlar a matéria terrena assim como os Elementais humanos que são descritos nos livros. E ela me respondeu:
_ Sim, ele é um cigano típico! Ele é elementar, toca violino, adora uva e boa musica. Juan é adorável não é mesmo!? E eu respondi que sim e mudamos de assunto, mas confesso que gostaria de ter perguntado mais a respeito da nação cigana e sua aparente ligação com os elementares. No tempo em que passei treinando com Mahin readquiri um antigo habito de ir à biblioteca, e existia uma biblioteca gigantesca na colônia. Um lugar apelidado de Alexandria II que era um complexo de 7 prédios onde existia milhões de materiais para o estudo de qualquer coisa. Havia um museu em cada prédio onde você podia observar a historia de cada acontecimento. Existia a probabilidade encantadora de encontrar com artistas, cientistas e grandes figuras históricas fazendo o mesmo que você. Ali, Estudando! Havia replicas de animais pré-históricos com suas características reais. Nas bibliotecas existiam livros que contavam historias de varias sociedades extraterrestres em seus respectivos planetas.
Nesse lugar eu mergulhei fundo em diversos assuntos, mas o que mais me atraiu foi a historia de grandes Elementais encarnados. Aos poucos fui compreendendo a essência daquela gente, hoje entendo dos diferentes aspectos que classificam os elementares. Muitos elementares são comparados a Deuses, pois são sábios e benevolentes. O que faz do elementar um ser especial é a habilidade de usar um poder conhecido como “força primal”. Que é basicamente a energia que dá forma a tudo nos Nove mundos. Alguns destes seres estão tão firmemente ligados a esta energia chamada “força Primal” que ela se manifesta neles de muitas formas. Assim como a raça humana e o fogo desenvolveu métodos para manipular o fogo. Muitas espécies de animais que vivem neste mundo aprenderam a usar a “força primal” para se conectar com o ambiente. Com o passar do tempo os seres humanos também aprendemos a fazer uso desta “força”. E Alguns destes seres humanos aprenderam tanto a manipular esta “força primal” que hoje são considerados Deuses. Acredito ser isso, mas não tenho certeza!
O rugido do leão
Dentro das paredes da colônia eram todos amáveis, pois a caridade e a benevolência são caminhos firmeis para evolução do espirito. Mas era sabido da existência de outros povoados e estes muitas das vezes vinham à colônia em busca de ajuda. Algumas pessoas simplesmente não queriam viver em um lugar onde só se alimentasse de frutos, ou onde os desejos carnais fossem controlados. As pessoas estavam acostumadas à vida na terra e preferia viver como na terra.
Mahin convidou Ljon para acompanha-la a uma dessas viagens. Ele ficou super empolgado, já que seria a sua primeira viagem fora daquele solo amável e controlado. Ele havia estado tanto tempo sob a influencia daquela comunidade que seus hábitos haviam mudado completamente! O treinamento para ele só estaria completo se pudesse exercer o que foi aprendido em um ambiente totalmente randômico. E aquela viagem seria uma ótima forma de se testar. Ljon viu pela primeira vez a grande muralha pelo lado de fora dos portões, onde para o seu espanto existiam vários objetos parecidos com antenas produzindo uma luz intensa.
Logo que Ljon saiu dos portões da colônia sentiu que seus pensamentos estavam um pouco mais “livres”. Mahin explicou que dentro da colônia estavam sendo influenciados pela forte energia que emana daquele lugar, mas a influência é tão forte que certas características primitivas de nossa mente são simplesmente sabotadas. Era estranho, pois Ljon sentia que certos “aspectos primitivos” de sua mente eram extremamente importantes. Essas características faziam parte do que ele era de “verdade”. E se sentiu um pouco manipulado, e foi assim que compreendeu o porquê das pessoas quererem se afastar daquele lugar.
A expedição andou por quase 2 km na companhia dos espíritos guardiões. E vez por outra encontravam algum viajante. Havia muitos doentes e alguns recebiam auxilio medico ali mesmo. muitos destes foram socorridos por Ljon ! A maior parte das pessoas só precisam se afasta um pouco de sua zona segura para se deparar com a realidade do mundo em que vive, e não é diferente naquele mundo. As colônias são apenas estrelas nesse imenso e sombrio céu. Aquele mundo estava repleto de coisas perigosas, mas que ate agora não foram vistas, ouvidas ou sentidas por Ljon . A colônia era uma construção solida e impenetrável em muitos sentidos. A informação dos acontecimentos a sua volta era muita das vezes não passada aos cidadãos da colônia. Não que não fosse possível, ou mesmo “acessível” obter informações sobre os acontecimentos. Mas é que na colônia os espíritos estão em busca de introspecção. Muitos não se interessavam por tais informações. E ainda na estrada Ljon refletia sobre como a existência de mais um “sentido” muda a percepção do mundo a sua volta. Ele nunca havia pensado sobre como essa energia “áurica” mexia com sua percepção de mundo. A coisa era tão diferente de sua vida na terra, pois lá não se percebe de imediato que alguém está sentindo angustia, ou esta apaixonado, ou qualquer coisa do tipo. Neste novo mundo a energia também pode ser captada e não há fonte de energia maior que o sentimento. Qualquer um que se aproximasse estando com um sentimento aflorado, era prontamente sentido! Pois a energia dos sentimentos é repassada, emitida, e capitada por todas as pessoas, ou planta. Além de impregnar os objeto com energia e por isso pode ser sentida por horas depois. O sentimento exerce a mesmo efeito na terra, mas lá não se pode captar com a mesma eficiência. É a falta de um órgão especifico que existe em nosso cérebro, e que na terra ainda esta em desenvolvimento biológico, Mas que a espécie humana já desenvolveu naquele mundo. Na terra a evolução caminha para aperfeiçoar este órgão. Este Sexto sentido, alterou drasticamente o modo como Ljon lidava com as pessoas ao seu redor. A empatia era muito mais que um sentimento, era um sentido!
Naquela estrada se via de tudo, mas ainda era o quintal da colônia. Existiam terras muito mais impressionantes Naquele mundo. Terras para onde seu filho foi viajar. Lugares distantes e inimagináveis. A estrada parecia algo fantástico e desafiador quando ouviu falar dela pela primeira vez, mas estando ali se via que não era nada demais. Por ficar fora do alcance das placas de proteção, corria o risco de encontrar algum espirito de falanges menores, espíritos perturbados que podia oferecer algum perigo, mas que em sua grande maioria possuía mais animalidade do que maldade. Eram perturbados, mas nem sempre maus! Vez por outra eles atacavam algum viajante desavisado, pois sua mente confusa ainda expressavam características animalescas.
Ljon andava na frente da caravana conversando com alguns guardiões. Que nada mais era do que espíritos de grande sabedoria e com muito treino nas artes da energização. Estes espíritos podiam criar verdadeiros escudos refletores em volta da caravana na estrada, Protegendo os viajantes da influencia dos espíritos que por vez pudessem existir nas florestas. Ljon sempre quis conhecer um guardião de expedição, mas nunca conseguiu encontrar um dentro da colônia. Ele viu naquele momento uma forma de conhecer melhor o trabalho dos Guardiões, e resolveu se aproximar. Ele se apresentou aos guardiões e de cara percebeu como os homens e mulheres daquela guilda são pessoas especiais. Era difícil ser um guardião, pois eles estão sempre distantes de casa.
