Uma simples mulher
Decidiu aventurar-se em outros corpos. Buscava a mulher ideal. Aquela que o deixasse loucamente apaixonado. Não importava-se com os sentimentos daquelas que usava. Queria viver uma paixão e sabia que quando encontrasse a pessoa certa ele mudaria.
Chegou exausto do trabalho, colocou sua pasta e tirou seu paletó, tomou seu banho demorado enquanto pensava onde ir naquela noite. O telefone toca e um amigo o chama para sair. Era apenas um barzinho, com algumas mulheres dançando por alguns trocados. Chegando lá a música era contagiante e sem que ele percebesse seu corpo estava vibrando e dançando ao ritmo da música. Sentou-se próximo à pista de dança e de relance viu uma moça tomando uma vodka. Voltou-se novamente e ficou a observá-la. Ela era muito elegante e bonita. Seus olhos não conseguiam desviar da bela moça que olhava para os casais dançando.
De repente a música eletrônica deu espaço a uma música romântica e envolvente. Ela desviou o olhar da pista e agora parecia melancólica e irritada. A música feria seus ouvidos e a machucava por dentro. Chorava baixinho, soluçava.
Vendo aquilo ele resolveu ir até ela. Perguntou se podia sentar ao lado dela. Ela nada falou e ele entendeu o seu silêncio como uma afirmativa. Ofereceu-a seu lenço para que enxugasse suas lágrimas, ela gentilmente aceitou e sorriu. Depois de alguns minutos ele a chamou para dançar. Ela até que tentou dizer não, mas o sorriso do rapaz não deixou que ela negasse o pedido. Agora ela estava sorrindo e conversando. Falando sobre sua vida e sentimentos, para um rapaz que ela mal conhecia, mas aquilo não tinha importância naquele momento. Ela estava tão bem e ele...
Ele estava confuso, talvez a bebida o tivesse deixado assim. Mas não! Não foi apenas a bebida, mas o sorriso tímido levemente triste e o olhar da moça deixaram-no por um instante trêmulo. Ele não estava apenas desejando-a, de repente ele queria mais, queria-a só para ele.
Depois de horas dançando sem perceber que o tempo passava eles pararam. Sentaram-se à mesa e ela meio tonta disse que tinha que ir embora. Ele ofereceu carona, era muito tarde e não se via sinal de táxi, muito menos de ônibus, a rua estava deserta. Ela hesitou por um instante, mas percebeu que não havia outra opção a não ser aceitar a carona do rapaz de sorriso encantador. Ele abriu a porta do mercedez, mas ela nem notou o carro, como também não notara as roupas caras e finas dele. Estava com sono e vivia um turbilhão de emoções que a confundiam
Ela adormeceu no banco de couro poucos instantes depois de dizer seu endereço. Chegaram ao apartamento dela e ela não acordou, obrigando-o a carregá-la no colo.
A sensação de tê-la nos braços adormecida como uma criança foi indescritível. Pela primeira vez em toda sua vida ele não queria sair do lugar onde estava, não queria se afastar do calor do corpo dela. E nem sequer tinha acontecido nada!
Não queria e nem poderia deixá-la. Assim colocou-a na cama, resistindo ao impulso de trocar suas roupas. Por incrível que parecesse ele estava se importando com o que ela pensaria dele.
Sentou-se na poltrona próxima e ali ficou. Passou a noite observando-a em cada detalhe, cada nuance e decidiu que, não importava o que fosse necessário, queria ter aquela visão para o resto de sua vida.