O Tempo e o Vento

Um dia eu estava assentado em minha sala

quando me veio ao pensamento escrever um conto.

Pensei afinal em personificar o tempo e junto com ele o vento.

O tempo existe desde que o mundo foi criado.

O primeiro a fazer uso dele foi o próprio "Criador".

Na companhia do tempo encontrava-se também o vento.

Olhando melhor para o tempo pude ver um jovem alegre

cheio de vida vestindo uma bela roupa branca que não tinha

nenhuma mancha e dava ao jovem um ar de onde dele parecia

emanar uma calma que revelava toda tranquilidade no rosto

de traços delicados e cuja pele era branca como de um homem

europeu. Ele chegou perto de mim e foi dizendo:

_ Bom dia homem da terra.

A voz dele trouxe-me uma paz ao espírito.

A seguir ele continuou dizendo:

_ Apresento-lhe o meu bom amigo o vento...

Apontou para um outro jovem ao seu lado.

Ele usava um camisa e calca cor azul celeste e tinha cabelos

loiros cujas mechas balançavam caídos sobre a testa sem rugas.

O jovem cumprimentou-me com um aceno de cabeça e fiquei

imaginando o que ambos vieram fazer ao me procurar.

O tempo falou assim:

É a primeira vez que venho falar com um ser humano...

O motivo de nossa vinda até a ti é para mostrar-lhe o tempo

de todos os tempos por onde sopra o vento...

_ Qual a razão escolheram a mim?

Fiz a pergunta meio surpreso com o que o tempo havia dito.

A infinitas eras o ser humano vive sem importar com tudo que

de fato acontece no seu planeta terra e o vento vai soprar

sobre ti a visão de todos os caos ainda por vir...

Olhei para vento e ele sorriu assoprando em minha direção.

No mesmo instante vi o tempo do tempo de todas as coisas

acontecendo e minha surpresa maior foi ver a devastação do

nosso mundo inteiro.

Ouvi a suave calmaria do vento dizendo:

_ Não se abale porque sopro sobre ti a brisa da suavidade e

se sentirá seguro por meus braços fortes...

O vento assoprou de novo e vi a morte de todos os seres em

poucos segundos de modo que na terra só restou desolação

e uma imensa vastidão de solidão onde o deserto estava cheio

de ossos espalhados que pertenciam a todas as criaturas que

foram vivas durante os anos e eras existentes.

Cada assoprar do vento me mostrava a face de cada ser humano

que havia já existido e entre eles vi os meus ancestrais cobertos

de muito sangue derramado por eras afora.

O tempo disse:

_ Agora você conhece o fim de todas as coisas...

_ O tempo do tempo de seu tempo está por fim chegando...

_ Revele a todos os humanos o que de fato há de suceder e

talvez se prolongue o tempo do tempo para que o homem mude

e tudo continue seguindo completo tempo determinado...

O vento assoprou de novo e vi que ele e o tempo juntos foram

para o lugar onde ambos moravam.

Depois disso comecei a escrever e saiu este conto.

( JACQUES CALABIA LISBÔA )

BELO HORIZONTE, 15 DE ABRIL DE 2016. MG