“Sempre há algo em terras distantes que precisamos proteger ou transportar.”
Ljon contou que seu filho havia se tornado guardião e partiu da Colônia um pouco antes de Ljon desencarnar na terra. E que ainda estava se acostumando, que não havia recuperado todas as memorias das antigas encarnações. Ljon de fato ainda estava muito confuso sobre tudo isso. Ele se lembrava de algumas vidas, mas não estava seguro com nenhuma delas. Era como a memoria de quando se é criança, não sabia ao certo se as coisas haviam acontecido do jeito que se lembrava. Ate existiam formas de se recuperar a memoria com 100% de exatidão, mas Ljon não achava uma boa ideia. Ele não estava preparado para massa de informações que aquilo poderia trazer. Soube que esse tipo de coisa só atrapalhava e que tudo deveria vir de forma natural.
E os sábios guardiões escutavam calados os desabafos de Ljon . Ate que um deles disse:
_“Mantenha a mente objetivada! Você quer ir encontrar seu filho? ”
Ljon se espantou. “é possível ir atrás dele, encontra-lo?”
__ Quase sempre as pessoas decidem se aventurar por este mundo tão misterioso, cruel e maravilhoso por um motivo forte como o seu. Eu mesmo decidi virar guardião para salvar um grande amigo de um lugar atormentado chamado vale do suicida. Muitos que nos acompanha também tiveram seus motivos nobres. E é possível que seu filho tenha tido um motivo destes também! Falou um dos guardiões, um baixinho gordinho com ar risonho. E os outros guardiões balançaram a cabeça em sinal de concordância com o colega.
__ Mas para conseguir um lugar numa companhia de expedição é necessário uma habilidade útil. Habilidade está que possa ser usada de forma flexível em muitos aspectos da vida de um guardião.
__ Uma habilidade que possa ser usadas em prol dos seus companheiros e os companheiros que encontrão pelo caminho. Falou uma jovem (a mais jovem do grupo). __Mas vejo que é um curador de emissão não é mesmo? Continue estudando esta área, pois ela é muito útil a todos nós! Completou a jovem, apontando para frente onde se encontrava uma mulher no canto da estrada.
Era uma mulher de meia idade que saiu em busca de seu marido e sua filha. E já estava na estrada a mais de 10 anos. Ela contou que morrera em uma batida de carro e desencarnou junto com seu marido e sua filhinha. Eles estavam juntos, mas quando ela despertou estava sozinha. Ela perambulou por muitos lugares e achou aquela estrada. Seguiu ate a colônia, e ate que ficou durante um tempo por lá. Recebeu as instruções básicas, mas decidiu volta para estrada e desconsiderou o aviso de que sua saída poderia ser perigosa, mas como a lei da colônia não impede ninguém de sair. Ela saiu e acabou se perdendo, pouco tempo depois que abandonou a colônia. A mulher contou que depois de algum tempo procurando acabou encontrando um assentamento, mas as coisas lá eram precárias e decidiu sair novamente. Tentando voltar para a colônia, mas no meio do caminho encontrou seu marido. Acontece que ele estava fraco demais para continuar a viagem de volta. A mulher contou que não havia aprendido a se transportar para a colônia. E por isso a única maneira de voltar era pela a estrada. Para piorar aquele quadro já completamente caótico, os dois foram atacados por alguma criatura que levou seu marido. Ele lutou com o monstro, mas não conseguiu vencer e foi arrastado para o mato adentro.
Ljon comovido com a historia pediu ajuda a Mahin , mas ela disse que não poderiam ajudar. Ele ficou espantado com a resposta, ficou completamente sem ação e realmente não soube o porquê não poderiam ajudar aquela mulher desesperada. Ele fez o que pode, curou o braço ferido da Laura, pois este era o nome que ela se apresentou. E seguiu junto da caravana, mas não conseguiu desviar a imagem do rosto daquela mulher desesperada. Imaginou vários rostos como o dela, perdidos e precisando de ajuda. Aquele encontro mexeu com Ljon . Ele perguntou a Mahin sobre o que poderia ter atacado aquela senhora, Ela contou que poderia ter sido qualquer coisa, Muitas almas atormentadas mergulham tão profundamente em seu tormento. Que durante o tempo vão mudando sua essência. Mahin contou sobre os licantropos e sua historia que remetia aos primórdios da humanidade. Eles eram originalmente uma tribo que viviam na atual Rússia, A cerca de 20 mil anos. Essa tribo cultuavam os lobos e quando morriam sua ligação com os animais eram tão forte que sua psique se moldava em forma de lobo. Muitos eram resgatados daquela obsessão, mas não importava o que fizesse no decorrer das encarnações aquelas pessoas floravam a bestialidade, tanto no mundo espiritual quanto no mundo físico. Essa historia é só uma das milhares, existam uma classe inteira de espíritos que se transmutavam e habitavam lugares trevosos. Lugares que fariam o inferno católico parecer um parque de diversões. O que fez Ljon voltar a pergunta:
__ Porque não ajudamos os que necessitam? Aqui somos anjos para essa gente perdida, como não ajuda-los? Mahin olhou com o canto dos olhos e esboçou um sorriso, mas sem dizer uma palavra.
Aquele trecho da estrada me fez descobrir que existem regras que não concordava, mesmo naquele lugar. Certas regras simplesmente não parecem justas e só são seguidas porque serve de base para algo maior, e tendo meu pensamento critico completo de novo, me fez perceber que havia bastante tempo que eu não me sentia completo.
O dia seguiu e a caravana nos levou a uma cidade que me fez lembrar uma comunidade hippie. Era um espaço enorme, de longe parecia que tinha as mesmas dimensões da colônia. A caravana percorreu alguns quilômetros de florestas ate poder ver a cidade. Ela aparecia no horizonte enquanto a caravana estava descendo uma montanha que era o ultimo obstáculo geográfico entre a Colônia e esta cidade. Ao se aproximar Ljon percebeu que não havia os maquinários de proteção que existia na Colonia. Ali na cidade não existia nenhum aparato tecnológico como os que se via na Colônia, de longe a cidade parecia ser bem vulnerável. Havia uma estrada pavimentada da montanha ate a entrada da cidade. Logo na entrada existia um majestoso e gigantesco símbolo feito em ouro que irradiava uma luz clara e que causava um efeito que na hora não foi identificado, mas que era bem familiar a Ljon . Aquela coisa funcionava exatamente como as maquinas de emissão na colônia. Elas serviam como barreiras, protegendo o lugar da influencia das energias negativas, Tornando o assentamento seguro para quem vivia por lá. Aquela figura circular e com traços em L que se ligavam no interior do circulo, era mesma que apareciam em vários lugares na colônia. Na porta de alguns prédios e mesmo em relíquias antigas espalhadas pelas inúmeras torres da colônia.
