(foto google)
BEBEDEIRA DE AMOR
Eu sorvi cada gole e balbuciei preocupada:
_ Ah! Eu não quero me tornar uma viciada.
A outra em mim, metida a 'santinha do pau oco'¹; logo se intromete:
_ Acontece que já és uma dessas.
Com a língua meio mole, falou novamente a 'devassa':
_ Vê se me deixe em paz! Então não sabes que adoro meus solilóquios²?
_ Embriagar-se 'assim' pode ser perigoso'. Pensas que é um vício consentido?
_ Óbvio que sim, é o que eu penso; e tu sabes muito bem.
_ Compreendo que 'amar nunca é demais'; todavia, considerando que 'todo excesso é prejudicial'...
_ Aff! Lá vem você de novo com suas vãs filosofias.
Nesse instante, quase enlouquecemos - ambas -, pois os tímpanos não conseguiram bloquear o seguinte melody que alguns chamam de música: "Você é o meu vício, meu vício, meu vício ..."
_ Quando se dá excesso de amor ao outro, pode-se cometer suicídio das próprias escolhas e decisões.
_ Contudo, continuarei bebendo altas dosagens, até ficar amor(tecida)
_ Ah! É! Então, bebas! Bebas até perder o sentido.
E assim, passou o tempo e tontos e tontas, acabamos nos impregnando daquele lixo e repetíamos: "Você é o meu vício, meu vício, meu vício ..."
Madalena de Jesus
¹* Santinha do pau oco => é uma expressão popular utilizada no Brasil para designar pessoas dissimuladas, cuja origem mítica é derivada de aspectos históricos. Segundo o imaginário popular, o santo do pau oco era, nas regiões mineradoras brasileiras e durante o período colonial, um símbolo do contrabando do ouro em pedra ou pó ou de diamantes, ou seja, as imagens devocionais eram utilizadas como esconderijo aos olhos do fisco. Governadores, escravos e clérigos estavam envolvidos nesse tipo de contrabando. Essa versão é tida como lenda, assim como muitas histórias em Minas derivadas desse tipo de imagem, com pouca comprovação dessa utilização. Provavelmente, esse tipo de imagem era feito pelos mesmos motivos que na Europa, onde, desde a Idade Média, as esculturas em madeira eram escavadas para que as peças rachassem menos e ficassem mais leves.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Santodopauoco
²* O solilóquio => é um termo de procedência latina, com o sentido de ‘falar sozinho’.
É uma técnica frequentemente usada em romances ou nos palcos teatrais. Enquanto no monólogo interior a personagem se dirige ao leitor ou ao espectador, no solilóquio o enunciador dialoga consigo mesmo ou com a sua alma, com a diferença de que seus pensamentos não se resumem ao plano de sua consciência, como em um monólogo interior, e sim os enuncia em voz alta, como se diante de outrem, embora ignore tal presença.
No monólogo interior as expressões orais estão restritas ao nível subconsciente, portanto elas são emitidas irracionalmente, sem lógica alguma; os sentimentos jorram desprovidos de qualquer coerência. Contrário a este recurso, o solilóquio é organizado segundo padrões lógicos e com nexos racionais, mesmo que os pensamentos procedam de uma fonte psíquica e não do plano da razão.
Monólogos e solilóquios têm em comum o fato de os pensamentos e emoções partirem de um único ser, ou seja, a fala se resume somente a ele, portanto não há interlocutores que dialogam, mas sim uma criatura que derrama nas páginas de um a obra (mais presente em romances) ou em um palco, as suas ideias e sentimentos.
Não há mediações entre o escritor/ intérprete e o leitor/ público. Há uma interação direta entre eles, quando a consciência de um se abre diante do outro, permitindo que os ouvintes ou leitores tenham acesso completo ao que lhe passa na alma. O narrador, sempre na primeira pessoa, direciona seu discurso ao outro como se estivesse conversando com alguém que o tempo todo permanecesse em silêncio, embora nesta técnica seja permitido transmitir tudo que a mente elabora.
Neste recurso dramático e literário o personagem verbaliza, portanto, na primeira pessoa, o fluxo que emana de sua consciência. Literariamente este termo foi consagrado por Santo Agostinho na sua obra ‘Líber Soliloquium’, na qual o filósofo procura insistentemente por um meio de comprovar a existência do Criador, através de ideias e raciocínios de alta erudição.
