GÊNESE MUSICAL

No princípio criou Deus o céu e a terra, e a terra era sem graça e vazia, e o silêncio dominava sobre a face das águas. Não havia luz, nada existia de belo além da imensidão das águas tranquilas. Então Deus criou o vento, e as ondas do mar se fizeram levantar trazendo barulho e ritmo, houve luz intermitente - Dia e Noite - houve batidos e uivos pelo ar. E viu Deus que ali havia potencial! Em sua infinita sabedoria, criou harmonia entre o ruido dos ventos e o barulho das ondas quando quebram na praia, fez a pausa e organizou o andamento dos sons numa cadência que cresce e depois diminui quase fazendo um stacato. E viu Deus que aquilo era bom.

Ao som, com cadência e evolução e pausas e movimentos, chamou Deus de MÚSICA, e toda a natureza se criou sob sua harmonia. Em todas as coisas havia um pulso musical e em tudo havia um movimento, um quase convite para bailar. Deus viu que a música estava incompleta e que era possível colocar alguma coisa para que fosse possível chegar ao "grand finally", ao coda, com paixão e razão. Então Deus criou o músico, e deu a ele a sabedoria para encadear os compassos, para criar as nuances perfeitas, para harmonizar os vários sons com todas as marcações rítmicas e fazer uso de tudo o que existe para fazer música. E a sabedoria daquele ser foi tamanha que ele pode usar diversos objetos para criar ritmos, sons em harmonia e, quando não conseguisse, ele inventaria seus próprios aparelhos musicais. E viu Deus que o ser que ele criou era bom e deu-lhe o nome de Humano. O homem.

Deus vinha todo fim de tarde conversar com o homem e ouvir suas composições musicais, deliciar-se com a obra do intelecto e das mãos do homem músico. Numa tarde de puro "brainstorm", o homem compôs uma música numa escala melódica em compasso ADÁGGIO, e percebeu Deus que o homem estava criando a notação rítmica, viu Deus que sua criatura também criava, mas sua capacidade criativa era limitada e sem recursos. Então, em Sua infinita misericórdia e sabedoria, Deus fez cair sobre o músico um pesado sono, sabendo da necessidade do homem de compor para alguém que lhe fosse uma fonte de inspiração, abriu-lhe o flanco esquerdo, retirou dali uma costela e fez, para o homem, uma mulher - uma musa.

Quando o homem despertou do sono, viu ao seu lado uma forma feminina, a amou, e com seus instrumentos musicais, compôs uma balada romântica. Deus viu que sua criação era boa e pôs no coração do homem o desejo de amar sem limites a sua mulher. O homem a chamou MUSA INSPIRADORA e passou a compor as mais belas canções de amor e alegria. Porém, o músico teve como adversário, um ser que quis ser como Deus, quis ter para si todas as canções. Então esse ser se colocou entre o homem e a sua musa e plantou a discórdia. Como fruto dessa discórdia, o homem criou a música de "dor de cotovelos". Desde então é possível ouvir músicas de baixíssima qualidade harmônica e melódica. Deus ouviu "aquilo" e repreendeu severamente ao músico, como castigo por ter dado ouvidos ao inimigo e depois criado uma coisa tão abominável, o homem e sua musa foram expulsos do paraíso. Longe de Deus as composições do homem sofreram altos e baixos dando origem a ritmos "proibidos". Mas, Deus enviou seu Único Filho, o Cristo, para resgatar o músico e prometeu dar um lugar no céu onde essas "coisas" jamais serão tocadas.

Paulo Siuves
Enviado por Paulo Siuves em 21/03/2016
Reeditado em 03/05/2018
Código do texto: T5580514
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.