__ Mahin , o que é exatamente este símbolo?
__ Exatamente eu não sei, mas sei o que ele faz. Ele Protege!
__ Sim, isso eu percebi! Mas não tem alguma historia referente ao símbolo?
__ O símbolo representa os Quatro pilares da criação, ele representa a continuidade da própria evolução. Tudo que tenta retarda o progresso é afastado, e por isso usamos o símbolo como proteção.
__ Existem muitos símbolos com esse intuito?
__ Achei que você já tivesse encarnado na terra. Não se lembra dos milhares de símbolos existentes por lá?
__ É que ainda não vi o símbolo da coca-cola ou do Macdonald afastar nenhuma alma atormentada.
__ Os símbolos são instrumentos que representam ideias... Quando se está com fome e se vê aquele M da Macdonald, a fome aperta, certo? Quando se quer uma oração a cruz ajuda, certo? E quando se quer proteção.. Usamos este símbolo, certo!?
Mahin terminou a fala com um sorriso convidativo e apontou para o hall de entrada. Eles passaram por uma enorme porta de madeira e adentraram aquela grande cidade.
Lá existiam crianças correndo, pessoas nas ruas cuidado de seus afazeres, havia muitas casas e ate pequenos prédios. Existia uma linha ferroviária que passava pela acidade e ate podia se ver um trem a vapor que cortava o horizonte de longe. Também podia se ver grandes campos cultivando plantações e pessoas e muitos elementares trabalhavam nestes campos agrícolas. E lá se podia ver uma infinidades de criaturas que mais pareciam ter saído dos contos de fadas. Dentre muitas outras bizarrices que não esperava encontrar. Também havia muitos animais naquele lugar, nunca havia visto um unicórnio, mas já sabia da existência deles. Ljon se interessou muito pela fauna extraordinária que se podia encontrar naquele novo mundo.
Há alguns anos, talvez um ano depois que seu treinamento havia começado. Ljon estava observando os jardins da colônia, quando foi surpreendido com a figura de um ser mitológico. Era um cavalo alado com imensas asas. O animal se aproximou de mansinho e começou a pastar grama próximo ao banco em que Ljon estava sentado. Ljon se aproximou daquele animal, tocou em sua pele, passou a mão por suas asas. Ele ficou admirando aquele animal por horas. Ate que de súbito o cavalo saiu galopando e depois voou para fora de seu campo visual. Foi fascínio a primeira vista! Não houve um dia se quer que Ljon não tenha lembrado daquele encontro. Ele leu tudo a respeito dos seres que habitavam aquele lugar. Sua curiosidade fez com que Ljon se empenhasse de verdade. Estudou fisiologia, biologia evolutiva, historia da colonização. Ele estudou tudo que podia, mas existia uma obrigação muito maior a ser cumprida. Seu treinamento exigia muito da sua atenção. Essa condição fez Ljon deixar aquele hobbie de lado. Mas seu fascínio voltou com toda força quando ele avistou o que chamavam de leão rei. Uma criatura mitológica que está encrostada na psique humana. Em todas as sociedades terrenas há o arquétipo da majestade leonina. O leão é arquétipado como uma criatura que inspira justiça graças a este ser mítico. E lá estava ele! Um leão de dimensões gigantescas e que ali dormia serenamente ao sol. Também havia outros animais fantásticos assim como o leão. Alguns dormiam no feno, outros estavam passeando pelas ruas. Havia um elefante branco enorme que tomava banho no lago, uma manada de cavalo alados voando com suas asas brilhantes refletindo a luz do sol. Perguntei a Mahin o que aqueles animais faziam ali? Ela me contou que existe uma classe de “guardiãs animais” estes seres estão tão profundamente enraizados na psique humana que muitas das vezes são cultuadas ate mesmo em lugares onde não existem, assim como na terra. Ljon já conhecia aquela historia, mas deixou para Mahin continuar, pois se havia uma coisa que Ljon aprendera com o tempo.. foi que não sabia de absolutamente nada comparado a Mahin .
_ Estes seres são espíritos no desenvolvimento de sua consciência. Mas que de um jeito diferente dos humanos compreenderam seu potencial. Estes seres diferentes dos humanos aprenderam rápido o sentido da caridade e da benevolência. Eles são muito sábios, se quer saber! Desenvolveu de um jeito diferente a sabedoria, mas não se engane. Há sabedoria neles! Muitos deles vieram com os “exilados” a milhares de anos. Eram animais de estimação lá, naquela terra, Mas aqui eles observaram os Deuses doutrinarem os humanos, e evoluíram também. Se tornaram guardiões dessa nossa espécie e por convivência decidiram nos amar.
__ E eles encarnam? Assim, como nós os humanos encarnam para evoluir?
__ Raramente eles encarnam, mas quando o fazem é para uma missão especifica. E descem como animais. Nós na terra sempre ouvimos uma ou outra historia de um cãozinho formidavelmente inteligente que salvara uma criança, ou um gatinho que parecia purificar todo o ambiente. Não sei se reparou, mas mesmo lá na colônia existem muito animais.
__ Sim, eu percebi há bastante tempo. É na área onde a maioria das crianças recém-chegadas fica né?
__ é sim! Nós todos estamos evoluído. é uma marcha progressiva e incessante, Não é diferente com nenhuma espécie, Alguns animais domésticos também estão quebrando a ligação com a força elementar, assim como os humanos fizeram a muito tempo. É um momento delicado! Nós os humanos estamos tentando nós reunir novamente com essa força primordial, mas Indiretamente influenciamos os animais. E muitos estão totalmente fora de sincronia com a força elementar. Eles estão aprendendo com os humanos, assim como os humanos estão aprendendo com estes animais a como voltar a nós ligar a força. Nós temos muito que aprender!
Disse Mahin , enquanto descia uma colina coberta com uma grama fofa e convidativa.
L
jon sentou naquela colina e observou o lugar, aquilo tudo parecia o Édem bíblico. Leões, homens, unicórnios e todo tipo de criatura fabulosa. Tudo aquilo era surreal demais para alguém com uma mente tão pequena. Ljon aceitou que aquela realidade era realmente muito mais interessante que qualquer outra já criada pela logica. Aquilo tudo parecia uma viagem de acido. E sinceramente ele não queria que onda acabasse.
Mahin seguiu em direção ao que parecia ser o prédio principal. Não era nenhum casebre, mas de nada se parecia com um “prédio” da colônia.