Esta técnica é muito utilizada no teatro, em animações, filmes, na poesia, na ficção, e em óperas, sempre que uma ária desempenha o mesmo papel que um monólogo ou um solilóquio nos palcos. No século XX estes recursos tornam-se frequentes nas obras literárias. O solilóquio também era comum nos séculos XVI e XVII, especialmente nas produções de Shakespeare, e de Gil Vicente, particularmente em sua Farsa de Inês Pereira, que justamente inicia com o uso deste recurso pela protagonista.
Na literatura atual, pode-se citar o clássico exemplo da autora Clarice Lispector, em seu livro O Coração Selvagem. Em seu solilóquio observam-se a clareza, a lógica, o nexo entre as partes e até mesmo a possibilidade de traduzir a descrição de uma paisagem.
Fontes:
http://recantodasletras.uol.com.br/teorialiteraria/398133
http://pt.wikipedia.org/wiki/Solilóquio
http://www.infoescola.com/comunicacao/soliloquio/analuciasantana
No monólogo interior as expressões orais estão restritas ao nível subconsciente, portanto elas são emitidas irracionalmente, sem lógica alguma; os sentimentos jorram desprovidos de qualquer coerência. Contrário a este recurso, o solilóquio é organizado segundo padrões lógicos e com nexos racionais, mesmo que os pensamentos procedam de uma fonte psíquica e não do plano da razão.
Monólogos e solilóquios têm em comum o fato de os pensamentos e emoções partirem de um único ser, ou seja, a fala se resume somente a ele, portanto não há interlocutores que dialogam, mas sim uma criatura que derrama nas páginas de um a obra (mais presente em romances) ou em um palco, as suas ideias e sentimentos.
Não há mediações entre o escritor/ intérprete e o leitor/ público. Há uma interação direta entre eles, quando a consciência de um se abre diante do outro, permitindo que os ouvintes ou leitores tenham acesso completo ao que lhe passa na alma. O narrador, sempre na primeira pessoa, direciona seu discurso ao outro como se estivesse conversando com alguém que o tempo todo permanecesse em silêncio, embora nesta técnica seja permitido transmitir tudo que a mente elabora.
Neste recurso dramático e literário o personagem verbaliza, portanto, na primeira pessoa, o fluxo que emana de sua consciência. Literariamente este termo foi consagrado por Santo Agostinho na sua obra ‘Líber Soliloquium’, na qual o filósofo procura insistentemente por um meio de comprovar a existência do Criador, através de ideias e raciocínios de alta erudição.
Esta técnica é muito utilizada no teatro, em animações, filmes, na poesia, na ficção, e em óperas, sempre que uma ária desempenha o mesmo papel que um monólogo ou um solilóquio nos palcos. No século XX estes recursos tornam-se frequentes nas obras literárias. O solilóquio também era comum nos séculos XVI e XVII, especialmente nas produções de Shakespeare, e de Gil Vicente, particularmente em sua Farsa de Inês Pereira, que justamente inicia com o uso deste recurso pela protagonista.
Na literatura atual, pode-se citar o clássico exemplo da autora Clarice Lispector, em seu livro O Coração Selvagem. Em seu solilóquio observam-se a clareza, a lógica, o nexo entre as partes e até mesmo a possibilidade de traduzir a descrição de uma paisagem.
Fontes:
http://recantodasletras.uol.com.br/teorialiteraria/398133
http://pt.wikipedia.org/wiki/Solilóquio
http://www.infoescola.com/comunicacao/soliloquio/analuciasantana
NOTA IMPORTANTE: Apesar de que beber poder ser considerado por muitos como um hábito social inofensivo, sabemos que se exceder com o álcool pode -se trazer graves consequências para a saúde de quem bebe e para a de terceiros. Nem sempre o álcool sobe para a cabeça nos momentos oportunos, por isso, é importante, ou melhor, imprescindível,, que se for beber que seja de forma responsável para assim evitar prejudicar não só a sua saúde, mas também a de outras pessoas. Além disso, caso tenha bebido em excesso lembre-se de não dirigir nunca, ao invés disso deixe um familiar ou um amigo o ajudar levando você para casa são e salvo.