Ljon ficou por um tempo admirando a paisagem ate que decidiu ir onde o Leão estava deitado. Ele era magnifico, gigantesco e seu pelo cintilava uma cor dourada que mais parecia ouro. Em sua testa estava marcado o mesmo símbolo circular que existia nas placas de proteção da colônia e na relíquia que protegia aquele lugar. Ljon acariciou o pelo do animal e imediatamente sentiu uma energia poderosa invadir seu corpo. O leão olhou para ele com um gesto carinhoso, e voltou a dormir. Ljon se afastou olhando fascinado ate que foi chamado por uma menina com aparência angelical, com uma pele cintilante e asas enormes. As asas pareciam ter vida própria, tinha ate reflexo e se movia a sabor do vento. A menina havia materializado asas douradas em suas costas, isso estava claro! Mas Ljon não sabia se de fato ela podia voar e a perguntou:
__ Que asas lindas senhorita, mas elas funcionam?
Ele perguntou se ela de fato podia voar com as asas criadas através de sua psique. Ela respondeu com um sorriso, e para o espanto de um esbabaquecido Ljon , a menina saiu voando e dando cambalhotas no ar.
__ Muito bem, como se chama?
A menina pousou com suavidade e apertando a mão de Ljon, e respondeu:
__ Me chamo Beatriz e você deve ser Ljon , o amigo de Jerome . Estou certa?
__ Jerome , eu não conheço nenhum Jerome ... E foi ai que Ljon o viu! Um Jerome estava com uma aparência mais jovem, mas radiante e forte, assim como nas fotos antigas. Lá estava seu amado Jerome, seu amado avô. Seus olhos se encheram de agua no mesmo instante, e se fosse pra descrever este momento Ljon diria ser um dos mais emocionantes de sua vida! Não importou se havia pessoas olhando, ou se era falta de educação deixar transpassar seus sentimentos. Neste mundo, por uma regra de boa convivência. Era educado manter o controle, as pessoas não precisam sentir o que você sente a todo o momento, e por isso era visto com represaria alguém da posição de Ljon agir de forma tão impulsiva. Acontece que para o coração não existe remédio melhor do que a satisfação, e não existe satisfação melhor que reencontrar uma pessoa amada. O amor se acumulou durante todos esses anos, Ljon como qualquer outro aprendeu a viver armazenando este amor, mas quando viu a oportunidade não se ateve a pequenos detalhes como regras de convivência de uma sociedade utópica. Ljon correu ate o seu amado avô e o abraçou, o apertou como se fosse uma criança. Não pense que ele estava sozinho, pois Jerome fez o mesmo. Ele correu ate seu neto e o abraçou com os braços tão abertos que o choque de ambos o desequilibrou. Ambos caíram na relva macia e rolaram como duas crianças. Aquela cena era de tal sinceridade, tal inocência e honestidade que é bem possível que o próprio “Deus todo poderoso” tenha soltado lagrimas de alegria. O momento durou pouco mais de alguns eternos minutos. A realidade posou sobre eles ao ver que estavam sendo observados por quase todo mundo. Ambos retomaram a compostura, e levantaram do chão com um sorriso de satisfação estampado no rosto. Existam motivos o suficiente para sorrir, pois Ljon procurava seu avô secretamente a mais de Um ano. Cada vez que a procissão dos recém-chegados era anunciada. Ljon se unia aos cidadãos da Colônia e procurava por alguém parecido com seu avô. Procurou informações sobre seu avô assim que pode, assim que os outros parentes foram aparecendo, mas ninguém deu uma resposta satisfatória. Ele só sabia que Jerome havia saído da colônia a cerca de 20 anos, mas não havia nenhuma nota nos registros, ou nada que desse um destino. Ljon já não tinha tanta esperança e nos últimos meses já nem o procurava mais.
__ É verdade o que dizem a respeito do destino e seus caprichos. Quem diria vovô, na minha primeira viagem para fora da colônia e encontraria o senhor!
__ O meu querido Ljon , soube a menos de duas semanas que você estava na colônia. Mandei uma mensagem para Mahin e ela disse que o traria aqui. Devemos tudo a ela, foi ela quem armou tudo isso.
Pela primeira vez desde que conhecera Mahin ele a viu chorar. Seus olhos estavam vermelhos e seu rosto tinha um ar emocionado. E não era só ela, pois todo mundo estava com um sorriso bobo no olhar. Foi ai que ele percebeu o seu campo áureo estava gigantesco, e não era só isso. Tinha se unido ao do seu velho avô, ambos compartilhavam um campo flamante e bem visível.
__ Olha que interessante, nunca havia visto um campo áureo tão intenso. Falou Ljon se virando a sua mestra. Mahin estava parada enxugando as lagrimas, mas com naturalidade olhou para Ljon e respondeu:
__ é a forma do o amor verdadeiro, aquele que descrevemos nos livros. O amor que não pede nada em troca, não tem algemas e nem acordos. Este é o sentimento que todos os grandes profetas aclamaram, essa é à força do amor citado por cristo. Parabéns, pois está é a áurea de Philos!
Ljon e seu avô passaram algumas horas conversando, falaram sobre suas vidas. Ljon contou como foi sua vida na terra, e todos aqueles detalhes, e desastres que é comum compartilharem quando se encontra um amigo neste plano. Jerome falou a respeito de suas aventuras, suas viagens exploratórias, contou que foi chamado para encarnar nas esferas superiores, mas decidiu ficar e ajudar os espíritos daqui. E por ultimo falou de como decidiu construir este lugar! Jerome contou alguns detalhes de sua vida passada, o porquê encarnará, mesmo não precisando. Ljon descobriu que seu avô era uma alma elevadíssima, governava aquele lugar e era extremamente respeitado. Jerome apontou para o majestoso Leão que agora estava sentado olhando para um bando de aves pousadas.
__ Sabe Ljon , seu nome é em homenagem a aquele amigo ali. Nossos caminhos estão entrelaçados a mais de 1000 anos. Ele é o nosso guardião a mais tempo do que posso me lembrar, mas não tenho duvidas que ele lembra.
__ O senhor lembrava-se dele quando encarnou na ultima vez ?
__ Não exatamente, mas sonhava com ele todas as noites. E o chamava de Ljon !
__ O senhor me batizou com o nome de um amigo imaginário? E ambos soltaram uma rizada alta, que incomodou o bando de pássaros e fez aquele enorme Leão olhar com recriminação aos dois.
__ Você já soube de Arthur, né? Ele esteve aqui há alguns anos, está em uma busca perigosa.
__ O que o senhor sabe a respeito desta busca dele ?
__ Sei que existe segredos neste mundo, que não é saudável desvendarem. No começo acreditei que Arthur estava atrás da ciência por trás da siglistica dos exilados. Confesso que sempre nutri certo fascínio por esta ciência, E ate acompanhei Arthur em diversas excursões, Estava com ele ate a mais ou menos 6 meses, havíamos progredido muito, muito mesmo. Hoje compreendo completamente os mistérios por trás da “siglistica”. Mas Arthur foi em busca de outro tipo de conhecimento! Algo que pode ser perigoso, ou maravilhoso, mas não temos nenhum conhecimento a respeito. Eu particularmente confio nele, estou com Arthur há mais tempo que todos. Confio nele!
__ Se o senhor confia, eu também confio! A Mahin disse que vai atrás dele. O senhor sabe onde ele esta?
__ Eu já conversei com ela a respeito, ela não pode ir. É perigoso demais!
__ Assim o senhor me assusta Jerome. Eu não conheço nada deste mundo, mas sei da existência de coisas perigosas.
__ Esquecemos que existem seres superiores a nós, olhando por nós. Tenha fé!
Era interessante observar aquele lugar, pois todos se conheciam a centenas de anos. Os assuntos eram fascinantes, tudo era fascinante e magico. Saber que Mahin e Jerome já foram casado e na ocasião Jerome era a esposa e Mahin o marido. Tudo era posto de ponta a cabeça e simplesmente se encaixava. A vida na terra é extremamente sem criatividade, e isso é bem sabido.
Estávamos reunidos no salão do prédio onde funcionava uma espécie de prefeitura e pessoas não paravam de entrar e sair. Jerome contou que ele era o governante, mas não gostava muito de ficar preso e por isso existiam varias pessoas fazendo pequenos trabalhos internos. Ele criou uma espécie de cooperativa onde todo cidadão exercia seu papel na administração, pois Jerome tinha uma vida agitada e visitava muitos lugares. Ele contou que chegou a visita um dos planetas que compõem as esferas superiores, e segundo ele era um lugar simplesmente fascinante. E foi nesse momento que as pessoas começaram a entra pelo prédio correndo em total desespero. Ao olhar para o rosto de Jerome se via confusão, e percebi que realmente aquilo não era normal. Imediatamente corremos para fora do prédio contra a multidão. Chegando fora e observamos aquela imensa nuvem em formato de cogumelo crescendo exponencialmente destrutiva.
A grande explosão
Existe uma verdade absoluta no extraordinário, existe uma verdade incontestável no singular! Quando se aproxima o derradeiro e crucial, seus sentidos gritam, Sua essência se manifesta, e ate a razão se torna uma presença tangível. Os gritos não se ouvem, sua consciência o abafa.
Mahin viu um clarão tomar conta de tudo. Eles estavam a cerca de 90 km de onde a explosão aconteceu. E ela sabia a posição porque conhecia muito bem o que existia para a aquele lado. No começo sua mente demorou alguns segundos para decidir se aquilo era algo inofensivo, ou devastador. Precisou de mais alguns segundos para decidir se deveria observar ou fugir. Mahin se perdeu em meio ao caos de ideias, se perdeu por segundos no medo, mas ainda assim ela sabia que a expansão de energia faria daquele lugar uma zona fantasma. Temporariamente, não enxergou nada, não ouviu nada, e só sentiu aquela soma extraordinária de energia se aproximar. Ela olhou para Jerome , mas ele estava perdido, sem ação. Sentido que deveria despertar alguma reação. Ela precisava gritar para Jerome, pois os animais estavam tensos. Os animais identificaram perigo, pois era da natureza deles sentir que aquela energia desequilibraria o fluxo daquele lugar. A explosão sem duvidas era danosa, ela precisava fazer alguma coisa. Todos esses pensamentos passaram em 5 segundos, mas não foi rápido o suficiente. Jerome acordou de seu súbito devaneio e subiu nas costas do leão e gritou para Mahin , e apontando para a relíquia. Imediatamente Mahin compreendeu que a única chance de salvar a todos daquela onda de energia era alcançando a relíquia que protegia o lugar. E mesmo não fazendo ideia de qual era o plano de Jerome, Mahin correu em direção ao monumento que ancorava a maior das relíquias. Aqueles segundos poderiam ser decisivos e por isso ela precisava ser rápida. Mahin se transportou para a relíquia chegando segundos antes de Jerome, mas não sabia o que fazer e por isso precisou esperar que ele chegasse para agir.
__ Mahin , acho que é uma bomba atômica. Foi isso que as colônias orientais passaram quando as bombas caíram sob o Japão.
__ O que devemos fazer Jerome ?
__ Vou desenhar uma siglistica protetora sob a cidade. Eu preciso que você canalize energia nessa relíquia. Precisa ser de intensidade absurda! Não sei como você pode fazer isso, mas não há outra pessoa em que eu possa pedir isso. E dizendo isso ele sumiu em direção aos muros protetores em uma velocidade superior a qualquer uma já vista por Mahin . Ela não teve tempo de analisar aquela ideia, foi instintivo e automático. Com suas mãos tremendo ela tirou a relíquia que soltava um fino e vivido feixe luminoso em direção ao céu onde ser podia agora ver uma cúpula se formando, pois as primeiras ondas de energia chegavam à cidade. Mahin se concentrou em compreender a natureza energética emanada daquela esfera, mas era complexa ate mesmo para ela.
Há momentos em nossa “existência” em que precisamos ser o que nós criamos para ser. Passamos a eternidade moldando uma personalidade, moldando nosso caráter, nós aperfeiçoando em uma profissão. Estamos evoluído desde o dia em que fomos criados. Por isso é importante sermos honesto com nós mesmo, é de suma importância sermos honestos com a nossa natureza. Somos únicos e por isso ocupamos um lugar especial na cadeia de eventos do próprio universo. Em algum momento em sua vida, as pessoas a sua volta, ou ate mesmo as pessoas que existem no mundo... Dependerão de você! Quando você é presenteado com a existência, é também exigido que faça o universo continuar a existir! E é assim que vez por outras médicos salvam vidas, bombeiros apagam incêndios e Mahin codifica a energia contida em uma relíquia ancestral.
Mahin sabia que a única forma de codificar aquela “coisa” era se abrindo completamente a aquela energia mística. Ela compreendeu de cara que o momento era crucial, não poderia errar e teria que dá o seu máximo. Foi assim que sem medo ela fez sua áurea crescer de um jeito que nunca havia feito antes. Ela deixou queimar todos os seus sentimentos, todos os sentimentos que guardara ate aquele momento. Cada alegria, frustração, cada momento amável que um dia teve. Mahin precisava canalizar todo medo, toda felicidade todo sentimento que existia em sua psique. O resultado foi uma massiva e forte sensação de poder. Sentimentos são os tijolos que compõem todas nossas ideias, tudo que existe em nossa mente é construído por sentimentos. Entrar em contato com cada um deles, com cada sentimento já sentido em todas as suas vidas... É o mesmo que compreender de forma totalitária a expressão da alma, é o mesmo que compreender totalmente a si mesmo. Nesse momento a esfera brilhou e seu brilho uniu-se a áurea emanada por Mahin. Naquele breve momento a relíquia fazia parte de Mahin. E foi ai que a relíquia deixou de ser apenas um objeto e se tornou parte dela. Todos os segredos foram totalmente revelados. E havia muitas informações encrostado em sua essência, habitando o interior, e que só era acessível aos que se permitiam. Mahin intuitivamente procurou pela informação mais útil. Ela achou uma forma de fortalecer a cúpula, que agora ganhou uma aparência quase solida, e pela primeira vez Mahin percebera oque Jerome fazia. Era uma siglistica tão arcaica quando a existente na relíquia. Agora Mahin compreendendo a natureza daquelas linhas, compreendeu também o plano de Jerome. O plano era simples, pois enquanto a relíquia protegeria a cidade. A siglistica que estava sendo produzida por Jerome absolveria parte da energia que a cúpula de proteção desviasse. Isso faria com que a onda de energia fosse sugada para a própria relíquia. Diminuindo o risco da onda de energia atingir os portões da colônia. Agora mergulhada na energia emanada da relíquia, Mahin compreendeu melhor a ciência da siglistica, e assim descobriu que aquela explosão não poderia ser culpa de alguma arma terrena, mas era fruto de algo muito mais preocupante, era algo que envolvia outras relíquias.
A onda de impacto não foi suave, era de fato uma força devastadora, mas como era esperado, foi desviado pela cúpula protetora. Mahin ainda envolvida com a energia emanada da relíquia sentiu todo impacto causado pela primeira onda de energia. Sentiu a forte pressão que se concentrava envolta da cúpula e direcionou tudo aquilo para dentro da relíquia. A siglistica desenhada em volta da cidade era como um dreno que direcionava as ondas energéticas para dentro da relíquia. Mahin por está ligada ao objeto absorveu parte daquela energia caótica e por mais que seu conhecimento recém-adquirido a mantivesse segura. A sua estrutura corpórea não suportou o impacto. Mahin foi jogada para longe enquanto a relíquia começava a girar em grande velocidade. E enquanto caia o mundo passava lento e suave ao seu redor, enquanto caia ela via toda sua vida. Se não soubesse que estava morta, Mahin acreditaria está morrendo, mas era impossível morrer... Ou não era? Não se sentiu agonizante, nem mesmo assustada. Só havia paz! Sabia que fizera o grande trabalho da sua vida, salvou quantas pessoas podia e era isso que fizera todo este tempo. Cumpriu mais uma vez com o seu dever, e se tudo que precisasse fazer fosse aquilo, ela fez muito bem feito. Mahin sentiu o aconchego acolhedor que só existe no inconsciente arrebata-la, mas não podia se dá por vencida, pois existia um mundo fabuloso a descobrir. No meio de uma infinidade de sentimentos ela mais uma vez ouviu a doce e divina voz serenidade. E aos poucos sentiu seu corpo encher de uma pura e suave energia... Ate que só sobrou a sua essência. Mahin deitada no chão sentiu todo aquele pulsante mundo se afastar, ela olhou para o céu multicolorido e deu o seu ultimo sopro naquela existência.
O olhar de quem Vê
Ljon esta sentado à mesa quando sentiu uma certa angustia. Ele a ignoraria rapidamente, como muita das vezes fizera quando era tomado por alguma estranheza que aquele mundo muitas vezes despertou, mas a sua angustia foi somada aos gritos desesperados de toda a população da cidade. Ao ouvir a gritaria Ljon olhou diretamente pra Mahin, assim como um bebê procura na expressão facial de sua mãe a resposta para qualquer reação. Ljon tinha Mahin como um termômetro para a normalidade! Acontece que naquele momento para o espanto de Ljon , Mahin expressa uma face tensa.
Os acontecimentos a seguir foram uma soma do insólito com desesperador! Para começar tanto Mahin quanto Jerome correram desesperadamente para fora do prédio, e Isso fez com que Ljon também levantasse desesperado do banco em que estava sentado, e lutasse para conseguir acompanhar o resto do grupo. Ao contrario de Ljon , havia uma multidão tentando entrar no prédio. Ao chegar à rua o grupo se deparou com um céu completamente tomado por uma nuvem assustadora, e com um desesperador formato de cogumelo. Parecia que alinha do horizonte havia se destorcido e sido preenchida com chamas roxeadas, que flamulavam, e se aproximavam com uma velocidade incalculável. Ljon ficou esbabaquecido durante segundos intermináveis que o deixaram completamente apavorado. E sendo despertado daquele estado com um grito de Jerome para Mahin , dizendo que aquilo poderia ser de fato uma bomba nuclear. O mesmo Jerome que sem esperar por resposta montou em um leão e correu em uma velocidade sobrenatural em direção a muralhas da cidade. Ainda (de um jeito quase magico) gritando para Mahin sobre alguma coisa com relação a relíquia. Pela posição alta em que ele estava com relação a toda a cidade, Ljon podia ver claramente o que ocorria abaixo dele. Uma infinidade de pessoas corria em direção aos prédios, outras simplesmente desapareciam! Esses possivelmente estavam se transportando para a colônia. Os guardiões corriam em direção ao centro da cidade onde se acumulava a maior parte das pessoas, e ao chegar lá faziam com que elas também sumissem. Ao que parecia os guardiões podiam transportar um grande numero de pessoas, mas aos que ficaram procuravam a salvação dentro dos prédios. Um dos guardiões gritou com uma voz extremamente alta para que as pessoas fossem para dentro dos prédios que eles protegeriam a todos. Ao fundo Ljon viu uma revoada incalculável de animais voando, pois ao que parecia tudo que era vivo tentava fugir! O horizonte ficou escuro, era uma soma de todos os animais que voavam, e eles disputavam espaço em um céu multicolorido. No meio da cidade se via uma forma esférica e brilhante levantar voou junto com sua amiga Mahin, que estava igualmente brilhante. Nessa altura o próprio Ljon temeu por sua vida, pois seja lá o que estivesse acontecendo era de extrema gravidade. Acontece que sua mente avida por observar, não fez com que ele pensasse em fugir!
Ao olhar novamente para os muros da cidade Ljon viu um ponto dourado, rápido e correndo, deixando um rastro profundo para trás. Ljon identificou como sendo o leão com Jerome montado em sua garupa, fazendo uma espécie de marca no chão. Ao que parecia Jerome estava desenhando uma espécie de circulo envolta da cidade, e quando menos esperava ele pulou para dentro dos muros e começou a fazer o mesmo com toda a cidade. No final ele havia feito um desenho no solo de toda a cidade, de proporções perfeitas. Que imediatamente começou a brilha emitindo uma forte luz azulada, emanando a mesma vibração que se podia sentir daquela relíquia que Mahin segurava no alto da cidade. A primeira onda de energia chegou ate a cidade, e mesmo com todos os esforços de seus amigos, ela veio devastadora!
Ljon sentiu como se uma força invisível o jogasse para trás, ele já estava treinando a anos para se controlar nos mais diversos tipos de ambientes. Mas aquilo era de proporções cataclísmicas. Sentiu a segunda onda, era uma forte sensação de ardor. Tentou levantar, mas a luz que emanava do centro da cidade também o pegou com força. Ele sentiu a presença de Mahin em seu peito, sua energia havia se misturado com a energia que era emitida pelo objeto, como se sua essência estivesse sendo pulverizada pelo o ar. Ele se desesperou com a ideia de sua amiga está sofrendo e tentou levantar, mas não tinha forças. Ljon viu uma cúpula forma-se em volta da cidade e de repente toda aquela energia devastadora começou a ser sugada pela relíquia. Era como se o proprio céu fosse atraído para dentro de um objeto do tamanho de uma bola de futebol. Acima das nuvens se formou um gigantesco rodamoinho. Aquilo era como um furão invertido sugando tudo que estava pela frente e nada escapava.
Protegido ela cúpula, os que estavam dentro da cidade conseguiram enfim respirar, mas quando Ljon voltou à razão viu o corpo estirado de sua amiga no chão. Desesperado Ljon levantou e correu ate Mahin , mas foi impedido por um dos guardiões que o arrastou de volta para o prédio. Gritando e desesperado ele foi conduzido à força para dentro de uma barreira de energia praticamente solida, não podia fazer nada só observar. Viu quando Jerome chegou ate Mahin , e quando a transportou para algum lugar. Ele ficou lá, vendo sem poder fazer nada, preso e incapaz de reagir.
Assistir a uma tragédia é fazer parte da vida como espectador, é ser incapaz de interagir com o destino, mesmo estando diante dele. Existem poucos males na vida que se prolonga.
A maioria dos ferimentos ou te mata, ou se cura. Menos os que ferem o coração, pois estes machucarão você para o resto da eternidade.
Ljon viu tudo! Viu e ouviu a explosão junto com todo mundo, estava lá quando a multidão apavorada fugiu ameaçada, viu as tentativas de minimizar a tragédia, olhou para o céu quando a própria natureza decidiu fugir. Viu os seus amigos agirem como heróis, e viu quando a mais querida das suas amizades caiu ao chão. Ljon chorou ao ver o ato de bravura de sua amiga, o ato de amor, de sacrifício. E Ljon também estava lá quando as divindades desceram de um céu encandeceste e limparam o mundo de toda aquela bagunça. É claro que eles desceram e resolveram, mas porque não fizeram antes? ele se perguntou! Ljon nunca orou a nada, mas depois de tanto tempo naquele lugar, ao ver sua amiga sofrendo, a única coisa que ele pode fazer foi orar! Mesmo compreendendo que para tudo existe um motivo, mesmo sabendo que as razões possuem razões, e mesmo com todo esse falatório infernal que bate em nossa consciência quando a única coisa que queremos é que tudo volte a ser como era. Mesmo assim, Ljon não parou de olhar, porque ele precisava ver para crer!
Seres com poderes divinos desceram no centro daquela cidade arrasada, e fizeram sua amiga voltar à vida, Mas não só a despertaram, como uma presente justo por ter salvado todo mundo. Eles a queriam para ele! Como se fosse isso que ela quisesse, como se ela quisesse ir com eles.
Os espíritos das esferas superiores desceram no mundo como abelhas saídas de uma colmeias. Primeiro parecia que nuvens compostas por luzes brancas desciam dos céus, vindas de todas as partes, as luzes chegavam e toda aquela confusão de energia se dissipava. Ao chegarem ao solo, se materializavam. Eles eram belos, como anjos, viam como cavalheiros salvando a todos. Mas quem estava lá sabia, os que salvaram o dia não viam de outro mundo. Os heróis daquele dia estavam bem ali, eram conhecidos de todos. E um deles havia sofrido tanto, que caíra desanimado e seriamente ferido. Eles salvaram Mahin , isso fez Ljon agradece-los. Mesmo de longe, mesmo confuso! Ele sabia que suas preces haviam sido respondidas, mas qual o preço?
Mahin estava agora sendo carregada para o alto, voando em direção aos céus.
_Mahin se juntou a eles? Era o que dava a entender! ela foi promovida? Mahin agora está nas esferas superiores, seria tudo digno de comemoração... Isso se ele não conhecesse sua amiga. “Ela queria encontrar seus filhos, ela queria encontrar o meu filho!” Pensou ele... Mas seu ato era de uma bravura incontestável, era de uma grandiosidade que não poderia ser deixada naquele mundo. Mahin foi levada porque era boa demais para ficar com todos os outros. “Nós não a merecíamos!” Mas seu desejo de nada valia não é mesmo? Deve ser muito ruim ser tão boa, pois despertou o interesse de seres dos quais ela não podia fugir!
A evolução é um caminho sem volta, talvez por isso demoremos tanto a evoluir.
Ljon viu tudo de longe, incapaz de chegar perto. Estava muito machucado e aquela energia lesionou a todos. Os acontecimentos lesionaram a todos. E agora ele perdera sua amiga, mesmo sabendo que ela foi para um lugar melhor. O sentimento era de perda, assim como na terra. A despedida é sempre dolorosa, não importa para onde achemos que eles estão indo... A dor é de quem fica, e mais uma vez Ljon estava só!
Promessas aos amigos
O mundo se torna dormente após um grande abalo emocional. Talvez o motivo seja a própria capacidade do cérebro de superar problemas, pois há problemas que exigem demais de nossas mentes e muitas das vezes ela precisa operar em modo de segurança para que o individuo não entre em colapso. A perda de alguém que amamos é sem duvidas um tormento silencioso, e os seres normalmente sabendo de sua vulnerabilidade expõem sua ferida esperando que alguém a cubra, alguém a trate. Mas também existe aquele que por está acostumado com a dor, por ter tantos calos da vida, aprendeu que toda dor passa. Estes não fazem alarde quanto a sua enfermidade. Estes últimos estão em maior perigo, pois a ferida causada pela “perda” quase sempre envenena a alma. A ferida quase sempre deixam marcas incuráveis, e a dor é pra o resto da eternidade.
Os dias que seguiram aos acontecimentos deram a Ljon uma nova perspectiva de vida. Ljon compreendeu que a própria “existência” é a causa de todo o sofrimento. A estrada da evolução sempre cobrara algo daqueles que por ela caminha, e o valor quase sempre é muito alto.
A vida de Ljon seguiu como haveria de ser, pois ir em busca do desconhecido é o que nos faz seguir em frente! Houve muita destruição e lamento, houve os que enlouqueceram e os que só seguiriam enfrente. Muitos se perderam, pois não suportaram a vida sem os seus entes amados. A natureza daquela “energia devastadora” mexia com o equilíbrio do mundo inteiro e isso fez com que a maioria das pessoas que estavam “vulneráveis” (estava fora dos muros de proteção) fosse jogada para lugares distantes. Não era fácil voltar para a colônia, ou qualquer cidade que fosse naquela dimensão. Não existia uma rodovia que te levassem direto, as estradas apareciam de acordo com sua vibração e o caminho estava sujeito à mudança. Era fácil se perder quando se esta fora da colônia, e essa era uma informação bem popular. Não demorou muito tempo para natureza da “explosão” começar a ser debatida. Era vital para todas as pessoas que aquilo não voltasse a acontecer.
Reuniram-se muitos intelectuais exploradores, e governantes para debater sobre o acontecido. Havia muitas hipóteses sobre o assunto, e até equipes de pesquisas foram destinadas ao epicentro da explosão para encontrar uma resposta satisfatória! Não demorou muito para que a resposta fosse encontrada. No instante em que Jerome sentiu o conteúdo caótico daquela onda de energia, ele suspeitou que tinha haver com as relíquias. E essa informação despertou uma espécie de curiosidade em massa nas pessoas comuns. Houve uma assembleia onde muitos pensadores pediram ajuda aos espíritos das esferas superiores, estes confirmaram a suspeita. Jerome se tornou a referencia quando o assunto era siglistica, não existia alguém que soubesse mais deste assunto que Jerome em toda aquela dimensão. E por isso foi convidado a palestrar a respeito. Ate mesmo Ljon foi convidado a discursar na assembleia, pois foi testemunha dos acontecimentos daquele dia. Tudo aquilo se tornou complexo porque a maioria das pessoas estava dividida entre o temor e o fascínio quando o assunto era a energia siglistica.
Ljon esteve com Jerome logo após ele ter alta do centro medico. Eles mantiveram contato todos os dias, pois Jerome decidiu voltar para a colônia. Jerome compreendeu que a natureza da siglistica não podia ficar escondida no passado. Era o seu dever passar a adiante, e então resolveu lecionar tudo que aprendera sobre aquela ciência. Suas turmas eram muito disputadas, chegou a ser difícil para o próprio Ljon ter tempo para conversar com Jerome . Por algum motivo os dirigentes da justiça da colônia resolveram dar a Ljon a casa que foi de Mahin . Eles disseram que Ljon era o mais próximo de família que Mahin havia tido em anos. Mahin ganhou status de santa, pois ela fez o “sacrifício” e este tipo de gesto era visto como exemplo de divindade. Existe uma relação estreita entre os seres das esferas superiores e este tipo de martírio. Para Ljon não foi nada belo, não era algo a se vangloriar! Mahin não sabia o que estava fazendo, ela não queria nada daquilo. Mahin desejava ver seus filhos pela última vez, ela era simples, ela amava sua colônia. Ir viver nas “esferas superiores” seria um tormento a Mahin que ele conhecia. Ela não queria nada daquilo!
Os dias foram passando e o sentimento de Ljon sobre aquele episódio se tornou cada vez mais sombrio. Ate que um dia Ljon questionou Jerome a respeito de tudo aquilo, e por mais que Jerome tivesse um comportamento escorregadio quanto a assuntos daquela natureza, dessa vez ele simplesmente concordou. E respondeu de uma forma a fazer o próprio Ljon refletir! Jerome disse que o futuro trás oportunidades que nem sempre são calculadas, e a felicidade mora no inusitado. Jerome completou dizendo que Mahin sofreu durante 60 anos por esperar, ela sofreu por aguardar algo que inexplicavelmente nunca aconteceu. Talvez fosse da sua vontade intima parar de esperar! Ljon entendeu o que Jerome quis dizer, pois era a verdade. Mahin sofreu durante uma eternidade, e talvez não fosse possível obter o que queria. O destino criou uma alternativa para aliviar sua dor. É triste saber que existe coisas que talvez nunca consigamos.
Ljon não demorou a voltar para seu trabalho na casa de saúde, ele era realmente um medico fantástico.
O tempo passou e um belo dia Ljon foi chamado a um local conhecido como jardins dá temperança. Esse local era conhecido como sendo um dos poucos lugares onde os espíritos das esferas superiores podiam se materializar. Ao chegar lá, Ljon se deparou com sua amiga de braços abertos em um gesto de saudação.
__ Mahin como você está magnifica, e como sinto sua falta minha amiga!
__ Eu também sinto sua falta meu amigo. Te observo como uma mãe zelosa vigia seus filhos.
__ então quer dizer que anda me espionando? Mas me conta como é a vida nesse mundo em que você esta?
__ Como sempre, você e suas perguntas... Eu vou muito bem! As “Esferas Superiores” são extraordinárias! Estou muito contente com seu progresso Ljon, não consigo ver nem uma sombra daquele velho ranzinza. Embora suas chatices tenham me deixado mal-acostumada, não existe ninguém nas esferas superiores para eu corrigir. (risos)
__ Esse mundo está tão sem graça sem você Mahin, agora quando quero uma resposta tenho que procurar na biblioteca. (risos)
__ Meu bom amigo Ljon , eu temo por nosso Arthur. Essas forças das quais ele anda mexendo, estão causando muitas perturbações nesse mundo. A explosão foi uma desses amargos infortúnios.
__ Então Arthur foi o culpado por essa explosão que causou a seu arrebatamento?
__ Arthur se comprometeu a abrir o portal para o novo messias. Existe uma falange de espíritos malignos que estão caçando Arthur, o nosso menino é bem intencionado, muito corajoso, e nada de ruim que aconteceu foi culpa dele. Mas o simples fato de alguém com o nível dele fazer algo tão grandioso, já desperta o interesse de seres dos quais não queremos por perto. Eu preciso que você se fortaleça, preciso que você vá à busca de Arthur, Ele está tentando voltar, mas o fardo é pesado. Arthur está com algo muito valioso em suas mãos. Ele e todos vocês correm perigo!
__ Mahin como eu posso ajudar? Não sou nada além de um mero curador, e não tenho nenhum dom especial.
__ Você tem uma ligação especial com Arthur da qual transcende as dimensões. ligação a qual conheço bem, pois eu também tenho! Ela será a sua bussola, siga o seu coração e ele encontrar o caminho.
Aquele encontro com Mahin deu um novo motivo para a vida de Ljon . Já fazia muitos anos que ele estava na colônia e naquela altura ele não possuía muitos interesses particulares, Mas aquele encontro realmente mexeu com ele. Ljon ingressou em treinamentos para se aperfeiçoar siglistica, e não demorou muito para se tornar referencia arte de fazer desenhos mágicos como ele mesmo chamava. Ljon se tornou um guardião renomado e a cada viagem ele procurava por pista de onde Arthur poderia está. Certo dia foi dado a Ljon um presente, uma visita a terra. Ele pode ir à terra dos encarnados, pode ver seus netos agora já crescidos. Pode ver novamente sua filha que de alguma forma sentiu a presença de seu pai. Ljon ficou surpreso ao ver a “carta” se tornar um livro com uma bela foto de capa. Aquela carta que havia escrito logo antes de desencarnar, agora era um livro com um titulo curioso “O despertar de um Sonho Eterno”. Ljon visitou o hospital onde sua amada esposa estava internada, agora já uma idosa. Ele ficou com ela, pois esta era a sua missão na terra. Conduzir sua ex esposa para os campos elísios. Assim como seu amado filho Arthur fizera com ele há muitos anos atrás. Ele estava lá quando ela fez a passagem, foi um momento belo e sereno. Ljon não viveu muito bem na terra, pois sua vida foi amarga. Ljon aprendeu a viver no mundo, entre mundos.
Fim da segunda parte.
Entre deuses e Homens
Terceira Parte
Arthur estava completamente exausto, suas forças haviam terminado a quilômetros atrás. Não sabia como poderia escapar daquela energia maciça que os perseguia, pois para onde olhava existia uma entidade maligna se aproximando. Arthur só tinha a relíquia da destruição, mas conhecia bem o perigo que aquele artefato causaria.
Ele levava em seu colo um deus em forma de criança, um deus para ser a guia de uma nova era. A era de aquários estava prestes a começar e a nova messias precisava encarnar.
__ Senhores! Espero não causar incomodo aos que não merecem, mas os senhores vão assistir a mais uma explosão...